A Bloober Team transbordou amor pela franquia no remake de Silent Hill 2
Quando a Konami anunciou o remake de Silent Hill 2, um dos mais aclamados da franquia, os fãs rapidamente ficaram em polvorosa, mesmo com uma certa desconfiança pelo projeto ter sido confiado à Bloober Team, que ainda não havia se provado um estúdio de sucesso até o momento.
Só que o estúdio Bloober Team tem uma clara admiração por Silent Hill: seus jogos possuem muitas referências a tudo que a franquia da Konami já fez, e isso acabou transbordando no remake de Silent Hill 2, que fez muito mais do que simplesmente relançar um clássico em novas plataformas.
Agora, com pouco mais de 17 horas de gameplay, chegou o momento de trazer o meu veredito para Silent Hill 2.
Uma carta de amor ao original, mas com excelentes liberdades criativas
O remake de Silent Hill 2 confirma duas coisas sobre a Bloober Team: o estúdio é formado por grandes fãs da franquia e por pessoas que jogaram e gostaram das novas versões de Resident Evil 2 e Resident Evil 3.
Todo o trabalho feito neste remake exala carinho e dedicação, com visuais muito bonitos para uma cidade de Silent Hill que nunca esteve tão próxima do real. Como um leitor ávido de Stephen King, me senti em uma das histórias assombradas do autor norte-americano, com medo de dar o próximo passo em direção à famosa neblina que cobre a cidade.
Para melhorar a experiência, a decisão da Bloober Team em deixar a câmera fixa de lado para adotar o estilo over the shoulder que se consagrou com Resident Evil 4, e que também trouxe outros jogos da série para os videogames atuais, se provou muito acertada, pois, como o próprio estúdio diz, aproximou os jogadores daquilo que o protagonista James Sunderland faz.
O dinamismo de uma movimentação mais livre para James não é exagerado, e ainda temos uma sensação de “andar na areia“, com o personagem andando e correndo dentro de um certo limite de velocidade, tornando um simples caminhar pelas ruas de Silent Hill um perigo em potencial.
Ao mesmo tempo, a proximidade dos jogadores às ações de James só ajuda a exibir o amor da Bloober Team por Silent Hill 2. Os cenários são meticulosamente recriados, com direito a algumas liberdades criativas na hora de expandir algumas salas ou remodelar completamente outras.
Isso cria uma exploração que irá surpreender quem jogou o original, e também proporcionará um deleite para aqueles que estão viajando por Silent Hill pela primeira vez. O trabalho da Bloober Team é realmente uma carta de amor ao que foi feito em 2001, usando os recursos modernos.
Outro ponto que só o lançamento para PlayStation 5 e PCs atuais poderia proporcionar é um sistema climático impressionante. Além da já conhecida neblina, Silent Hill também é açoitada por tempestades e até mesmo raros trechos ensolarados, mas sempre ajudando a ratificar o clima de desespero e abandono que tomou conta da cidade.
O outro lado é ainda mais assustador
E o buraco fica ainda mais embaixo quando James é transportado para o outro lado de Silent Hill. Toda a estética enferrujada que a cidade passa a exibir cria uma ambientação realmente infernal para os jogadores, e a sensação que fica enquanto exploramos é de um incômodo inexplicável em palavras. Só sentindo para se ter a real noção do impacto.
Mesmo a transição entre a Silent Hill “normal” e o lado ainda mais sombrio da cidade ganhou melhorias muito interessantes. Enquanto o jogo original fazia isso de maneiras mais simples, por conta das limitações da época; o remake não se limita para mostrar mudanças de arquitetura e até mesmo dos inimigos que James encontra em ambos os ambientes.
Um combate renovado, mas ainda fiel
Um ponto que sempre foi alvo de críticas e elogios no Silent Hill 2 original é seu combate. Muitos acham que é travado demais, enquanto outros encaram isso como uma retratação realista de como um cidadão comum se comportaria em uma situação extremamente fora do padrão, como é o caso de James.
Ainda que o Silent Hill 2 Remake traga, sim, algumas melhorias e atualizações, James ainda é só um “homem normal”, sem aptidões físicas extraordinárias, e que nem sempre vai escolher o confronto direto contra os inimigos como sua primeira opção. Isso se reflete de maneira fiel no game, e você com certeza irá pensar duas vezes antes de encarar uma das pavorosas criaturas que a cidade joga em seu caminho.
Conclusão e nota de Silent Hill 2 Remake
Esmagando qualquer desconfiança que havia sobre a Bloober Team, Silent Hill 2 Remake é uma recriação absolutamente perfeita de um dos clássicos do horror. Fiel onde precisa ser e ousado em outros momentos, o trabalho do estúdio é um padrão que deve ser seguido por outros projetos que buscam trazer jogos antigos para a atualidade.
Silent Hill 2 foi jogado no PlayStation 5 por meio de uma cópia antecipada cedida pela Konami. O jogo também está disponível para PC.
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