Entre os ilustres convidados internacionais que compareceram ao Brasil Game Show 2024, estava Ikumi Nakamura, diretora criativa, artista e designer de jogos com passagens por estúdios renomados como Clover Studios, PlatinumGames e Tango Gameworks. Há três anos, ela fundou seu próprio estúdio independente, o Unseen, e veio para o país com o objetivo de conhecer um dos maiores eventos de videogames da América Latina.
Em entrevista ao Game Arena, ela afirmou que se sentiu muito bem-vinda no Brasil e revelou que não se tem muitas notícias sobre a BGS no Japão, então ela queria vir para conhecer e ver como é. “Nessa primeira vez, estou vindo só para conhecer mesmo, ver como funciona, como é o evento. Mas se eu tiver a oportunidade de vir de novo, gostaria muito de ter mais contato, conversar mais com os desenvolvimentos do Brasil também”, afirma Nakamura-san.
Em relação ao Unseen, questionei como estão indo as coisas com o estúdio e o que ela poderia contar sobre seu primeiro grande projeto, Kemuri.
“Uma coisa que eu sinto que está indo muito bem é o ponto de multiculturalismo que nós temos, sem fronteiras. Temos pessoas trabalhando de vários lugares do mundo. Sobre o Kemuri, basicamente a gente começou o desenvolvimento do jogo com várias pessoas, de vários backgrounds diferentes, com suas opiniões e tudo. Então é uma bagunça, mas a gente está se divertindo. É uma bagunça boa.”
Ikumi Nakamura enxerga seus funcionários como filhos
Aproveitando o embalo, quis saber sobre o desafio de fundar e cuidar do Unseen, logo depois de ela ter sido mãe. A percepção dela sobre desenvolvimento de games mudou depois do nascimento da filha, e também depois do lançamento do estúdio? Segundo Nakamura, “não mudou muita coisa não, praticamente nada”.
“Tem muita coisa que eu aprendo com a minha filha e tudo, mas a percepção do trabalho não mudou nada até aqui”, afirmou. Ela também compartilhou que escutou várias pessoas em volta dela falando que quando sua filha nascesse, tudo mudaria, mas pra ela não mudou nada.
“Uma coisa que eu acho que talvez mudou foi que depois de ter a minha filha de verdade, agora tenho meus funcionários, uma empresa com 50 pessoas, e olho todo mundo como se fossem meus filhos”, ela brinca. “Isso é uma coisa que eu sinto que mudou.”
Minha pergunta à Nakamura-san sobre o Unssen, e se ela sentiu que algo mudou também tem a ver com o fato de que sinto falta de narrativas nos jogos que são mais voltadas para maternidade. A gente tem muitos jogos com histórias envolvendo paternidade — de filho e pai, especificamente. Mas com a mãe a gente já não tem tanta oportunidade de ver uma relação amadurecer tanto.
Após relatar isso para Nakamura-san, perguntei o que achava sobre, e se, no Unseen, de repente a gente poderia ver algo assim futuramente. Ela respondeu basicamente que nunca tinha pensado muito nisso, mas que normalmente existem muitas narrativas com pais e filhos e filhas porque a maioria dos desenvolvedores atualmente são pais.
Sobre o Unseen e se podemos esperar mais narrativas maternais no futuro, Nakamura-san disse que não tinha certeza sobre isso, especialmente porque considera que sua personalidade meio que parece mais com a de um homem (provavelmente pelo convívio com vários profissionais do sexo masculino por tantos anos, mas aqui divago).
Ainda assim, ela compartilhou que em Kemuri existe uma personagem forte e que é uma mãe. Obviamente, Nakamura-san não entrou em detalhes e tampouco revelou o nome dessa boneca, mas disse que existem situações que estão relacionadas à sua filha.
Tem “muita gente bem artística no Brasil”, diz Nakamura-san
Uma vez em terras brasileiras, Nakamura-san revelou que nunca teve contato com jogos brasileiros, mas disse que quando estava andando pela BGS, até se assustou, pois não sabia que existiam tantos jogos desenvolvidos por pessoas do Brasil. Além disso, afirmou que quando tivesse um tempo, gostaria de testá-los no evento.
“Vindo para a BGS, sinto que tem muita gente bem artística no Brasil. Penso que poderia haver mais empresas grandes de jogos investindo no país — algo que gostaria de ver no futuro. Na minha visão, existem muitos brasileiros que provavelmente se dariam muito bem nessa indústria. Então, quero ver mais empresas vindo para o país, e ver [as empresas brasileiras de games] expandindo para fora do Brasil também.”
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