Ser uma fã de Star Wars é como estar em uma montanha-russa, com subidas e descidas constantes. Sempre gostei muito da franquia, mas me afastei completamente após o Episódio IX – A Ascensão Skywalker, por exemplo. Voltei apenas em O Mandaloriano, maratonando a primeira temporada e passando a acompanhar semanalmente a partir da segunda.
E como estava gostando muito do aparente novo rumo que a franquia estava seguindo, dei uma chance para a série Obi-Wan Kenobi, apenas para novamente me decepcionar bastante. A mais retomada da paixão que sinto pela franquia aconteceu quando joguei Star Wars Jedi: Fallen Order, que segue entregando uma qualidade consistente mesmo após o lançamento de sua sequência, Star Wars Jedi: Survivor.
Ainda não conferi muitas outras séries novas que saíram, e também parei de acompanhar os quadrinhos. E sim, sei que existe muita coisa boa em meio às mais recentes produções. As pessoas mais próximas a mim não cansam de elogiar Andor, por exemplo. E como uma grande fã da série A Guerra dos Clones, estou devendo a mim mesma conferir como ficou o live-action Ahsoka.
Em meio a tantas alegrias e decepções, porém, encontrei-me novamente apaixonada por este universo, ambientado em uma galáxia tão distante com Star Wars Outlaws. Depois de jogar quase quatro horas do game durante um evento de prévia, já estava convencida de que a aventura estrelada por Kay Vess e Nix seria ótima, mas não imaginava que ficaria ainda mais satisfeita com o resultado final.
E agora, após jogar mais de 30 horas de Outlaws, chegou a hora de trazer meu veredicto sobre a nova aventura de Star Wars: uma aventura divertida com reviravoltas instigantes, uma protagonista cheia de carisma com um gameplay cheio de truques; homenagens e referências ao universo da franquia e um mundo aberto com biomas muito bem segmentados. Ah, e o Nix. Ele é um ponto positivo por si só.
Gameplay harmonizado e carismático
O gameplay de mundo aberto de Star Wars Outlaws é muito bem harmonizado – não é exatamente um primor em sua execução, mas funciona bem quando você soma o conjunto de mecânicas. E antes que você se pergunte se (ou afirme que, sem ter jogado) o título é mais um “Ubisoft The Game”, vamos direto ao ponto: na realidade, o jogo subverte algumas características da fórmula e entrega uma experiência muito consistente do que se propõe.
Visto que Kay Vess não possui habilidades com a Força e tampouco sabe utilizar um sabre de luz, muito da jogabilidade se sustenta em missões que exigem furtividade – em especial no início da aventura. Porém, existem sim momentos de tiroteio, por exemplo, que trazem um ritmo equilibrado para o game.
O fofíssimo companheiro da protagonista, Nix, também adiciona uma dose extra de carisma às missões, já que ele complementa Kay Vess com suas habilidades únicas. Ele pode atacar ou distrair inimigos, roubar/furtar, apertar botões ou acionar alavancas que estão fora do alcance, desativar câmeras de segurança, entre outros.
Kay Vess também conta com sua própria árvore de habilidades baseada em Especialistas. Resumidamente, você pode recrutar e/ou se aliar a figuras em todos os cantos da galáxia (de Outlaws, não da franquia como um todo). Esses personagens, por sua vez, vão ensinar novas técnicas à protagonista, e as que já existem vão sendo aprimoradas após cumprir uma série de requisitos.
E, para além do sistema de reputação (que falarei melhor na próxima parte), as mecânicas mais importantes de Outlaws envolvem destrancar baús e portas com o grampo de Kay, que funciona como uma espécie de minigame de ritmo; e o de hackear sistemas por um mecanismo de tentativa de erro com símbolos que devem ser posicionados corretamente – parecido com o jogo Termo.
Informação é poder em Outlaws
A exploração nos planetas e da galáxia é bem condensada: as viagens são objetivas (fugindo de uma visão megalomaníaca na qual demoraria horas para sair de um planeta e chegar no outro), mas ao mesmo tempo permitem sair dos trilhos da história principal em alguns momentos, deixando que o jogador interaja com elementos secundários na órbita, por exemplo.
Em outras palavras, as interações com cenários e personagens são boas de maneira geral, tanto no espaço quanto em terra firme (e pilotar ou engajar em batalhas com a espaçonave Trailblazer rende momentos prazerosos). Dentro do possível, existem muitas atividades para se fazer, incluindo as clássicas missões secundárias – algumas bem interessantes, inclusive.
