Desenvolvido pelo estúdio Knight Shift Games, Elsie é o novo game indie da publisher Playtonic Friends, conhecida por jogos como Yooka-Laylee e Lil Gator. Ambos os jogos são bem divertidos e até simples, oferecendo uma experiência bem “familiar”. Em termos de dificuldade, seria um “passeio no parque”.
Com isso em mente, segui para o desafio de Elsie. Não havia jogado o demo, então fui na cara e na coragem, esperando algo simples e familiar também. Começamos conhecendo nossa protagonista Elsie e seu origem ao melhor estilo “Mega Man” de ser. Certo, um metroidvania independente raiz…
Mas depois de 10 minutos e alguns tutoriais, comecei para valer o game. Pouco mais de 14 minutos depois, minha primeira morte. Certo, vamos lá novamente… Minha segunda morte. Caraca, tá difícil a coisa aqui. Terceira tentativa, reparei em mudanças básicas nos cenários e até no posicionamento dos inimigos.
Segui para a quarta morte em meia hora. Foi então que percebi que não era um simples metroidvania. Dito e feito. Foi olhar a página da Steam e os guias para a imprensa, ele é descrito como “um roguelike de plataforma hipercinético em tecnicolor, com fases geradas proceduralmente.”
Foi então que percebi: este novo jogo não é um simples indie de plataforma, tendo foco no desafio. Com isso em mente, fico o aviso: você morrerá em Elsie… E MUITO! Mas cada morte traz um novo desafio, pois temos muitas mudanças que tornam cada tentativa em uma situação completamente inédita.
No meio do caos e das mortes, recebemos uma história
Ekis é um planeta tecnológico, onde os recursos são usados em harmonia com as evoluções tecnológicas ao longo dos anos. A Dra. Grey, uma cientista de renome e talento desenvolveu uma equipe de androides ultra tecnológicos, os Guardiões. Porém, assim como no clássico Mega Man da Capcom, as coisas saem do controle e as criações tecnológicas da doutora acabam se tornando uma ameaça.
Para encarar o desafio de enfrentar essas ameaças de imenso poder, Dra. Grey coloca como única esperança a criação de uma nova guardiã combatente: Elsie. Agora, a estilosa heroína recebe a missão de restaurar a ordem e destruir todas as ameaças tecnológicas que perderam os sentidos e se tornaram ameaças ao planeta.
É chegada a hora de encarar o desafio de superar aqueles que dominam os diferentes biomas de Ekis para restaurar a harmonia entre tecnologia e natureza. Uma história simples que até é interessante, mas lógico que não é o grande foco do game.
Morte, tentativa e erro
Apesar do estilo plataforma, Elsie é um roguelike. Logo, pode se preparar para a morte certa, e muitas vezes, durante parte da aventura. É frustrante, confesso, mas com o tempo se torna algo corriqueiro. E, acredite, você vai acabar não apenas se conformando, mas até mesmo almejando isso. Mas calma, deixe-me explicar melhor.
Em Elsie, ganhamos dinheiro e itens para compras e upgrades durante a navegação pelas fases, apresentadas como “biomas”. Nossa androide Elsie acaba desbloqueando novas habilidades, itens e realizando pequenos upgrades de tempos e tempos. Com isso, já podemos retornar para a próxima tentativa muito mais preparados para o duelo, com novas armas e opções para batalhar contra os inimigos e chefes.
Mudanças que são bem-vindas e necessárias em meio a tantas tentativas. De início, podemos imaginar que tudo ficaria bastante repetido e chato. Mas está muito longe disso, pois em cada revisita nas fases, a ordem de salas muda, assim como inimigos e armadilhas. É tudo novo a cada ressurreição e tentativa, o que pode gerar até um desafio maior.
Um exemplo é encarar chefes. Apesar de terem padrões, eles acabam não os seguindo, às vezes mudando a ordem dos ataques ou sequências. Em Elsie, o desafio surge em todas as formas e em várias situações, o que aumenta ainda mais o senso de perigo e a satisfação em derrotar um maldito chefe de fase que você precisou morrer 23 vezes para conseguir upgrades suficientes para a vitória definitiva.
Deixe Elsie do seu jeito
Uma coisa bastante interessante em Elsie é a possibilidade de mudar suas habilidades e armas para alterar a forma de jogar. Você pode fazer a protagonista focar em velocidade e atacar enquanto realiza um “dash”. Ou então focar em ataques poderosos, com mais frequências e teleguiados, mas com a personagem movendo lentamente.
Ao jogador, cabe a tarefa extra de melhorar as lojinhas presentes através do dinheiro e peças arrecadadas. São diversas opções de customização que tornam a experiência de jogar Elsie ainda mais divertida.
E mesmo quando você chegar a ficar “enjoado” de jogar com a protagonista titular, existe a opção de utilizar Andru, um personagem especialista em combate corpo a corpo. Enquanto Elsie foca em disparos de longo alcance, ele, seu rival, age como um espadachim… Qualquer semelhança com X e Zero, na subsérie Mega Man X, é uma mera coincidência.
Uma aventura onde sofreremos, mas existe diversão envolvida
Com mais de 10 horas de jogo, ainda não consegui finalizar Elsie. Acredito que esteja próximo do desfecho, e sigo aproveitando cada uma das tentativas frustradas que possibilita mudanças interessantes. Vale apontar que, apesar da bela pixel art, chega uma hora que o jogo apresenta uma certa repetição nos cenários e inimigos com os mesmos padrões de ataque.
E quando você revisita uma fase tantas vezes, a repetição de elementos incomoda bastante, ainda mais quando a ordem de salas ou inimigos ficam diferentes, chateando o jogador preso por mais de uma hora em cada um deles. Porém, Elsie consegue ser divertido o bastante. Caso sofra com a essência roguelike de morte e nova chance a cada ressurreição, talvez ele não seja para você.
Mas se estiver encalhado e sofrendo, mantenha a mente limpa, tome um chá ou café para relaxar e realize uma nova tentativa para superar seus próprios limites. Elsie vale à pena.
Elsie foi jogado no PC via Steam por meio de uma cópia antecipada cedida pela Playtonic Friends. O game chega em 10 de setembro também para Xbox One, PlayStation 4, Xbox Series X|S e PlayStation 5.
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