Na última semana da fase de grupos do CBLOL 2024 (Campeonato Brasileiro de League of Legends), a reportagem da Game Arena fez algumas entrevistas exclusivas abordando diversos assuntos. Um deles era a preferência de comissão técnica e pro players sobre o formato da competição durante a primeira etapa da competição.
Falamos anteriormente sobre o motivo da escolha da Riot Games de utilizar MD1 (melhor de uma partida) como formato principal para a fase de pontos do torneio. Para esta matéria, conversamos com dois técnicos e quatro pro players para explicarem qual é o modelo preferido de embate para a competição.
Preferência em MD3
Em quase 100% das entrevistas, os profissionais deram ênfase em como a MD3 (série melhor de três jogos) é benéfica para quem está treinando e competindo no CBLOL. Não significa que o modelo atual seja odiado, porém, algumas vantagens acontecem apenas quando uma quantidade maior de jogos acontece.
Para Sarkis, técnico da paiN Gaming, equipe que fechou a fase de grupos em segundo lugar na tabela, os fãs podem achar mais divertido acompanhar as partidas em formato MD1. Muitas vezes, um draft redondo também auxilia na hora de jogar o formato.
“Eu acredito que a MD1 é mais divertida realmente pro público assistir, porque a MD1 meio que prioriza quem tem a melhor preparação uma semana, eu diria. Por conta de, às vezes, você consegue vir com um draft bem encaixado algumas coisas que você preparou exatamente contra aquele adversário. E como é MD1, você não tem uma adaptação muito estudada, é mais ali na hora.”
“Pô, o cara pegou um Ziggs que a gente não esperava, como que a gente vai se adaptar a isso? Então, eu acho que a MD1 para o público, ela é mais divertida, mais dinâmica. Acontece de… sei lá, um time muito forte acaba perdendo para um time entre aspas fraco. Não gosto de colocar nenhum time com fraco, mas ali na tabela tá mal e outro time também, MD1 tem essa surpresa; acho que essa parte é legal”, explica.
Apesar de MD3 ser um processo mais trabalhoso para a comissão técnica, o profissional ainda prefere três partidas. No caso da MD5 (melhor de cinco jogos), acha que se aplica realmente apenas para as eliminatórias da competição.
“Mas se eu for olhar na questão técnica, eu preferia MD3. Porque eu acho que a MD3 traz os dois aspectos juntos. Você ainda sim tem que ter a preparação da semana contra o time que você vai enfrentar, porém, você tem uma adaptação, uma série ali, que você perde um jogo, às vezes, ganha dois, você vai para um a um também.”
“Então, acho que tem coisas diferentes. Claro, requer mais tempo para jogar o CBLOL, mas eu acho que seria muito divertido também, acho que as pessoas gostariam bastante. Para os times que jogam, é melhor jogar mais jogos, acho que, no fundo, eu gosto mais de MD3 como comissão técnica, eu acho que é mais divertido. Dá mais trabalho? Dá mais trabalho, mas acho que é bem legal trabalhar assim e, MD5 , eu acho que é só playoff mesmo, mas ainda assim MD5 também é show de bola”, diz.
Divertido, mas atrapalha
De acordo com o atirador da FURIA, Ayu, que está no top 5 de jogadores destaques da fase de grupos do segundo split do CBLOL 2024, MD1 pode ser melhor para as pessoas que acompanham o campeonato, mas acaba atrapalhando em algumas situações.
“Acho que para mim o formato MD1 com certeza é mais divertido de assistir para as pessoas, só que, eu acho que, às vezes, atrapalha um pouco, acredito, na evolução dos times. Porque querendo ou não, muitos times treinam, às vezes treinam bem, chega no stagem um deslize acontece e perde a MD1.”
“Acho que quando é MD3, acredito que a maior parte do mundo é MD3 hoje em dia, o CBLOL é um dos poucos que é MD1, quando é MD3, a gente comentou esse deslize aqio, ou tá muito nervoso, chega no jogo nervoso, eu acho que quando vai para o jogo dois, ter mais um jogo, aí você consegue jogar o seu jogo, consegue mostrar realmente o que você sabe fazer. Acho que MD1, às vezes, dá essa prejudicada”, analisa.
Outras alternativas de competição
Convidamos um outro integrante de comissão técnica para falar sobre o assunto. ONMETA, que é treinador do time do Fluxo, que garantiu vaga nos playoffs da competição, chegou a citar outros esportes tradicionais para falar do formato vigente do LoL.
“Todo mundo que participa da competição internamente, que está ali dentro do time, na parte de competição mesmo, prefere MD3. É igual qualquer outra competição, como por exemplo, ginástica. Ginástica é conhecido por ser o esporte do dia porque o ginasta ou a ginasta tem uma chance de fazer apresentação solo, ela não pode fazer três vezes, eles vão fazer a nota de corte da média e alguma coisa assim.”
