Horizon Online não será a salvação que a Sony deseja
Durante uma participação no Spawncast, o jornalista Jason Schreier compartilhou que o próximo projeto da Guerrilla Games é Horizon Online, um jogo MMORPG feito pelo estúdio em parceria com a NCSoft. Contudo, Schreier disse que os ânimos no estúdio não são dos melhores, e convenhamos, dá para entender.
Depois do fracasso retumbante de Concord, não dá para dizer que jogos como serviço vindos da Sony estejam inspirando qualquer tipo de confiança para os jogadores, desenvolvedores e até mesmo investidores. Fica difícil de imaginar alguma coisa saindo boa de lá, e isso deixa a questão: ainda vale a pena continuar insistindo?
Horizon sustenta um live service?
Convenhamos, Horizon Zero Dawn e Forbidden West são bons jogos, mas é difícil de imaginar que um público que adorou o jogo singleplayer, jogará o MMORPG, até mesmo se for gratuito. São públicos bem diferentes e que muitas vezes não se conversam, e isso pode dificultar a adesão dos fãs da franquia, ainda mais sabendo que o terceiro jogo pode demorar a chegar para lançar um live service.
Tirando que é bem provável que caso o jogo seja gratuito, ele terá alguma espécie de passe de batalha ou alguma microtransação, o que pode complicar o lado de Horizon Online em garantir dinheiro para a Sony. Imagina se para cada título live service que a pessoa tiver, ela comprar o passe premium? Não existe tanto dinheiro assim, e ninguém tem tempo hábil para subir o nível de passe em tantos jogos assim.
Dito isso, Horizon como uma franquia, ainda não é forte o suficiente para segurar um live service, ainda mais com tantas outras propriedades intelectuais enormes nas mãos da Sony. É lógico que ela deveria que dividir o montante com a Marvel, mas o projeto de multiplayer baseado no Homem-Aranha da Insomniac era muito mais promissor do que Horizon Online.
Por isso, parece que a Sony emocionou quanto a popularidade de Aloy na base de jogadores de PlayStation, e achou que a franquia conseguiria segurar um modelo de negócios que precisa de muito nome muito forte para levar a comunidade a continuar engajando e gastando dinheiro no título online.
Contratos precisam ser cumpridos, infelizmente
Para mim, o principal motivo de Horizon Online sequer está saindo do campo das ideias, é o contrato com a NCSoft. Talvez a Sony precise cumprir suas obrigações contratuais, e seja mais barato lançar o título e deixá-lo ser um fracasso, do que cancelar o projeto e ter que pagar algum tipo de multa para o estúdio sul-coreano. É a única possibilidade que vejo desse jogo estar saindo do papel.
Precisamos também ser justos e admitir que o cenário do universo de Horizon é propício para um MMO. Um mundo devastado com robôs agindo como animais e podendo ser caçados, tem uma receita bacana para uma jogabilidade cooperativa, e juntar os amigos para derrotar algum bichão no mapa. Contudo, é possível fazer isso com Aloy nos jogos singleplayer, o que seria um diferencial para Horizon Online?
Sobrevivência? Construção de bases? Isso teoricamente não faria sentido, já que a humanidade parece estar sobrevivendo de forma bem tranquila no universo da franquia, apesar de ser uma situação mais tribal do que tecnológica. Tirando que jogos do gênero de sobrevivência e construção de bases já estão completamente saturados e existem aos montes. Não dá para entender o apelo da proposta.
A Sony já tem dois live services prontos para investir, e não investe
Assim, eu não sei se a Sony lembra, ou se está faltando abrir uma planilha no Excel e alguém parar para ver os números e constatar: Destiny 2 está nas mãos da empresa, e é um live service de sucesso. Nichado? Com certeza, mas ele continua tendo um público fiel ao longo dos 10 anos de existência da franquia, e por mais que a Bungie tentasse afastar de forma não intencional a comunidade do MMO.
