Depois de uma certa espera, Dragon Ball Sparking Zero finalmente está entre nós. Os fãs da franquia aguardavam ansiosos pelo novo Arena Anime Fighter estrelado por Goku e os demais Guerreiros Z, que promete ser o sucessor oficial (e não espiritual) da série Budokai Tenkaichi.
O “hype” do jogo cresceu ainda mais neste ano fatídico, já que o querido criador de Dragon Ball, Akira Toriyama, nos deixou no mês de março. Não apenas Sparking Zero, mas o novo anime Daima possuem a tarefa de enaltecer o legado daquele que tanto criou e inovou na indústria dos animes e até mesmo dos games.
Uma missão extremamente complicada, afinal temos 40 anos de saga, centenas de personagens e momentos marcantes que definiram gerações. Os fãs de Budokai Tenkaichi lá na geração do PlayStation 2 com certeza lembram dos mais de 100 personagens espalhados naqueles menos espalhafatosos e complexos.
Tivemos diversos outros jogos de luta desde o Budokai Tenkaichi 3 (isso sem contar os clones modificados vendidos nas barraquinhas de camelô). Em questão de jogo de luta, o mais memorável com toda certeza foi Dragon Ball FighterZ, com um visual belíssimo e uma gameplay rígida e cativante, mas também complexa.
Porém, mesmo com seus 45 personagens, os mais críticos sempre reclamam: “ah, mas Budokai tinha muito mais”. Pois acabou a reclamação! Dragon Ball Sparking Zero chegou com seus mais de 180 personagens (confira a lista completa) e com a promessa de pelo menos mais 20 deles chegando via DLCs.
O título é uma clássica reconstrução dos Arena Anime Fighters tanto da série Budokai quanto de tantos outros criados por anos e anos pela Bandai Namco. Dito isso, podemos dizer que é um excelente jogo de luta. Mas não é para todos.
Sim, temos um Arena Anime Fighter
Não importa que os críticos digam que os jogos de anime precisam sair da “zona de conforto” e seguir o mesmo estilo de FighterZ. Se você fala em game baseado em anime, com certeza terá o projeto de um Arena Anime Fighter envolvido. Porém, quando o trabalho é muito bem feito, ele funciona com maestria. Este é o caso de Dragon Ball Sparking Zero.
Temos o mesmo que encontramos nos outros títulos Dragon Ball Budokai Tenkaichi: arenas em 3D gigantescas, movimentação em 360º e supergolpes espalhafatosos que se espalham por todo o cenário. Os games dessa subsérie foram pioneiros, podendo inclusive serem chamados de “pais” do gênero.
Eis que Goku e seus companheiros retornam, dando uma nova esperança aos jogos deste estilo após tantos fracassos memoráveis como o recente Jujutsu Kaisen Cursed Clash e Jump Force. Destaque para este último que também foi desenvolvido pela Spike Chunsoft, desenvolvedora de Dragon Ball Sparking Zero.
Porém, o novo jogo da franquia não reinventa a roda dos Anime Fighters. Todos os elementos característicos do gênero estão aqui. Só foram melhorados por um trabalho mais acurado tanto da equipe de desenvolvimento quanto dos recursos tecnológicos atuais.
A gameplay segue um padrão comum, com combos de golpes com o apertar de botões. Existem outros que carregam o Ki, enquanto os gatilhos superiores ativam golpes especiais ou manobras como defesa de Ki. Aparentemente é tudo muito simples, só que não.
Parece fácil, mas está longe disso
Certo, podemos pensar que basta seguir as várias lutas do modo história e estamos pronto para o embate. Mas nem sempre é assim. O jogo é difícil sim, especialmente contra oponentes humanos nos diversos modos versus e offline.
Durante o período de acesso antecipado do jogo, muitos jogadores reclamaram da dificuldade do jogo. Aparentemente, a Bandai Namco deu ouvidos para essas pessoas e uma possível atualização parece ter “diminuído” a dificuldade dos inimigos controlados pela CPU.
Por vezes, temos poderosos vilões como Goku Black ou Freeza simplesmente carregando o Ki e, depois da barra cheia, parando do nada como se estivessem “esperando a morte da bezerra”. Uma moleza que não encontraremos em batalhas online (as quais são verdadeiras jornadas de sofrimento).
Seja enfrentando batalhas contra a IA ou humanos, precisamos de preparo. Mesmo com dezenas de Gokus ou Vegetas, cada um possui elementos diferentes entre eles que precisam de um certo cuidado do jogador para saber qual golpe aplicar ou os melhores efeitos. Em um jogo com quase 200 personagens, isso pode levar um tempo.
Por isso, agarre seus lutadores favoritos e treine com afinco. Uma boa forma de fazer isso é jogando as diferentes histórias do jogo, que funcionam como “e se…” da saga, modificando acontecimentos oficiais. Além disso, temos o modo de “Batalhas Personalizadas”, onde você e outros jogadores de todo o mundo podem criar suas próprias histórias e dividi-las. Algo interessante para fãs, que pode te prender por diversas horas.
