Diretor de The Last of Us foi criticado por fala sobre uso de IA para contar histórias
O diretor e criador da franquia The Last of Us, Neil Druckmann, sofreu críticas de alguns desenvolvedores devido as suas falas sobre o uso de IA generativa nos videogames, principalmente quando se trata da parte de escrever histórias.
O uso de inteligência artificial nos videogames é debatido amplamente e com muitas vertentes sobre o assunto. Seja comentando sobre casos de uso de IA em trabalhos de voz, artes conceituais, criação de histórias e outras partes do desenvolvimento. Muitas das críticas, vem do lugar de que executivos podem começar a optar por substituir certos empregos na indústria pela tecnologia.
Com isso em mente, o apoio de Druckmann ao uso de IA no desenvolvimento de jogos não foi bem recebido por todos. Embora o diretor de The Last of Us reconheça vagamente as “questões éticas que precisamos abordar,” ele afirma que a IA pode reduzir “custos e obstáculos técnicos,” permitindo que os desenvolvedores “expandam os limites da narrativa nos jogos.”
O co-criador de The Last of Us também acrescenta que a IA permitirá à Naughty Dog “criar diálogos e personagens mais complexos, ampliando as possibilidades criativas,” e menciona que certas ferramentas se tornaram “obsoletas” ao discutir a transição do estúdio da animação desenhada à mão para a captura de movimento.
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If you read the interview, it’s pretty telling that his idea of storytelling is all about direction. The only thing preventing AI from improving on Naughty Dog’s own writers, apparently, is the ability to provide it nuanced direction. “Some ethical issues” aside, evidently. 🤓 https://t.co/kRYy8hHjHm
— David Gaider (@davidgaider) May 24, 2024
Se você ler a entrevista, fica claro que a ideia dele de narrativa é toda sobre direção. A única coisa que impede a IA de melhorar os próprios roteiristas da Naughty Dog, aparentemente, é a capacidade de fornecer direção nuançada. “Algumas questões éticas” à parte, evidentemente.
David Gaider, responsável por boa parte da criação do universo de Dragon Age, rebateu a situação toda, alegando que o diretor de The Last of Us está tratando o uso de inteligência artificial como uma forma de “varinha mágica” e que essa visão “ignora que a ideia de que a colaboração existe”.
I should add that I think Druckmann deserves his props. Good game direction and vision IS important, but believing it’s the ONLY thing that’s important is the road to becoming an auteur… and I guess I’d hope he’d know better than to look at AI as some kind of magic wand. 😕
— David Gaider (@davidgaider) May 24, 2024
Isso ignora a ideia de que a colaboração é uma coisa. Todas aquelas pessoas que trabalham sob um diretor não entraram nos jogos apenas para serem pagas menos e trabalharem — todas são contadores de histórias por natureza, e amam jogos. Elas não são um impedimento a serem descartadas por um Sim Senhor de IA.
Devo acrescentar que acho que Druckmann merece seus elogios. Boa direção de jogo e visão são importantes. MAS acreditar que é a ÚNICA coisa importante é o caminho para se tornar um autor… e acho que esperaria que ele soubesse melhor do que olhar para a IA como uma espécie de varinha mágica.
Nessa Cannon, roteirista freelancer e designer narrativa, também comentou sobre o assunto, revelando preocupações sinceras quanto ao uso de IA na criação de novas histórias, e como o uso de ferramentas como o Chat GPT poderiam elevar as barreiras narrativas de uma história.
I’d love to watch a video of him attempting to use AI to “push the boundaries of storytelling.” I wanna see him try to convince me, in real time, that the “content” chatgpt “makes” by mashing together bits from cliché writing books and stolen work is “revolutionary” https://t.co/0PNMeyaxoO
— Nessa ✨ looking for work! (@nessathewriter) May 24, 2024
Seria interessante assistir a um vídeo dele tentando usar IA para “empurrar os limites da narrativa”. Eu quero vê-lo tentar me convencer, em tempo real, de que o “conteúdo” que o ChatGPT “cria” ao misturar trechos de livros de escrita clichês e trabalhos roubados é “revolucionário”.
Outro desenvolvedor que se juntou as críticas para a alegação de Neil Druckmann, foi Josh Sawyer, diretor de Fallout New Vegas e membro da Obsidian Entertainment. No caso, Sawyer optou a usar um meme do treinador José Mourinho tirando seu fone com uma expressão de desgosto, muito utilizada para rechaçar comentários polêmicos.
https://t.co/RJpwRXt7WJ pic.twitter.com/J8qe4gu4MT
— Josh Sawyer (@jesawyer) May 23, 2024
Recentemente, Asad Qizilbash, chefe da PlayStation Productions e do PlayStation Studios, comentou sobre como ele acredita que o futuro dos jogos está na narrativa, e como a IA irá permitir experiências mais personalizadas e histórias significativas.
“Em termos de futuro dos jogos, imagino que eles se tornarão mais personalizados devido aos avanços na tecnologia e IA, permitindo experiências customizadas para cada jogador”, disse ele. “Além disso, os avanços tecnológicos aumentarão a profundidade emocional nos jogos, permitindo que os personagens sejam muito mais expressivos e emotivos, promovendo uma narrativa mais evocativa.”
Com informações de: GamesRadar+