Todas (as que fiz, pelo menos) não passam a sensação de que foram adicionadas sem muito propósito. Claro, não estou dizendo que missões secundárias que apenas “inflam” o game não existem, pois como disse, não fiz todas. Porém, as que concluí me deram recompensas muito boas, seja uma boa quantia de créditos, equipamentos ou até mesmo informações valiosas.
Informação em Outlaws, inclusive, é um recurso importante. É fazendo uso do que você leu ou ouviu por aí que a sua reputação com os sindicatos do submundo pode melhorar ou piorar. E por tabela, essas relações podem trazer benefícios ou desvantagens, dependendo da região em que você está.
Não existe um sindicato melhor ou pior do que o outro, aliás. Apenas existe aquele com o qual você pode (ou deve) se aliar momentaneamente, para que consiga progredir com a jornada de Kay. As escolhas referentes a esses grupos trazem um peso que outros jogos falharam em executar, e aqui, funciona com excelência.
Estarei nas trincheiras por Kay Vess e Nix
E por falar em Kay, a protagonista me surpreendeu muito ao longo de toda a narrativa. Com muito carisma e jogo de cintura, a fora da lei apenas está tentando ganhar seu pão de cada dia. Isso leva sua aventura a começar de maneira mais simples com pequenos elementos de MacGuffin, mas vai ganhando tração exponencialmente e chega ao ponto de ocupar um papel importante na mitologia de Star Wars – e não estou falando apenas de visitar Tatooine.
Não vou entrar em detalhes para não estragar sua experiência, óbvio. Mas posso afirmar que Kay Vess é bem desenvolvida e a narrativa guarda reviravoltas instigantes. As relações da protagonista, seja com aliados ou figuras antagônicas, também são boas. E, ainda nesse espectro, um detalhe que faz toda a diferença: você pode fazer carinho em Nix sempre que quiser e praticamente em qualquer outro bicho ao estilo “pet” que encontrar.
Como está a otimização de Star Wars Outlaws?
A franquia Star Wars é muito conhecida por suas composições épicas e em Outlaws não foi diferente: a trilha sonora do game é memorável, dentro dos padrões do que se espera de um produto da marca. Também achei os gráficos ótimos, visto que joguei no PC com a configuração visual no alto inicialmente.
Claro que senti as configurações no alto exigindo muito do PC, então preferi baixar para as especificações recomendadas pela Massive Entertainment. Felizmente, após a mudança, o desempenho continuou consistente.
Por outro lado, não posso dizer o mesmo dos bugs. Me deparei com alguns ao longo da jornada, incluindo um que fez com o que jogo travasse completamente quando tentei carregar um save de forma manual. Felizmente não perdi o progresso.
Muitos desses erros já foram reconhecidos pelo estúdio, pois um patch de otimização foi instalado durante o período de review, por exemplo (e acredito que no dia e no período pós-lançamento, haverá mais atualizações).
Além dos bugs, outra reclamação que preciso registrar é a navegação dos objetivos. Não foram poucas as vezes em que me senti completamente perdida, mesmo seguindo diretamente para o objetivo principal. O mais grave é que o local onde Kay deve chegar fica destacado em amarelo, mas mesmo assim, continua confuso.
Isso é verdadeiramente triste, pois o estúdio Respawn Entertainment também não conseguiu acertar com os mapas de Jedi: Fallen Order e Jedi: Survivor, o que por vezes também dificultava a navegação.
Uma verdadeira aventura Star Wars
Mesmo com uma navegação que me deixou na mão várias vezes, Outlaws não me tirou em nenhum momento de imersão incrível de me sentir parte do universo de Star Wars. O clima de aventura, a graciosidade de Kay e Nix, e a maneira como o jogo se encaixa em toda a cronologia me deixaram com um sorriso de ponta a ponta.
Não é um jogo perfeito, pois como mencionei lá em cima, a execução de diversos elementos deixa a desejar, mas o conjunto de mecânicas e a exploração e interação com o universo fazem o jogo funcionar. Dito isto, para quem procura uma aventura especial no universo de Star Wars, que vai além de Jedi e Sith, Outlaws é a melhor pedida.
Star Wars Outlaws foi jogado no PC (via Ubisoft Connect) por meio de uma cópia antecipada cedida pela Ubisoft. Totalmente localizado em português brasileiro, o game será lançado em 30 de agosto para PC, Xbox Series X|S e PlayStation 5.
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