E ainda temos as diferentes formas dos personagens. Um Saiyajin comum pode mudar de níveis para Super Saiyajin 2, 3 e seguimos o bonde. Também é possível escolher a forma já transformada, mas existem algumas vantagens em realizar as transformações ou fusões durante os combates como mais resistência e força nos golpes (além de ser mais emocionante).
É parecido, mas Dragon Ball Sparking Zero é melhor que Budokai Tenkaichi
No Dragon Ball Sparking Zero, temos personagens mais rápidos e funcionais. Claro, temos desvantagens de pegar um Yajirobe e enfrentar um Freeza Dourado, mas não é impossível um combate entre estes extremos. Existem formas de defender e esquivar utilizando Ki e defesa e, caso você seja bem ágil nos controles, pode superar estas barreiras.
Falando em agilidade, o novo game oferece opções de sobrevivência que antes não existiam em Budokai Tenkaichi. Por exemplo, nos jogos da geração PS2, conseguimos emendar golpes mais facilmente, onde tínhamos combos devastadores. Agora temos sequência relativamente mais curtas, onde animações de golpes funcionam como uma “barreira” para combos mais prolongados.
Vamos usar o Goku como exemplo. Podemos dar diversos golpes e aplicar um golpe de “dash” carregado de Ki OU um Kamehameha para finalizar a sequência. Na geração Budokai Tenkaichi do PS2, era possível dar os golpes, aplicar o “dash” carregado E o Kamehameha para finalizar, praticamente destruindo qualquer chance de muitos oponentes.
Outro ponto mais interessante em Dragon Ball Sparking Zero são os diferentes estilos de controles, tendo modos clássicos e modernos, para todos os gostos. Se gostava do que era o Budokai, escolha o clássico. Quer inovar e seguir a maré, escolha o moderno. Mesmo assim, graças ao Kami-Sama, não sofremos mais perdas de controles ou pedaços da mão rodando analógicos de maneira frenética.
Tudo isso é um pequeno balanceamento para deixar as lutas mais justas, mas não funciona tão bem em partidas versus ou online. O jogo não foi feito para ser competitivo, tendo claramente diversos personagens desbalanceados em relação aos demais. É divertido, mas não espere um mega campeonato oficial promovido pela própria Bandai Namco, que já deixou claro que nunca buscou tornar o game balanceado, focando sempre na diversão
Em nossos testes no modo online, tínhamos combates fluidos e sem grandes travamentos. Eu, ingênuo, esperava ter sucesso nos combates depois de mais de 14 horas do modo história e offline. Mas fui literalmente massacrado em mais de 30 lutas. Porém, não desistirei e treinarei para superar meus limites (até um novo game para review chegar).
O jogo é lindo, mas tem suas imperfeições
Por mais que tenhamos muitos jogadores de Arena Anime Fighters, o jogo foi feito para as atuais gerações de consoles e PC. O game é lindo, utilizando todos os recursos modernos a exemplo de uso de partículas, Ray-Tracing e outros elementos gráficos designados para PC modernos, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
Se você achava FighterZ o jogo mais bonito da franquia, sinto te dizer que Dragon Ball Sparking Zero o supera (e muito). O cel shading tradicional dos jogos dos Guerreiros Z foi melhorado com os recursos modernos, parecendo realmente que estamos jogando o anime. Se fôssemos apontar um problema sério, não seria o desbalanceamento de alguns personagens, algo que um fã de Arena Anime Fighter está acostumado.
O erro mais grave mesmo são os tutoriais do game. No começo, o modo tutorial de Dragon Ball Sparking Zero é muito simples e não abrange tudo o que o jogo oferece, com algumas divisões de tarefas e golpes para aprender que não fazem muito sentido se reunidos. É mais fácil aprender na prática jogando o modo história do game, que é bastante interessante e divertido. Ou seja, faça o tutorial obrigatório e depois aprenda por conta própria.
Outro ponto problemático é a localização para o português do Brasil. Algumas traduções ficaram “literais” demais e não fazem muito sentido quando reunidas, especialmente em momentos onde precisamos decidir qual o diálogo ou o caminho que devemos escolher. Um erro que pode até ser corrigido no futuro.
Dragon Ball Sparking Zero é o verdadeiro tributo para a saga
Diferente de outros jogos de anime, a Bandai Namco claramente não mediu esforços no desenvolvimento de um jogo de qualidade com Dragon Ball Sparking Zero. Temos uma verdadeira obra prima bem diferente dos jogos habituais da desenvolvedora Spike Chunsoft, o que causa uma certa estranheza.
Não esperava nada e sai tanto apaixonado pela qualidade quanto devastado pelas surras em diferentes modos de jogo. Todo fã da franquia Dragon Ball realmente precisa dar uma chance ao game, que é um verdadeiro presente para aqueles que acompanharam a saga de Goku e das Esferas do Dragão.
Dragon Ball: Sparking! Zero foi analisado no PlayStation 5 por meio de uma cópia cedida pela Bandai Namco. O game está disponível também para Xbox Series X|S e PC (via Steam).
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