“Então, acaba que, às vezes, você treina meses e você tem uma oportunidade e, para quem tá competindo? Isso é mágico às vezes? Beleza. Faz reviravolta? Sim. É algo excelente pra quem tá assistindo, mas para quem tá investindo todo o tempo, é sempre melhor você ter outras alternativas, então, por exemplo, no vôlei, você tem mais sets, não um set, não é ali uma coisa só. Então, MD3 com certeza.”
Já Leleko, que começou carreira profissional como pro player praticamente em 2023, disse que nunca teve a oportunidade de disputar uma MD3 durante a carreira, visto que, é um formato antigo que já foi utilizado no CBLOL. Mesmo assim, o mid laner da Vivo Keyd Stars ainda acredita que é melhor para se preparar em MD3.
“Sinceramente, eu não tenho muita certeza [sobre o que é melhor] porque eu só joguei MD1 até hoje, eu nunca joguei MD3. Eu acho que é melhor MD3 porque você vai ter mais jogo, mas eu não sei dizer certo porque eu nunca joguei.”
“Acho que pro público é um pouquinho melhor MD1, mas eu acho que o jogador poder jogar muito mais jogos no split é melhor pra você se preparar para os playoffs. Você pode se preparar muito melhor, eu acho. Você pode testar também e se não der certo, você pode mudar. Então, eu acho que é muito legal”, revela.
Prós e contras
O suporte ProDelta, um dos destaques do competitivo neste split e que, ao lado de Leleko, lideraram a tabela antes dos playoffs, fez uma análise pensando nos dois lados da moeda quando o assunto são formatos de competição.
“Eu acredito que a MD1 tem seus prós e contras. Os prós é que é algo bem mais prático, acho que até para organizadora não precisar depender, porque não tem como saber se vai ter dois jogos ou três em uma MD3. Então, pode acabar que o dia dure muito mais de trabalho e tal.”
“Também o lado ruim é que, se algum time faz alguma estratégia meio bizarra, ele pode só ganhar um jogo e não tem como outro time, mesmo sendo melhor, voltar atrás, porque ele fez uma estratégia específica.”
“Isso é bom e ruim, eu não diria que é ruim. Às vezes, é mérito de um time e demérito do outro, mas a MD3 começa a mostrar realmente quem são os melhores times, que, na verdade, MD3 se você fizer uma uma estratégia, dar um invade ou alguma inversão, no segundo jogo o time já vem preparado para isso. Então, eu diria que MD3 e MD5 mostra realmente que é o melhor time e MD1 mostra que é um time mais preparado”, disse.
MD3 mostra o nível das equipes
Para o jungler que foi destaque na fase de grupos, CarioK, da paiN Gaming, a MD3 tem um espaço garantido no coração por conta de realmente refletir a situação das equipes que disputam o campeonato. O pro player chegou a dar um exemplo de partida de outra região, mostrando como séries mais longas podem ser benéficas para os atletas.
“Eu, particularmente, gosto de MD3 porque eu acho que mostra melhor quem são os melhores times e quem tá no nível melhor. Acho que MD1 pode ter muito errinho bobo que custa game. Então, às vezes você tem um jogo ruim, aí você sobe, você conversa e tal, e você faz uma mais dois jogos bons.”
“Tem até um exemplo da Gen.G, que eles tomaram acho que 20 a 0 para a DAMWON no primeiro jogo e ainda assim eles voltaram e ganharam a série, a MD3. Se fossse MD1, eles só iriam pra casa, ia ficar triste… crise. Então, acho que MD3 mostra muito mais o nível do times e acho que tem menos o fator sorte. É difícil falar a sorte, mas alguns acidentes assim podem custar o jogo e eu acho que na MD3, o time geralmente que é melhor vai ganhar”, explica.
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O caçador também disse que dá para perceber adaptações dos elencos durante mais jogos disputados, além de auxiliar na hora de uma equipe se preparar para os playoffs. Para CarioK, as MD5 do CBLOL talvez seriam melhores se no Brasil existissem mais séries MD3.
“MD1 não dá para corrigir também, você pode ver um pouco de adaptação MD3, também é um preparo melhor para o playoffs. Eu acredito que as nossas séries MD5 teriam mais níveis se a gente jogasse mais MD3 e eu queria ter mais jogos no geral, porque eu sinto que no nosso campeonato a gente tem poucas partidas oficiais e muito treino e, lá fora, tipo LPL, eu acho que todas as ligas jogam mais do que a gente se eu não me engano, por isso que eu preferia MD3”, reflete.
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