Starfield não é digno de estar na mesma prateleira de Skyrim
Recentemente, saíram vários comentários da equipe da Bethesda sobre como Starfield poderia ter o mesmo impacto de Skyrim na comunidade, podendo perdurar durante anos com um grupo de modders engajados e jogadores que continuem apaixonados pelo título. Contudo, vendo a reação geral, parece que não é bem assim.
As recepções mornas ao próprio jogo, e também a expansão Shattered Space, mostram que Starfield não terá o mesmo brilho que Skyrim teve quando lançou. Não podemos esquecer que o quinto The Elder Scrolls foi o GOTY de 2011 e um dos títulos mais celebrados da última década, um contraste enorme quanto ao RPG espacial da Bethesda.
Comparando com Starfield, o jogo não tem o que é preciso para suprir o legado de Skyrim. Contudo, a resposta para quem poderia receber suceder Skyrim como o queridinho dos modders, que irá durar por décadas, está na mãos da Larian Studios com Baldur’s Gate 3.
O real dono da coroa
Por mais que a Bethesda queira vender esse sentimento de que Starfield está no caminho de ter o mesmo sucesso que Skyrim, e acreditam que o título vá durar décadas, é bem provável que ele realmente tenha esse efeito, somente na base de fãs apaixonados pelo trabalho da empresa.
Usando como comparação em base de números, fomos até o SteamDB para monitorar como Starfield está indo em comparação com os outros dois títulos citados no texto. O RPG especial estava com sólidos 13,992 usuários ativos na plataforma, enquanto The Elder Scrolls V: Skyrim Special Edition, conta com 20,980. Baldur’s Gate 3? 74,245.
Muitos vão dizer que isso pode acontecer com Baldur’s Gate 3 devido ao lançamento do patch 7 e a adição de um modificador oficial para o título, e eu concordo. O negócio é que Starfield acabou de receber uma expansão completa na última segunda-feira (30).
Se abrirmos a página da Steam da expansão, até mesmo alguns dos comentários positivos, vem com críticas quanto ao conteúdo adicional. Seja pela história, a falta de correção de erros, até mesmo o tamanho da aventura, que é bem curta para uma DLC de R$ 129.
Infelizmente, nem mesmo o carisma bizarro de Todd Howard consegue segurar esse jogo. É complicado ver que a Bethesda está tão imersa no próprio ego de ter lançado dois clássicos seguidos (Fallout 3 e Skyrim), que ela não percebe que Fallout 3 tem 16 anos, e Skyrim tem 13.
Fallout 4 é divertido, não me leve a mal, mas não tem o mesmo brilho do antecessor e também de Skyrim. E o mais complicado, é que não dá para saber se o problema é a direção de Todd Howard, os desenvolvedores da Bethesda, ou a “escolha artística” do estúdio que já está defasada. Algo não encaixa mais.
Starfield infelizmente não tem o mesmo impacto, carisma e apreço da comunidade que Skyrim teve. Por mais que tenha muitos mods, e realmente, alguns são incríveis, muitos dos que esbarrei no site Nexus Mods, são de melhorias e correções para o título. Existem alguns mods cosméticos, mas basta abrir a aba dos mais baixados, as 3 primeiras páginas são sobre melhorias de qualidade de vida.
Se formos comparar com a página de download dos mods de Baldur’s Gate 3, existem alguns mods em questão de melhoria — O ImprovedUI é excelente, inclusive! — de qualidade de vida, enquanto outros são cosméticos, ou adicionam mais coisas para o título, como novas raças, cabelos, e liberar o nível dos personagens até o 20.
O que quero provar com isso? É simples. Quando boa parte da sua comunidade precisa focar em consertar o seu jogo para você, mostra o quão complicada estão as coisas. A base de jogadores que consome os títulos da Bethesda é apaixonada, mas creio que só dá para cravar que Starfield chegará perto do impacto de qualquer outro RPG, é necessário tempo.
