Dois minutos. Esse foi o tempo necessário para que eu começasse a chorar jogando Neva durante um evento voltado para imprensa e convidados na Catalunha, Barcelona, à convite do Nomada Studios e da Devolver Digital.
Logo em sua belíssima cinemática de abertura — a mesma do trailer de revelação —, Neva apresenta o essencial ao jogador: uma história sobre ciclos. Indo além da vida e da morte, a temática também é representada na passagem dos capítulos, que refletem as estações do ano, e também no crescimento da companheira lupina de Alba.
A história é centrada em Alba e Neva e em como o relacionamento delas evoluirá à medida que aprendem a trabalhar juntas, ajudando-se mutuamente a enfrentar situações cada vez mais perigosas. Tudo isso enquanto as forças das trevas estão amaldiçoando e dominando seu mundo aos poucos, fazendo com que a natureza, a fauna e a flora estejam em sério perigo. Por isso, cabe a Alba e Neva sobreviverem para construírem um novo lar, juntas.
Durante o evento, tive a oportunidade de jogar o primeiro capítulo inteiro de Neva, o que levou cerca de 45 minutos. E também espiei alguns colegas jornalistas jogando o segundo capítulo (pois eles já tinham testado o game durante o Summer Game Fest).
Embora pareça que o tempo de gameplay foi bastante curto, para mim, marcou no coração o bastante para se tornar uma memória preciosa, daquelas que a gente nunca esquece. Isso porque o Nomada Studio mais uma vez se sobressai com um game que é arte em sua mais pura essência.
Com design assinado novamente pelo renomado artista Conrad Roset, o jogo traz cenários incrivelmente coloridos, detalhados e sensíveis. Todas as paisagens que contemplei enquanto aprendia os comandos de Alba e seguia ao lado da (ainda) acanhada loba Neva pareciam obras de arte — as quais eu alegremente poderia emoldurar por toda a minha casa.
Conrad, inclusive, confessou em entrevista durante o evento que suas inspirações artísticas residem em tudo: pintura, arquitetura, paisagem, música, etc. Mas para Neva, suas principais referências foram os trabalhos de Fumito Ueda: Ico, Shadow of the Colossus e The Last Guardian.
E realmente, dá pra sentir um pouco de inspiração de cada um dos trabalhos do Ueda em Neva: não apenas na abordagem entre duas figuras principais e como a relação delas evolui ao longo da aventura, mas principalmente em como isso cativa o jogador. Eu sou prova disso.
A jogabilidade, por sua vez, trabalha com o “menos é mais”, o que está longe de ser algo ruim. Alba pode correr e saltar (e tem pulo duplo desde o início, ainda bem!), rolar para desviar de obstáculos ou ataques, arrancar no ar para alcançar superfícies distantes e, claro, atacar com sua espada, desferindo sequências se o jogador pressionar o botão repetidas vezes.
Mas, enquanto percorria os bosques e saltava entre galhos e rochedos de clareiras durante o verão, o verdadeiro desafio que encontrei foi manter os olhos em Neva. No primeiro capítulo, como ainda é uma filhote, a loba que acompanha Alba ainda está aprendendo a se virar.
Neva consegue correr sozinha, claro, mas sua atenção é facilmente fisgada — como a de qualquer outro animal doméstico — quando ela encontra uma poça de água para matar a sede, ou ainda, diversas borboletas para seguir e brincar.
A jogabilidade fornece ao jogador um botão exclusivo para chamar por Neva, então você vai conseguir mantê-la por perto na maior parte do tempo. Mas ainda assim, em determinados momentos, a lobinha também enfrenta seus próprios desafios, tais como aprender a saltar para chegar a locais distantes e também a lutar para se defender — ou apenas sobreviver.
Do que espiei do segundo capítulo de Neva, temos a loba em sua fase adolescente e, portanto, comportando-se de maneira mais rebelde e tentando ser mais independente. Me pareceu um verdadeiro teste para Alba. Em contrapartida, o mundo em que elas vivem parece ainda mais dominado pelas forças obscuras, o que me leva a acreditar que tudo chegará a um estado crítico nas estações seguintes.
Vale mencionar ainda que existem quebra-cabeças para resolver, sendo o objetivo (em sua grande maioria) fazer com que Neva possa continuar acompanhando Alba e vice-versa; e muitas plataformas para se segurar, saltar ou deslizar. Ah, e claro: é possível fazer carinho na loba à vontade, especialmente quando ela é uma filhote.
E assim como Gris possuía as esferas de luz (que levavam a um final extra se todas fossem coletadas), o “item secreto” dessa vez é uma flor alta e rosa, que brilha quando é encontrada. Dito isto, suspeito que novamente teremos mais de um desfecho para o novo jogo do Nomada Studio.
Ainda falando em Gris, o trio Berlinist retorna para a trilha sonora de Neva também, desta vez trazendo composições com um pé a mais no épico (o que faz sentido, já que o novo jogo tem mais ação), mas sem deixar de lado a sensibilidade e o tom intimista de suas faixas.
Neva é ainda financiado pela União Europeia e pelo Ministério da Cultura e Esporte do Governo da Espanha, que quer ajudar “na promoção do setor de videogame, podcast e outras formas de criação digital, como parte do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência”; o que torna tudo ainda mais incrível sobre este jogo.
Eu mal posso esperar para jogar e chorar muito (pelo visto) com Neva por completo quando o jogo for lançado em 15 de outubro para PC (via Steam), Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
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