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Como Star Wars Jedi: Survivor entende a franquia melhor que a Disney

Sem se complicar demais, Star Wars Jedi: Survivor entrega história digna da franquia sem precisar agradar fãs A Respawn Entertainment...

Star Wars Jedi: Surivor

Sem se complicar demais, Star Wars Jedi: Survivor entrega história digna da franquia sem precisar agradar fãs

A Respawn Entertainment entregou Star Wars Jedi: Survivor, que foi um desastre com o desempenho no PC, com problemas também para os jogadores de console e tudo o que se pode esperar de uma estreia caótica. Mas, passada a tempestade, precisamos falar sobre como a história da Respawn entende melhor a franquia do que os próprios detentores da saga.

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Devo dizer, já de antemão, que consegui, ainda bem, experimentar o jogo sem nenhum erro que quebrasse Jedi: Survivor. O que, com certeza, melhorou demais a minha experiência em comparação com a de outras pessoas. E, por isso, consigo dizer com certeza: A Respawn entende a franquia melhor que a própria Disney.

Nem tudo é sobre os Skywalker

Existem mais Jedi na galáxia do que só Luke, Anakin, Obi-Wan e Yoda. A trama dos nove filmes de Star Wars gira em torno dos Skywalker, o legado, a origem, a queda e por aí vai. Fallen Order e Survivor acertam em não usar a família de Luke como uma muleta na hora de falar da Força e de explicar o expurgo que a Ordem Jedi sofreu. Trazer um jovem Padawan traumatizado, que precisa se reconectar com o passado é um tema recorrente nos materiais extras, mas é executado com maestria pela Respawn.

A trama consegue entregar um material que usa muito do conceito criado sobre os Jedi, da Força, de forma que não seja dependente do que temos na trilogia original. Aqui, os personagens estão no mesmo universo, interagem com o que acontece ao redor, e, claro, esbarram em personagens importantes do universo ao longo do caminho. Mas, eles não estão ali para tentar levantar a trama e sim para encher os olhos dos fãs mais acalorados. 

Star Wars Jedi: Survivor

Jedi: Survivor leva o jogador para explorar a Alta República, período histórico que Star Wars tem abordado em novas obras do universo expandido, e Cal Kestis consegue entrar nos assuntos do passado dos Jedi de forma que tudo não vire um festival de fanservice, e sim um ponto na história para levar ao objetivo final. Diferente da trilogia da Disney, onde nada conversa entre si, muito pelos problemas de troca de direção — e do choro dos fãs – Jedi: Survivor mergulha nos personagens para contar o que importa: a jornada e o caminho. 

Só existem três Jedi na trilogia original: Luke, Obi-Wan e Yoda. Dois deles morrem durante o percurso da história e o filho de Anakin Skywalker se torna o lobo solitário, com o dever de reconstruir a Ordem. Desde o Episódio IV, George Lucas já deixava claro que os Jedi fazem parte do universo, e não são o que o faz girar. Os fãs, com os anos, inverteram esse conceito e tudo tem que ter Jedi. Se não existe um sabre de luz, vai ser difícil engajar os fãs.

Jedi: Survivor pega no momento crucial da linha do tempo da franquia: o pós expurgo, ou seja: não tem tanto Jedi assim. E é aqui que Star Wars brilha, e a Respawn soube aproveitar o momento conturbado pós Vingança dos Sith para colocar uma história sobre redescobrir as origens, confrontar o passado e desafiar o opressor. Muito do que Luke vive na trilogia original.

Não é preciso ser filho de alguém para ser especial

Diferente do que acontece nos filmes, Cal Kestis não é um nepobaby de algum Jedi importante ou um Senador da República. Não sabemos nem quem são os pais do personagem, e os mentores de Kestis, Cere Junda e Jaro Tapal, não são importantes no grande esquema do universo de Star Wars. 

A melhor coisa que Cal Kestis poderia receber na concepção do personagem, é não ter ligações com grandes personagens da franquia. Isso faria com que toda hora aparecesse alguém importante, em momentos chave, que poderia roubar a cena do protagonista. Assim como a jornada de Luke é sobre Luke, a jornada de Cal Kestis, é sobre ele. E diferente de Luke e Leia, Kestis não tem um sobrenome famoso para segurar a trama. 

Star Wars Jedi: Survivor

Com décadas de material expandido, novos personagens, novos conceitos apresentados e centenas de histórias, não é mais necessário se ater ao núcleo Skywalker. O universo de Star Wars é tão rico, cheio de planetas, mitologias, povos, que limitar-se ao que acontece com o núcleo dos filmes é podar as possibilidades de uma excelente história. 

Jedi: Survivor acerta, e muito, ao colocar Cal Kestis como um Jedi normal. Ele não é o filho de uma linhagem perdida, o detentor de um legado enorme, escondido para impedir que Império consiga achá-lo. Kestis é um jovem traumatizado, teve que se virar para sobreviver, e torna-se um dos principais pontos de resistência contra o Império. 

Star Wars Jedi: Survivor

Mesmo que não tenha um sobrenome forte como o de Luke, Cal Kestis compensa ao entregar uma profundidade diferente do arquétipo da jornada do herói vivida pelo Skywalker. O principal motivador de Kestis não é derrotar o Império, é sobreviver ao Império. E é isso que torna o personagem tão especial.

