The Crush House vai além de ser só um jogo paródia de reality shows
The Crush House tem uma premissa que, por si só, me chamou a atenção quando a Devolver Digital revelou o título. Criar o seu próprio reality show com personagens caóticos, que podem render muitas confusões, pegação e momentos cômicos, é basicamente o sonho de qualquer fã de The Sims, ou que curte assistir um Casamento às Cegas na Netflix com o seu conjugue.
No controle de Jae Jimenez Jung, o jogador se torna a produtora da série, que leva o mesmo nome do jogo. Ficando em um “cativeiro” ao lado do quarto luxoso dos personagens do reality, é possível ver o que é necessário para agradar o principal fator que vai manter o programa no ar: o público.
É disso que o povo gosta!
Como todo bom reality show, The Crush House tem a proposta de agradar o público. Por isso, o jogador com o produtor — e também operador de câmera —, deve corresponder aos desejos das audiências do dia. Se existe alguém viciado em ver as partes traseiras dos participantes, será preciso dar aquele zoom desconfortável quando eles estiverem na piscina.
Conforme o jogador vai agradando o público, o nível de contentamento da audiência específica vai subindo, e o jogador consegue finalizar o dia agradando todos os demográficos escolhidos para o dia de transmissão. Caso uma cena agrade mais de um público específico, o programa ganhará um surto de audiência e receberá mais pontos por isso.
Outra mecânica interessante, são as propagandas, que ficam rodando conforme o jogador não está gravando, e rendem dinheiro para comprar itens para incrementar a casa com novos itens de decoração. E essa parte é extremamente importante, principalmente quando a noite chega, pois muitos dos participantes vão querer conversar contigo sobre demandas relacionadas a casa, ou quanto a momento de tela no programa. Contudo, a direção não permite isso. Nesse caso, o que fazer? Só podemos dizer que vale a pena quebrar algumas regras.
Discórdia e pegação
Não existe nada mais marcante em um reality show do que o elenco. Big Brother Brasil que o diga. Em The Crush House, não poderia ser diferente. Ao comandar o show, você precisa ficar atento a química do elenco, ou pode acabar tendo o seu programa cancelado. Colocar personagens antagônicos pode render muita treta, mas, ao mesmo tempo, nenhum tipo de romance, e esse público pode ficar de fora do programa.
Por outro lado, o clima de amizade pura também deixa o programa monótono, já que as interações podem não ser das melhores. Acredite, um movimento errado na hora de escolher os participantes e a sua versão do programa pode não sair do episódio piloto.
Cabe ao jogador entender a química do casting para garantir bons momentos desde o primeiro episódio. Por isso, tentar balancear as interações na casa ajudará a temporada a garantir o caminho até a Season Finale. Com um elenco bem balanceado, a discórdia, briga e pegação será constante, e também a audiência. Vale tudo para cativar o público.
Uma perfeita paródia com um algo a mais
The Crush House funciona muito bem como uma ótima paródia de como eram — e continuam sendo — os reality shows ao redor do mundo. Um público extremamente exigente, opinativo, e muitas vezes bizarro, além de vários participantes que vão fazer de tudo para garantir o estrelato. Isso, sem contar, é claro, com a produção sofrendo com condições péssimas e os executivos se divertindo com o dinheiro entrando.
Deste gracioso quarto bagunçado e sujo — e que custaria caro em certas metrópoles do Brasil —, o jogador precisa gerenciar as expectativas da diretoria, da audiência, e também realizar alguns desejos do casting. Talvez a minha única crítica ao jogo em si, seja que o jogador precisa ficar andando com a câmera para lá e para cá, e algumas vezes pode perder alguma situação importante da casa por estar focado em uma dupla.
Se existisse a possibilidade de comandar o show com várias câmeras, talvez a experiência se tornasse mais interessante e dinâmica. Contudo, poderia ficar muito próximo de um The Sims do que a proposta de The Crush House, que é criar um reality show dos anos 90 com todos os clichês possíveis, e também entregar um mistério que resolvemos não falar muito sobre por aqui, para garantir a sua experiência completa. Vai por mim, é melhor ir sem saber muito.
Conspirações, pegação e muito drama
The Crush House é todo o puro suco de reality barato que você senta no sofá para ver e se indignar com as presepadas do casting. Se você sempre quis saber o que se passa na cabeça das pessoas que escolhem os candidatos dos seus realities preferidos, agora é a hora de criar o seu próprio, com um plot de mistério bizarro que pode desvendar todos os segredos por trás da direção do programa, e como ele é feito.
The Crush House entrega uma excelente paródia do gênero de reality show disfarçado de um “thirsty person shooter” como a própria desenvolvedora, Nerial, chama o jogo. Por trás das filmagens de bundas, brigas e romances, existe uma crítica forte aos problemas televisivos, sem deixar de divertir a galera com os absurdos que estão rolando na casa.
Para qualquer fã de uma boa farofa e um jogo extremamente descompromissado — mas com um algo a mais bem interessante —, The Crush House traz uma aventura curtinha, com um fator replay um pouco limitado e com algumas repetições nas interações do público, mas que entretém o suficiente para quem quer só dar risadas e se divertir comandando um reality show bizarro dos anos 90.
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The Crush House foi jogado no PC com uma cópia cedida pela Nerial. O jogo chega nesta sexta-feira, 9 de agosto.
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