Yars Rising tinha tudo para ser uma ótima experiência
Yars Rising é o retorno de uma franquia da Atari, agora reimaginada pelo estúdio WayForward como um metroidvania com uma ótima trilha sonora, um visual que parecia extremamente promissor, mas que acaba se perdendo na falta de variedade e level design genérico.
Yars Rising tem uma premissa inicial simples. O jogador controla Emi Kimura, uma hacker contratada para se infiltrar da corporação QoTech. Durante o percurso, ela vai aumentando os seus poderes e descobrindo mais sobre o que está acontecendo naquele lugar e a importância do seu trabalho.
O problema, é que a personalidade de Kimura é, bem, sem suavizar, genérica. E não só no caso dela, mas de toda a trupe de hackers que a acompanham, com diálogos tão qualquer coisa e piadinhas tão recicláveis que tem horas que parece que o jogador está lendo um roteiro reciclado dos anos 2000.
A dublagem em inglês também não ajuda muito, com boa parte das tiradinhas e as falas conseguindo se tornar bem mais intragáveis devido a forma como a protagonista fala. Nada contra o trabalho da dubladora, que é ótimo, mas é uma personalidade que todos nós já vimos em vários jogos, animes e quadrinhos. Menina hacker, engraçadinha e com tiradas sarcásticas? Existem aos montes.
Um dos principais problemas desse jogo, é o level design. Infelizmente, por ser teoricamente um prédio corporativo, o jogo se repete demais nas partes de exploração, e o mapa também não ajuda muito na hora de se guiar. Existe uma repetição enorme, que transforma a movimentação em algo tedioso algumas vezes, e estamos falando de um metroidvania, onde a exploração de lugares deveria ser o foco principal.
Os poderes de Emi são muito interessantes e a personagem tem uma progressão muito satisfatória, e dá para perceber o quanto cada poder que ela recebe muda o estilo de jogabilidade e as possibilidades que podem ser encontradas no mapa. Contudo, isso sozinho não salva o jogo de estar ali na média.
O principal diferencial do jogo, são as partes de hackear os sistemas da empresa, que fazem referências a vários jogos clássicos da Atari, mas até nisso, algumas vezes dá para sentir que os desafios são um pouco preguiçosos, além de difíceis por si só e não pelo design feito para ser desafiador.
Outro ponto muito bacana do jogo, é a trilha sonora, que tem músicas excelentes e que me surpreenderam. Hacking My Brain é maravilhosa, e se tivesse como deixar ela tocando direto, seria muito mais interessante, de verdade. A música tem um arzinho de trilha sonora de Persona, e isso acabou me pegando demais. Uma pena que é a única da trilha que é cantada, mas as outras não são ruins, nem de longe.
Uma aventura curta que faltou um capricho maior
Ao todo, se for complecionista, Yars Rising deve demorar umas 15/20 horas para ser finalizado com tudo em 100%. Por isso, fica parecendo que o estúdio não teve talvez tanto orçamento, ou tempo, para trabalhar no jogo, o que é triste porque existia um potencial muito interessante na premissa do título, que acabou sendo desperdiçado por talvez uma falta de investimento da Atari, ou até mesmo um tempo maior de trabalho no título.
Como uma experiência curta, Yars Rising se salva graças ao sistema de progressão interessante, os mini-jogos de hackear que conseguem dar uma diferenciação da exploração, mas no fim, o combate meio morno e as fases sem vida deixaram as coisas abaixo do potencial que poderia ter tido.
Dá para ver que existe um carinho no produto, mas que faltou algum diferencial para não tornar a experiência mediana, o que deixa tudo com um gosto amargo na boca, apesar de conseguir me divertir com o sistema de poderes e as batalhas contra os chefes.
Yars Rising foi analisado no Steam com uma cópia antecipada cedida pela Atari. O game também está disponível para PC (via Epic Games Store), Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X|S e PlayStation 5.
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