Dune Awakening talvez precise de mais tempo
Nos primeiros segundos em que entrei em Dune Awakening na Brasil Game Show 2024, fui jogado no deserto de Arrakis ao lado de um Ornitóptero caído. Dali, minha experiência com o jogo estava bem definida: tentar sobreviver ao planeta inóspito.
Fugi da areia, enfrentei alguns inimigos, explorei lugares e até mesmo de alguns vermes que começaram a surgir, mas tirando a parte da exploração que parece ter muito potencial, algumas coisas acabam decepcionando quando deveriam empolgar.
Meu planeta, Arrakis, é tão lindo quando o sol se põe
Algo que precisamos dizer que Dune Awakening acertou, foram nos visuais. Diretamente inspirados pelos dois filmes de Denis Villeneuve, conversamos com o diretor de arte do jogo, Bruno Antunes, que explicou que eles chegaram a visitar os sets do primeiro filme e conheceram algumas das locações como inspiração para o jogo.
“O nosso contato direto foi muito próximo com o do filme. Essa foi a nossa grande influência, sem dúvida, para começar a criar este mundo”, explicou Antunes. Contudo, ele disse que a equipe não se limitou as adaptações cinematográficas mais recentes e também exploraram o conteúdo presente nos livros.
No hands-on que jogamos, entretanto, era possível somente explorar uma sessão do deserto, e mesmo que pareça ser um ambiente monótono, existe um ar diferente para as areias de Arrakis, que consegue ser transportada para o MMO.
Segundo Antunes, quando chega ao ponto em que existem mais coisas para se explorar além do deserto, a ponte feita pela equipe faz com que a situação soe natural, e sem, é claro, estragar a experiência de quem não chegou a ler os livros e pode sentir a experiência estragada pelo survival.
Algo que me chamou atenção sobre Dune Awakening, foi que Antunes disse que a experiência pode ser relaxante. Quando comentávamos sobre o que ele mais gostou de trabalhar no título, é que Arrakis dá essa sensação de relaxamento. Ele chegou a comentar que quando o jogador estiver em um patamar de autossuficiência quanto a recursos, é bacana demais ficar sentado na sua base observando as areias do deserto.
Um universo paralelo para explorar
A premissa de Dune Awakening é bem diferente dos livros. Aqui, Paul Atreides não chegou a nascer, e isso traz um mar de possibilidades para o MMO, principalmente pelo fato da casa Atreides estar presente na trama, e traz uma nova dinâmica para dentro do planeta, abrindo caminho para até mesmo o confronto de guildas no final de jogo, onde as coisas se abrem um pouco mais para os jogadores.
Antunes explica, que o conceito é explorar o fato de Paul ter vislumbres do futuro, essa versão da história aborda o que aconteceria caso ele não estivesse presente. E para ele, como eles pegam esse conceito dos livros, fãs não ficarão decepcionados com o trabalho que eles estão fazendo com Dune Awakening.
Flexibilidade para ser o que quiser
Algo que me chamou atenção e que depois comentei com Antunes, são as habilidades que o jogador consegue adquirir conforme avança na jogabilidade. Um dos poderes que eu mais usei e me salvou em momentos de aperto, foi o poder da voz das Bene Gesserit, que conseguia parar os inimigos e eu conseguia atacar os inimigos que ficavam paralisados graças ao poder.
Comentei sobre isso com Antunes, e ele explicou que isso foi feito para oferecer uma maior flexibilidade ao criar os personagens. “Então, logo no início tu consegues definir exatamente quem tu vai ser, mas não está preso a isso, queremos criar um mundo para explorar. Você começa com uma direção, um destino, mas você pode mudar o teu destino, embora você seja um soldado, você pode aprender skills de Mentat ou de Bene Gesserit. É só uma questão de tempo para aprender essas habilidades e aumentar o teu set de skills”.
Um planeta bonito e perigoso
Arrakis, assim como nos filmes e nos livros, é um cenário perigoso de se explorar. Existem várias condições que são necessárias de se ficar de olho. A mais clássica de todas, é a quantidade de água que você possui e o quanto está hidratado. É possível roubar o sangue dos inimigos que encontra pelo caminho para conseguir purificá-lo para transformar em água. Contudo, você só consegue fazer isso quando tiver uma base.