Isso, sem contar Helldivers 2, que a Sony pisou na bola de uma forma colossal com toda a questão do login na PSN. Se não fosse por isso, o jogo continuaria sendo um sucesso na Steam, e hoje, tá ali na casa dos 34 mil jogadores ativos, segundo o SteamDB. Não é um número modesto, mas comparado com os 458 mil que o título já chegou a ter, é bizarro ver como um erro simples custou tanto para a empresa.
Como a Sony sequer encostou em Destiny 2, agora era hora da empresa realmente investir no título, não podar a empresa como ela fez com a Bungie, demitindo funcionários e mudando completamente como a empresa criava os seus conteúdos. Sou um jogador de Destiny 2 que sempre retorno para as expansões pagas, e agora sem elas, é bem difícil que a Bungie veja o meu dinheiro, e muito menos a Sony.
Em um mundo perfeito, a Sony teria enxergado o potencial de Destiny 2 e dado mais corda para a Bungie fazer mais coisas, ceder estúdios de suporte, colocar A Forma Final como um lançamento mais impactante, tendo um marketing maior, qualquer coisa.
É bizarro ver a decisão da empresa de simplesmente “matar” o modelo de expansões logo depois da Bungie entregar o melhor conteúdo feito em anos, para agora vir a Sony e querer mudar as coisas completamente. Fica parecendo que a empresa não sabe o que fazer com o modelo, e quer queimar todos os cartuchos ao invés de investir no que já está estabelecido.
Estúdios de suporte para ajudar no desenvolvimento e melhorias de qualidade de vida de forma mais rápida? Talvez não tenha passado pela cabeça da Sony em investir em ampliar o escopo desses dois live services da empresa que encontraram sucesso, vai saber. Talvez Horizon Online tenha o molho secreto e ainda não sabemos disso.
Um péssimo Horizon Online pode custar Horizon 3
Parece óbvio, mas ao que tudo indica, isso ainda não entrou na cabeça dos executivos da Sony. Se Horizon Online não for bem, é bem provável que aconteça alguma mudança na Guerrilla Games, ou até mesmo os jogadores não queiram investir o seu dinheiro no terceiro jogo da franquia.
Qual consumidor vai querer sair por aí gastando o seus suados R$ 349 em um exclusivo depois do estúdio decepcionar com uma versão online que pode dar errado? Sinceramente, no momento atual da Sony e do PlayStation, não dá para ficar fazendo apostas vazias e sair tentando criar live services a torto e a direito como se fosse ser um código de dinheiro infinito. Falamos sobre isso no texto sobre o fechamento de Concord, inclusive.
Horizon Online pode até se tornar um bom jogo — o que duvido muito, sinceramente —, mas parece que será mais um daqueles títulos online que começa bem, as atualizações vão passando, o interesse também, e logo ficará em um limbo onde somente um público fiel, cada vez mais escasso pela quantidade de live services, tenta manter o MMO vivo. Que nem acontece com Destiny 2, sabe? Aquele MMO da Bungie que a Sony é dona e poderia muito bem se aproveitar disso.
Tirar tempo de desenvolvimento da Guerrilla para um esforço que parece muito esquisito e em um momento em que o modelo de live service está cada vez mais insustentável, parece o Titanic indo em direção ao iceberg, e ao invés do capitão tentar desviar, ele grita “A TODO VAPOR!” e depois culpa “os desafios de navegar e manter o navio sustentável” como motivo pelo barco estar afundando.
Espero estar errado, mas com alguns bons anos nas costas acompanhando essa indústria, existem certas coisas que a gente consegue ver de longe que não dará certo. O problema é quando o público e a mídia especializada consegue ver isso, e quem manda no mercado, não. Talvez quando surgir uma nova moda da indústria, a gente consiga ver esse modelo ficando cada vez mais escasso.
O que nos resta, é torcer que a próxima moda que os executivos queiram copiar, seja entregar um bom jogo. Quem sabe?
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