Primeiro protagonismo da princesa faz de Zelda Echoes of Wisdom um jogo quase perfeito
O mundo dos games foi pego de surpresa quando a Nintendo anunciou The Legend of Zelda Echoes of Wisdom, que tem a princesa que empresta seu nome ao título do jogo como protagonista.
Muitos se viram descrentes sobre o sucesso do game, enquanto outros finalmente tiveram seus pedidos de longa data atendidos pela Big N.
Agora, depois de 26 horas no controle da princesa, chegou o momento de trazer meu veredito para The Legend of Zelda Echoes of Wisdom.
A união ideal de passado e presente
Zelda Echoes of Wisdom é uma mistura muito bem feita entre os quebra-cabeças modernos de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom com o estilo tradicional de masmorras que a franquia tanto soube usar ao longo das décadas com os jogos mais clássicos.
E a primeira aventura oficialmente com Zelda no comando do barco trouxe um sopro de novidade que é muito bem-vindo aos jogadores que ficaram “cansados” das aventuras de escala épica que os games mais recentes da franquia impuseram aos fãs.
Sem a experiência e a vitalidade de Link para batalhas, Zelda ganha, logo cedo na aventura, acesso a um cetro especial que a permite armazenar e criar cópias de itens e inimigos que encotra por Hyrule.
Isso cria uma variedade e liberdade que jamais tivemos com Link para a resolução de quebra-cabeças e até para superar os adversários que se apresentam no caminho de Zelda.
A mecânica em si é muito simples, mas saber dominá-la é algo que requer uma certa adaptação, mas que muito rapidamente se torna quase que institiva para o jogador. Pelo menos foi o que senti ao longo da aventura de Zelda Echoes of Wisdom.
Ecos do passado que podem mexer no futuro
O sistema de combate e travessia de Zelda Echoes of Wisdom, conforme já falei anteriormente, gira em torno das cópias, ou ecos, de inimigos e itens que a princesa encontra pelo caminho. Isso faz com que praticamente tudo que existe em Hyrule passe a ser útil de alguma forma.
De cara, temos que aprender a lidar com uma limitação muito curta na quantidade de ecos que podemos criar por vez, mas conforme as restrições vão afrouxando, as estratégias se tornam muito mais livres, e não existe resposta errada para a pergunta de como avançar.
Eu gostei bastante dessa mecânica, e gostaria de vê-la novamente implementada em jogos futuros da franquia, principalmente no próximo título que vier na linha de BOTW e TOTK.
Muitas plataformas e masmorras da melhor qualidade
O gameplay de Zelda Echoes of Wisdom usa o sistema de ecos para ajudar a princesa a navegar por Hyrule como nunca antes visto. É muito divertido encontrar soluções criativas para cada cenário, e engraçado demais ver que uma cama e uma mesinha podem ser a chave para atravessar porções de lava ou até mesmo tirar um cochilo no meio de uma batalha contra um chefão para recuperar vida.
As sete masmorras maiores encontradas em Echoes of Wisdom evocam o sentimento de se estar jogando os primeiros games da série, com vários andares, chaves pequenas para baús menores e uma principal obtida ao derrotar o chefão para abrir o baú principal do lugar.
Só que o feeling clássico ganha novas cores com a mecânica de ecos, e você precisa usar o cetro para resolver quebra-cabeças que antes exigiam que os mesmos itens fossem encontrados pela masmorra. E não pense que o desafio é moleza, pois alguns dos puzzles são simplesmente alguns dos mais inteligentes que já vi em um jogo de Zelda.
Exploração no estilo de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom
Além das masmorras clássicas, Zelda Echoes of Wisdom “pega emprestado” o nível de exploração de BOTW e TOTK. Com missões secundárias que vão das mais simples até outras mais complexas, ganhamos acesso a novas áreas, itens e até mesmo alguns ecos bastante úteis na jornada.
O mapa interativo também é um recurso que Zelda Echoes of Wisdom repete, com direito às porções “acinzentadas” que vão se revelando conforme as conhecemos, algo que aguça ainda mais o senso de exploração do jogador. E você vai querer esmiuçar os quatro cantos de Hyrule para conseguir encontrar todas as surpresas escondidas.
Incluindo trajes alternativos para Zelda, que podem ser encontrados e obtidos através de muita exploração e da conclusão de algumas missões secundárias. Essas novas roupas podem até mesmo aplicar buffs nos atributos da princesa, e o uso de outros acessórios trazem modificações ainda mais significativas, como pular mais alto ou prender a respiração por mais tempo debaixo d’água
A Lenda de Zeldinha
Antes de falar do que não gostei, tenho que exaltar o trabalho da Nintendo em localização para português do Brasil, finalmente trazendo Zelda para a nossa língua. A tradução, inclusive, é das melhores que temos no mercado atualmente, e me arrancou boas risadas com os temos usados para alguns itens e inimigos.
Já batemos muito na Big N pela demora em trazer jogos em português do Brasil, mas, aos poucos, ela vem se redimindo, e o que temos em A Lenda de Zelda Ecos de Sabedoria é um excelente sinal do que está por vir pela frente.
Uma história que pouco (importa) contribui para a franquia
Apesar do momento histórico que Echoes of Wisdom representa, a trama apresentada no game não adiciona muitos elementos à lore construída por jogos anteriores da franquia. Uma força do mal abre fendas em Hyrule que sugam os moradores locais, incluindo Link e o pai de Zelda, os transformando em estátuas dentro de uma dimensão conhecida como Mundo Inerte.
Vendo suas pessoas mais queridas consumidas pelo Mundo Inerte e até mesmo acusada de ter sido a responsável pela aparição das fendas, Zelda foge do castelo de Hyrule e precisa encontrar uma forma de resgatar quem foi absorvido e limpar seu nome perante o reino.
Só que o que poderia ter sido uma baita história, acabou sendo muito pouco focada em aprofundar o papel da princesa ou até mesmo do universo como um todo na linha temporal que começou em 1986 com o lendário Shigeru Miyamoto (sua ausência dos créditos do game, algo inédito na franquia, pode ajudar a explicar a falha de Zelda Echoes of Wisdom).
Muitos problemas de performance
Não posso terminar meu review de Zelda Echoes of Wisdom sem mencionar as constantes quedas de taxas de quadro (FPS) que o game apresenta. Não foram poucas as vezes em que o jogo “engasgou” e parecia dar leves travadinhas no que acontecia em tela.
Apesar de não ter sido algo que tenha destruído completamente minha experiência, certamente acabou me tirando da imersão de controlar Zelda em Hyrule pela primeira vez.
Conclusão e nota de The Legend of Zelda Echoes of Wisdom
The Legend of Zelda Echoes of Wisdom é uma ótima primeira aventura protagonizada pela princesa do reino de Hyrule. O sistema de ecos trouxe um novo nível de combate e resolução de quebra-cabeças, mas não ajudou a construir uma história que fique entre as melhores da franquia.
A exploração de Hyrule também é um ponto que merece muitos elogios, principalmente por sempre esconder uma surpresa ao final de um caminho, mas os problemas de quedas de FPS foram pequenos quebra-molas para a diversão.
The Legend of Zelda Echoes of Wisdom foi analisado com uma cópia cedida pela Nintendo.
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