Quando nossa editora-chefe da Game Arena me passou a tarefa de produzir o review de Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club, confesso que tive um preconceito. Pensei: “ok, mais uma visual novel com cenas passando e uma história sendo contada”. Torci que, pelo menos, eu conseguisse ficar entretido com ela.
Muito do meu preconceito veio de péssimas experiências que tive com outros visual novels, a exemplo de alguns Otome Games que tentei jogar após aquisições em promoções da Steam e Nintendo eShop. A maioria nunca finalizei por ficar entediado em poucas horas.
Não é o caso de Emio – The Smiling Man. O game possui uma história envolvente de investigação policial com reviravoltas incríveis e mistérios que realmente prendem o jogador por horas e horas.
Mas de início, uma dica que eu dou para qualquer um que queira explorar o game. Faça isso aos poucos. O game oferece uma narrativa contada em 12 capítulos (13 se contar o epílogo). É como uma série de TV, com muitas informações e acontecimentos a cada capítulo.
O próprio game oferece uma recapitulação dos acontecimentos ao jogador quando ele fecha o game e retorna para uma nova partida, praticamente um “Anteriormente, em Emio – The Smiling Man…”. Algo divertido que ajuda bastante a entender os acontecimentos.
Por diversas vezes, eu mesmo tive a iniciativa de fechar o jogo, reiniciar apenas para acompanhar a recapitulação dos acontecimentos. Uma experiência bastante interessante onde vale a pena experimentar de uma maneira lenta, em “conta-gotas”.
Por fim, quero deixar claro que não joguei os jogos anteriores da série Famicom Detective Club: The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind. Por isso, analiso Emio – The Smiling Man sem fazer comparações com os outros dois títulos disponíveis atualmente no Nintendo Switch.
Uma história envolvente e incrível
Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club tem como tema central uma história de mistério e suspense, onde uma lenda urbana da cidade de Koufuku adormecida há 18 anos retorna com força total.
O corpo de um jovem com um saco de papel na cabeça é descoberto, simulando o “modus operandi” de um assassino em série conhecido no passado como Emio, o Homem Sorridente (The Smiling Man do título). Com isso, uma nova investigação é iniciada, na tentativa de encontrar o assassino antes que apareçam novas vítimas.
O jogador assume o papel de assistente de uma agência de detetives, onde a equipe é encarregada de investigar o caso e desvendar os segredos por trás da morte de Eisuke Sasaki.
A situação é bem mais complexa do que 18 anos atrás, já que Emio havia assassinado apenas mulheres no passado, sendo a mais recente vítima um jovem garoto de 17 anos. Porém, este é um dos muitos mistérios da história de Emio – The Smiling Man.
Para aqueles que falam que o Nintendo Switch possui apenas “jogos infantis”, convido a jogar esta visual novel. A história é visceral, com uma investigação densa, com personagens interessantes e várias narrativas que envolvem acontecimentos do passado e presente.
Aqui não temos um enredo com elementos de sobrenatural, magia ou qualquer coisa fantástica. Temos uma thriller de suspense envolvente, no melhor estilo de séries de detetives como Mindhunters ou Criminal Minds.
‘É como assistir a uma série’ com extras e algumas limitações
Para uma visual novel (por mais que digam que é um jogo de aventura e simulação na eShop), a história contada é envolvente. Os gráficos são simples, porém funcionais. Temos personagens se movimentando enquanto falam, dando um pouco mais de ação ao visual estático costumeiro de jogos do gênero.
Os diálogos são muito bem escritos, com opções de interações do jogador com os elementos da investigação. Temos opções para investigar, perguntar, fazer anotações ou simplesmente pensar.
Funciona como um jogo de deduções, onde podemos perguntar e investigar, para gerar no protagonista sem nome um pensamento ou possível resolução de um questão levantada cenas atrás.
Nossa ação no game é conduzida por meio de um menu simples, onde usamos os comandos para fazer as ações de um investigador. Emio – The Smiling Man possui elementos de point-and-click que são utilizados no game. Mas, não sabemos por qual motivo, não é possível utilizar a tela sensível ao toque do Nintendo Switch.
Ou seja, somos obrigados a navegar com o direcional guiando a “lupa” da investigação. Uma ação simples que poderia ser ainda mais rápida simplesmente tocando na tela.
Outro ponto um pouco chato é o “quebra-cabeça de ações”. Por exemplo: investigamos a cena do crime, perguntamos, pensamos, fazemos novas perguntas, anotamos e deduzimos algo para prosseguir na história. Por vezes, o jogador consegue deduzir por conta própria o que deve fazer, mas o game te força a seguir nesses quebra-cabeças de ações até o protagonista se tocar o que deve fazer (sim, o cara parece uma porta às vezes).
Mas tirando estes defeitos, a história pode ser apreciada de maneira simples, inclusive com apenas uma mão utilizando um dos direcionais. Para finalizar este review, o meu Switch Lite foi meu companheiro em diversos momentos, segurando com apenas uma mão enquanto fazia outros afazeres domésticos da minha tumultuada vida.
Vale a pena conferir Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club?
Quebrando todas as minhas expectativas, jogar Emio – The Smiling Man foi uma jornada extremamente divertida e interessante. Nada estressante como um roguelike da vida, onde morremos 30 vezes no mesmo chefe. Simplesmente seguimos por uma história envolvente com cerca de 12 horas.
É praticamente a duração da temporada de uma série. Daquelas boas, a qual acompanhamos sem ver o tempo passar. Com uma dublagem integral em japonês, o jogo oferece uma imersão ainda maior com uma trilha sonora bem elaborada, trazendo um misto de alívio em momentos calmos e a sensação de terror em momentos mais tensos.
Uma pena ele não ter suporte ao português como ocorreu em Digimon Survive, um visual novel da Bandai Namco lançado anos atrás. Ainda assim, espero que o jogo faça sucesso. Assim, a Nintendo continuará investindo na série Famicom Detective Club por mais tempo.
Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club foi jogado no Nintendo Switch por meio de uma cópia cedida pela Nintendo. O jogo está disponível exclusivamente para o console da Big N.
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