Jogos inspirados em animes nós temos aos montes na indústria, mas são poucos os que se propõem a deliberadamente transmitir mensagens políticas por meio da arte do grafite, enquanto mesclam elementos de plataforma 3D em cenários de arquitetura brutalista, que contrastam em perfeita sintonia com cores absurdamente vibrantes e música eletrônica. E RKGK se encaixa como exemplo.
RKGK (pronuncia-se Rakugaki) é o novo jogo do Wabisabi Games, um estúdio mexicano focado no desenvolvimento de games tradicionais e em realidade aumentada (RA). O título contou com financiamento do Programa de Criadores Sub-representados da Riot Games e está sendo publicado pela Gearbox, chamando a atenção pelos visuais coloridos com traços em estilo anime que antagonizam com a ambientação opressora de seu mundo.
Do que se trata RKGK?
Durante a demonstração cedida ao Game Arena para a realização desta prévia, estavam presentes duas fases e uma batalha contra um chefão. Ainda que a experiência tenha sido curta, nesse ínterim foi possível situar-se muito bem no mundo de RKGK; cuja narrativa é conduzida pela jovem Valah.
Acompanhada de um robô assistente chamado AYO, a protagonista é uma artista de grafite que reside em Cap City (o nome não poderia ser mais claro), cuja população está sob o controle da B-Corp. A companhia utiliza-se de lavagem cerebral para controlar os habitantes, tornando-os em pessoas sem vontade e sem criatividade.
Para acordar a população desse transe e livrar a cidade da opressão do malévolo CEO da B-Corp, Mr. Buff, a protagonista e seus companheiros rebeldes se aventuram em cenários despóticos industriais e utilizam a arte do grafite – e por tabela, restauram a verdadeira beleza de Cap City.
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Em termos de jogabilidade, RKGK possui uma movimentação bastante padronizada, com Valah podendo se mover em todas as direções com uso de câmera livre em terceira pessoa, ou saltar (pulo simples ou duplo) para alcançar plataformas e superfícies altas. No entanto, o gameplay fica melhor quando você faz a protagonista deslizar pelo cenário.
Além de ser esteticamente lindo por conta do rastro de grafite com efeito multicolorido, a movimentação se torna mais dinâmica, tornando mais prazerosa a experiência de explorar os cenários. E, além de ser recompensado com objetos coletáveis (caixas contendo moedas, latas de spray ou itens de recuperação de vida), você pode encontrar mais telões da B-Corp e grafitar por cima deles.
Importante destacar os telões da B-Corp nos cenários, pois, eles não apenas servem ao gameplay, como também são artífices de roteiro, já que é através desses painéis que a companhia maligna faz lavagem cerebral na população. Dito isto, coletar latas de spray é essencial para que Valah possa expressar sua arte e quebrar a hipnose que drena as pessoas, impedindo-as de se auto expressarem.
Entre outras habilidades de Valah, está ainda a possibilidade de saltar entre paredes, deslizar por corrimões e, claro, como mencionado anteriormente, grafitar. Inspiradas na cultura pop japonesa, os grafites são um espetáculo a parte em RKGK, pois além de serem belíssimas artes de diferentes estilos e traços (como pintura tradicional, aquarela, pintura a óleo, etc.), também se expressam de maneiras variadas, como em realidade aumentada 3D.
São nas artes de grafite 3D que ficam em evidência a expertise do estúdio Wabisabi com recursos em realidade aumentada, visto que alguns dos grafites saltam para fora das paredes, parecendo de fato com artes vivas. E para desbloquear cada vez mais espécies de pinturas, é necessário coletar as moedas douradas espalhadas pelos cenários.
Ao final de cada fase de RKGK, o jogador encontra uma espécie de pilar vermelho que é destruído por Valah. Logo em seguida, aparece uma tela com os resultados da missão, incluindo ranque, objetivos cumpridos e outros detalhes. De acordo com os desenvolvedores, a pontuação faz parte da estratégia de fazer os jogadores competirem contra si mesmos por posições cada vez melhores.
Depois, Valah retorna para uma espécie de hub com o qual o jogador pode interagir. É aqui que você pode mexer nas configurações, dificuldade, escolher para qual fase deseja prosseguir, exibir coletáveis, adquirir novas roupas para a protagonista ou para o robô AYO, e claro, comprar novos grafites para a coleção e paletas de cores para tingir os cenários.
Inspirado no Distrito Federal (!)
O estúdio Wabisabi também destaca como RKGK é inspirado em games do gênero plataforma dos anos 1990, em visual novels e animes como Os Cavaleiros do Zodíaco e Evangelion. A música eletrônica e a estética cyberpunk, bem como a arquitetura brutalista também estão entre as referências criativas do game – e o Distrito Federal do Brasil e algumas localidades do México foram, inclusive, citados pelos devs.
É uma “carta de amor para aqueles ao redor do mundo com quem compartilhamos os mesmos gostos e que são entusiastas de grafite”, disse Esteban Lezama. RKGK possui, aliás, duas dificuldades: padrão e retrô, que nada mais é do que uma homenagem aos platformers antigos com melhorias de qualidade de vida, mas muito mais punitivo.
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Ao todo, RKGK tem 6 capítulos e ao final de cada um deles, há um chefão para encerrar com chave de ouro. Além disso, o game conta com desafios específicos em cada fase, além de habilidades que o jogador vai aprendendo conforme o progresso. O estúdio Wabisabi afirma ainda que está ansioso para ver o que os speedrunners vão conseguir fazer quando RKGK for lançado em 22 de maio de 2024 para Steam.