Outra coisa que também chama a atenção é que o jogador não pode ficar muito tempo no sol, se não é bem provável que ele vá sofrer complicações por estar muito tempo no calor, e precisará procurar uma sombra para conseguir voltar ao normal. Existem várias bases e pequenos acampamentos no caminho do jogador, então sempre existirá algum tipo de combate para ser travado durante a sua expedição pelo planeta, por isso, é sempre bom ficar atento ao sair entrando pelos lugares.
Não só isso, mas também fazer muito barulho na areia e ficar por tempo demais nela, pode acabar trazendo um verme de areia para acabar com a sua aventura. Antunes ainda explicou que eles conseguiram trazer esse elemento tão marcante de Duna, fazendo um balanço entre o que está presente na adaptação cinematográfica mais recente, e dos livros de Frank Herbert.
Ele ainda chega a brincar que os vermes de areia que vi, eram os filhotes. E dado o tamanho das criaturas que encontrei, devo dizer que fiquei curioso para ver o que espera os jogadores mais para o end game.
Nem todas as boas intenções salvam
Conversando com Antunes, você sente as excelentes intenções da equipe da Funcom em não só honrar o universo dos livros, mas também como trazer a sua própria versão desse mundo tão querido.
Contudo, existem algumas coisas que acabam deixando a experiência um pouco saturada, e em alguns pontos, é problema do gênero de sobrevivência, e em outros, são decisões do próprio estúdio. Algo que chama a atenção ao entrar no título, são as escolhas de combate. Utilizar armas de longo alcance faz parte do universo, mas não são a escolha mais adequada devido aos escudos que ajudam a repelir os projéteis, como funciona na mitologia de Duna.
Nesse caso, vale-se do uso do combate corpo a corpo, principalmente com facas e armamentos cortantes. Não posso dizer se foi algo exclusivamente da demonstração, mas o combate utilizando armas cortantes, é fraco. Movimentações repetidas, sem nenhum tipo de peso nos golpes, e isso acaba fazendo com que tudo pareça ser feito de papelão.
O combate com armas é até competente, mas ainda assim, não é nada tão impactante que justifique não ter um combate corpo a corpo robusto. É lógico que ter armas de fogo ajudam bastante, principalmente na variedade da jogabilidade, mas não justifica a simplicidade no combate corpo a corpo.
Indo além, apesar de ter uma funcionalidade excelente, a qual é a construção compartilhada, não salva o gênero de sobrevivência da saturação gigante que os MMO Survival criaram ao serem produzidos aos montes. E sinceramente? Em um MMO ou um jogo relacionado a franquia Duna, não sei se construir bases é algo que eu chamaria de atrativo para quem é fã.
Outro ponto que me chamou atenção, foi Antunes dizer que a curva de aprendizagem de Dune Awakening, é fácil. Que os jogadores não se sentirão perdidos, mesmo que nunca tenham jogado um survival, e que com 50 horas de jogo — Sim, 50 horas —, a pessoa terá experiência e familiaridade o suficiente para conseguir se virar nos conteúdos de end game sem nenhum problema.
Ao chegar no end game, Antunes me explicou que existem mais coisas além de ir atrás da Mélange, a especiaria, como se envolver nas questões políticas do planeta, e que isso pode influenciar não somente o seu clã, mas todos que estão no servidor, e isso provavelmente deve ajudar bastante a movimentar as coisas para quem já está numa escala de poder muito maior do que os outros.
Antunes chegou a comentar que o objetivo deles é ir para além de Arrakis, explorar outros planetas na mitologia de Duna, e que se o engajamento para Dune Awakening for satisfatório, é bem provável que eles continuem expandindo esse universo. Contudo, do pouco que tive oportunidade de experimentar das partes iniciais do jogo, pode ser que acabe demorando para engrenar.
No fim, devo dizer que saí com sentimentos mistos do hands-on de Dune Awakening. O jogo parece ter ideias ótimas, misturadas com uma roupagem de um estilo já saturado, que pode acabar afastando muitas pessoas que buscam uma experiência nesse universo.
Dune Awakening chega em 2025 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
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