Mudanças nas regras, mudanças nas criaturas e mudanças nos nomes para deixar Pathfinder ainda mais distante de D&D
A Paizo lançou os novos manuais de Pathfinder 2E com diversas mudanças para afastar o jogo de Dungeons & Dragons.
Pathfinder Player Core e Pathfinder GM Core, os módulos básicos para jogar Pathfinder 2E, passaram por diversas alterações em detalhes para se afastar de vez de D&D.
“Nós decidimos que precisávamos republicar as regras básicas, o que começou imediatamente”, conta Erik Mona, editor e chefe criativo da Paizo, ao Polygon. “Dentro de algumas semanas da crise da licença aberta acontecendo, nós começamos dois projetos. Um era o projeto Pathfinder Remaster que iria alinhar as regras para afastar de derivações da OGL e outro era uma nova estrutura para jogar.”
Com o básico de Pathfinder 2E intacto, os desenvolvedores revisaram todo o material para remover qualquer chance de conflito com a Wizards of the Coast.
Mudanças
Isso inclui mudar a nomenclatura de tudo, de mecânicas (como trocar o termo de desprevenido, “flat-footed”, de D&D 3.5, para “off-guard”), a termos da própria cosmologia (como o idioma nativo dos elementais do fogo, Ignan, que em Pathfinder 2E vai se chamar Pyric), até ancestralidades de personagem, como tiefling e celestial, agora serão nephilim, um termo abrangente para todos os seres tocados pelos planos. Também foram adicionadas novas classes, que serão reveladas gradualmente.
Outros elementos tradicionais de D&D, como o alinhamento ou tendência, foram alterados para a mecânica de edicts e anathema, um sistema de filosofias pessoais e códigos de conduta.
“Alinhamento é de algumas formas tão culturalmente ubíquo que eu me pergunto se sequer pode ser protegido a essa altura, mas é uma forma bem simplista de resumir como pessoas interagem de verdade e o que são seus sistemas de crença”, conta Mona. “Todo ano que passa, me parece mais ultrapassado. Nós tentamos criar um jogo que é do momento e atrai os jogadores e gamers modernos.”
O sistema de números de atributo (obtido com rolagens de 3d6) e modificadores (geralmente de -5 a +5), tradicional do D&D, foi substituído por simplesmente usar diretamente os modificadores. A regra, presente na Pathfinder Beginner Box, torna o jogo mais acessível para iniciantes. “Pra que ter complexidade que não acrescenta nada ao sistema?”, pergunta Mona.
“Eu não sei se existe alguma proteção sobre misturar uma coruja e um urso e chamá-lo de urso-coruja, mas é claramente um monstro que D&D coloca um monte de destaque”, conta Mona. “Nós vamos mais além para tornar a distância entre Pathfinder e D&D ainda mais clara.”
O trabalho ofereceu oportunidades para novas ideias. Nos 15 anos de história, a Paizo manteve o padrão D&D de dragões cromáticos e metálicos por nostalgia, sem prover muito desenvolvimento para os mais icônicos monstros da fantasia.
“Agora nós estamos inventando toda uma leva de novos dragões que se relacionam com as regras de Pathfinder em que cada dragão é conectado a uma das fontes da magia: arcana, divina, oculta e primal”, conta Mona. “Conforme continuamos a escrever aventuras, eles vão se tornar uma parte muito mais importante da marca Pathfinder.”
Crise da Licença Aberta
A Wizards of the Coast propôs alterações na Licença Aberta (Open Game License, OGL) em janeiro deste ano, desencadeando uma reação entre o público e diversas editoras e criadores de conteúdo terciário de D&D.
Embora a Wizards of the Coast tenha voltado atrás nas mudanças com a repercussão negativa, as alterações incentivaram diversas editoras, incluindo a Kobold Press e a Paizo, a desenvolver seus próprios sistemas para se proteger no futuro.
“O problema é que há uma erosão de confiança no nível mais alto”, conta Mona. “Eles foram pegos na polêmica na internet e deram pra trás quase imediatamente, mas quem garante que eles não vão tentar de novo ano que vem ou no ano seguinte? Se nós tivermos outros sete manuais e alguns milhões de dólares em jogo, de repente nós estamos de volta a como as coisas eram antes.”
A Paizo desenvolveu uma OGL alternativa, a Licença ORC (Open RPG Creative License). A empresa não controla a licença, então não poderá atualizar ou revisar o texto.
“Eu quis criar um ambiente para maior colaboração, inspiração e inovação e dar às editoras paz de espírito que o tapete não vai ser puxado debaixo dos pés deles”, conta Mona. “Nós tivemos a participação de mais de 1.000 editoras que nos deram uma enorme compreensão do que é importante para elas.”
Pathfinder 2ª Edição foi publicado no Brasil pela New Order em 2020. Não há previsão de quando a versão remasterizada pode chegar por aqui, por enquanto.
A Game Arena tem muito mais conteúdos como este sobre esportes eletrônicos, além de games, filmes, séries e mais. Para ficar ligado sempre que algo novo sair, nos siga em nossas redes sociais: Twitter, Youtube, Instagram, Tik Tok, Facebook e Kwai.