É só o começo para Baldur’s Gate 3
Com a ferramenta de mods oficial tendo sido oferecida pela Larian Studios, alguns usuários conseguiram algo que mudará o patamar dos mods para Baldur’s Gate 3. Mexendo na ferramenta, foi descoberto como desbloquear a ferramenta e conseguir usar para criar mapas e outras coisas.
Aqui, um teste simples de um usuário criando um castelo na beira do mar já mostra boa parte do que a comunidade é capaz de fazer com a ferramenta. Até mesmo uma espécie de “mini-DLC” está sendo feita, com o foco em Avernus, que boa parte do conteúdo do inferno de Dungeons & Dragons foi cortado da versão final.
Com a ferramenta desbloqueada pela comunidade, os criadores de mods podem criar missões, o céu é o limite para qualquer criador que quiser mergulhar na ferramenta para trazer novas aventuras e novos conteúdos.
Ainda é cedo para quantificar o quão importante é essa ferramenta ter sido desbloqueada para os modders. Talvez só tenhamos uma real dimensão mais para frente, quando novas áreas forem adicionadas para download, ou até mesmo novas missões e campanhas criadas pela própria comunidade.
Se a Wizards of the Coast for esperta, até mesmo ficaria de olho para dar uma ajuda extra para alguns desses criadores. As possibilidades são enormes para os próximos anos de Baldur’s Gate 3. E devo dizer que olhando para a forma como a comunidade ter se debruçado em cima do título para criar conteúdo adicional, não tem como não comparar com a empolgação que Skyrim teve na época.
Perdurando através dos anos
Não dá para dizer o quanto Starfield vai durar. Pode ser que o jogo continue recebendo atenção da comunidade até o lançamento de The Elder Scrolls 6 ou alguma remasterização de Fallout que esteja na manga da Bethesda. Contudo, vendo o retrospecto de Baldur’s Gate 3, a gente consegue cravar que daqui alguns anos, ainda veremos mods saindo para o RPG da Larian Studios.
Jogo Baldur’s Gate 3 desde o acesso antecipado, quando comprei em 2020. E desde aquela época, a comunidade já fervilhava com mods, adicionando novas raças, desbloqueando classes que estavam nos arquivos do jogo, tudo o que você pode imaginar. A tendência é aumentar com uma ferramenta oficial vinda da própria Larian Studios, além desse desbloqueio da ferramenta que trará muita coisa inédita em questão de conteúdo massivo.
Quando paramos para analisar em retrospecto, Baldur’s Gate 3 foi o jogo do ano, o trabalho apaixonado de uma equipe trabalhando com uma propriedade intelectual querida por eles, e que resultou em um dos maiores — e melhores — RPGs modernos. Muito parecido com o que aconteceu com Skyrim.
A reação da comunidade, e também do impacto do jogo fora da bolha de RPG, mostra o quanto Baldur’s Gate 3 continuará perdurando ao longo dos anos. A franquia não é de longe desconhecida, mas o surto de popularidade que ela recebeu com o título, até mesmo se a assemelha ao que aconteceu com Skyrim.
Quando a Bethesda fala que Starfield irá perdurar por anos, vai ser um sucesso tão longo quanto Skyrim, não dá para acreditar. Talvez com o empenho da empresa para manter o jogo vivo, isso talvez aconteça. Contudo, olhando para a lógica, vendo o engajamento, a comunidade, e até mesmo a base ativa de jogadores, a história parece diferente.
Enquanto isso, um jogo que não prometeu nada além de entregar uma boa aventura, sintetiza exatamente tudo o que os RPGs de fantasia de outrora eram. Baldur’s Gate 3 não é só um “sucessor espiritual” de Skyrim, mas também é uma prova de que desenvolvedores apaixonados por RPGs de fantasia, de turno, densos e cheios de diálogo, ainda existem e estão indo muito bem.
E isso não dá para disfarçar com lançamentos mornos e entrevistas querendo criar esse conceito de que o “Starfield vai durar 12 anos” ou qualquer coisa do tipo. Ele pode até durar, mas por insistência da Bethesda.
Já Baldur’s Gate 3? É pelo amor da comunidade.
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