Delicado, sensível, afetuoso, impactante, lindo. Adjetivos para descrever Neva, o mais novo jogo do Nomada Studio (o mesmo de Gris), não me faltam. Visualmente estonteante, o game traz duas personagens centrais que precisam aprender a trabalhar juntas e a dominar seus medos e angústias, se quiserem salvar a natureza e os animais das forças das trevas.
A relação entre Alba e a loba Neva é o pilar central do jogo, e é impossível não falar de uma sem mencionar a outra. Assim como em Gris, não existem diálogos que expressam abertamente o que está acontecendo no mundo onde as duas vivem, mas entendemos logo cedo que as forças das trevas estão amaldiçoando e dominando tudo e todos.
Por isso, a atenção aos detalhes se faz tão importante em Neva. Dividido em quatro partes (capítulos representados por estações do ano), você percebe como as forças das trevas estão afetando absolutamente quando, no verão, por exemplo, a filhote de lobo consegue beber água de várias poças de água diferentes, mas na estação seguinte, é impossibilitada disso porque a água foi contaminada.
As consequências da expansão das forças das trevas também são mostradas de outras formas ao longo dos capítulos seguintes — uma situação mais devastadora do que a outra. E embora o que causa, ou de onde vem esse poder sombrio, nunca seja revelado, fica a cargo do jogador tirar suas próprias conclusões a respeito (algo que gosto, particularmente).
Em termos de jogabilidade, Neva é simples: você controla apenas Alba e interage com a loba em diversos momentos. Além de combos simples com sua espada, a protagonista jogável consegue correr, rolar no chão para desviar de ataques e objetos, realizar um impulso no ar para alcançar lugares distantes, e até mesmo executar um pulo duplo logo no início de sua jornada, tirando do caminho os conceitos clássicos de jogos de plataforma e aventura em que o/a protagonista precisa dominar novas habilidades para superar desafios e obstáculos.
Não. Em Neva, o “obstáculo” de Alba é aprender a conviver com a loba que cresce a cada estação, e encontrar uma solução para salvar a fauna e a flora (isto é, seu lar), das forças das trevas. Claro que, conforme o progresso do jogo, a loba titular amadurece junto de sua parceira humana, quanto mais forte a relação entre elas se torna, mais forte é a sua presença diante das ameaças.
Subjetivamente, a protagonista também enfrenta suas angústias e os fantasmas de seus passado de maneira bastante emblemática, em um momento que me atingiu muito, emocionalmente falando. E existe até mesmo um momento repleto de reflexões que, do ponto de vista de game design, foi uma experiência incrível.
Conclusão e nota para Neva
Dito isto, é possível categorizar Neva como um jogo divertido e com mais desafios — em termos de combate — do que Gris, mas tão emocional, subjetivo e impactante quanto seu antecessor. Se em Gris o tema girava em torno do luto e suas fases e como a protagonista aprende a lidar com isso; em Neva, o ciclo da vida e a essência da natureza entram em voga para nos lembrar que tudo é passageiro, e que cabe a nós compreender como seguir em frente.
Tirando uma questão do final que não posso falar por enquanto, talvez minha única reclamação seja a duração do game, de fato. A história leva em torno de 6 horas para ser concluída e completar todas as conquistas é fácil, o que acrescenta uma média de 2 horas na experiência completa. E eu ainda não sei se existe um final extra ou uma cena alternativa pós-créditos como foi feito em Gris, mas pretendo descobrir.
Neva não é um jogo para todos, definitivamente. É aquele tipo de jogo-arte que encanta, sim, mas passa longe dos padrões de gamers sedentos por ação frenética e desafio altíssimo. Contudo, se você decidir se aventurar nessa emocionante aventura, tenho certeza que ficará marcado para sempre.
Neva foi analisado no PC (via Steam) por meio de uma cópia antecipada cedida pela Devolver Digital. O game está disponível a partir de hoje, 15 de outubro, também para Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
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