Ele não é o príncipe prometido que teve que se isolar para sobreviver, ele é um lutador que busca incessantemente um fim ao regime que levou tudo o que ele conhecia e as pessoas que ele amava. O Império é o grande inimigo de Kestis, e o Cavaleiro Jedi sabe que sozinho ele não pode derrubar o sistema. Diferente de Luke que conseguiu derrotar o Império por dentro graças ao Papai Vader, Kestis vive todos os dias no limite em prol de uma galáxia melhor. 

Bares sujos, naves estranhas e aliens esquisitos

Jedi: Survivor entende bem o que faz de Star Wars um universo bem diferente dos outros de Sci-Fi. Força? Não. Designs estranhos de lugares e aliens bizarros? Sim. A Respawn fez um excelente trabalho ao colocar uma série de seres esquisitos para rechear o jogo, mesmo que sejam personagens secundários. E com o tamanho dos planetas, ele é surpreendentemente vivo e cheio de pequenas anedotas por aí. Rumores, problemas, pequenas piadas deixadas por Stormtroopers ou por Droides falastrões. Parar para escutar os diálogos de fundo sempre vai render uma risada gostosa.

Star Wars Jedi: Survivor

O Bar Pyloon de Greez é um prato cheio para quem gosta da Cantina de Tatooine, e entrar no bar para dar uma olhada e observar a quantidade de seres estranhos que estão nele, faz o jogador se sentir um pouco mais no universo de Star Wars do que só um simulador de Jedi. E acho que é nisso que Survivor acerta, e bem mais, do que os filmes feitos pela Disney.

Star Wars, como já citamos, não é sobre Império e Aliança Rebelde, Jedi e Skywalkers. É sobre uma galáxia cheia de naves estranhas, seres esquisitos em bares enferrujados, em um universo que, coincidentemente, existem meia dúzia de guerreiros com um sabre de luz.

Star Wars Jedi: Survivor

Mandalorianos, Caçadores de Recompensas, existem mais guerreiros do que só os Jedi. E nisso, Survivor acerta ao colocar uma série de conflitos, naves, animais e lugares que não se limitam ao Império e aos problemas causados por Vader e Palpatine andando por aí. A sombra Imperial ainda é grande no jogo, mas uma grande parte do título não é sobre eles. 

E colocar o Império como mais uma pedra no caminho, e não o fator motivador da trama, é o que coloca Jedi: Survivor em uma prateleira acima da trilogia da Disney. Diferente do conceito de reciclar o que aconteceu no passado, o jogo da Respawn encontra o próprio caminho, em uma linha do tempo recheada de história e momentos impactantes para se explorar. Cal Kestis consegue entrar no cerne de Star Wars, do conflito de um Jedi, sem soar piegas e com motivações fortes.

O sentimento de um produto bom de Star Wars é inegável

Terminei Star Wars Jedi: Survivor com o mesmo sentimento de quando assisti O Império Contra-Ataca pela primeira vez . Mesmo com um final um pouco mais sombrio que as outras histórias, Survivor consegue ter um final impactante, mesmo que o gancho para o terceiro jogo quebre a conclusão do final.

Olhar para uma galáxia inteira cheia de bichos estranhos, antigos Droides de Batalha restaurados pelos Incursores do Caos, cada pequena coisinha, feita com cuidado, é um deleite para todo nerdola fã de Star Wars. O mundo criado por George Lucas e expandido por décadas de novas ideias, autores e histórias. É repleto de locais para explorar, temas para abordar e segredos para descobrir. Jedi: Survivor coloca tudo o que precisa para ter a receita do sucesso em um produto da franquia.

Star Wars Jedi: Survivor

A busca por segredos da Alta República, a mão opressora do Império batendo na porta como uma sombra irrefreável, a defesa de sobreviventes de um regime totalitário, a franquia sempre teve os dois pés em questões que vão além das lutas, e o jogo da Respawn consegue explorar a dualidade e o quão longe uma pessoa pode ir sem se corromper. 

Star Wars Jedi: Survivor

O principal tema de Jedi: Survivor é o quão longe Kestis pode ir para proteger aqueles que ama, enquanto enfrenta o Império, em uma jornada que, cada vez mais, parece em vão. Personagens carismáticos são o que nos fizeram conectar com a trilogia original, e a Respawn compreende isso. Enquanto os filmes da Disney estavam mais preocupados em como não desagradar fãs e tentar emular a experiência de assistir à trilogia original, Survivor foca em contar a própria história, apresentar os próprios personagens e entregar motivações que vão além de ”meu avô Darth Vader é meu herói”.

Em uma época onde é difícil de encontrar um produto de Star Wars que não seja feito para vender boneco e sabre de luz, a melhor experiência da última década envolvendo a franquia está nos jogos da Respawn. Não que a história seja uma obra-prima. Não é, mas consegue ser competente em não sair do básico: uma história sobre sobreviventes, contra um inimigo maior que eles. Fazendo o simples da franquia, a Respawn consegue entregar uma história de Star Wars digna do que a franquia merece.

Star Wars Jedi: Survivor está disponível para PC, Xbox Series S, Xbox Series X e PlayStation 5.


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