Shawn Layden, ex-chefe da PlayStation, comentou sobre as mega aquisições em podcast
Em uma entrevista recente ao podcast Lan Parties, Shawn Layden, ex-líder da PlayStation, acredita que as grandes fusões, que estão se tornando cada vez mais comuns na indústria de videogames, não deveriam ser comemoradas, pois geralmente representam riscos para a criatividade.
Layden disse que as fusões estão entre os problemas que estão deixando a indústria em um estado que muitos criticam. “Minha maior preocupação em relação à consolidação é que frequentemente afeta a criatividade,” disse Layden.
Leia mais
- Metal Gear Solid 3: remake recebe reações mistas dos fãs
- PlayStation 5 ganha nova atualização de sistema
- Review Alan Wake 2: com a benção de Stephen King
“Por exemplo, você pega um pequeno estúdio independente, criativo, e o leva para um conglomerado maior, e basicamente, quanto maior você é, mais o tempo diminui, o tempo fica mais lento”, comentou o ex-executivo da PlayStation.
“Apenas estou preocupado com o que isso faz ao impulso criativo dos estúdios e se eles podem manter viva essa criatividade independente ou se são simplesmente absorvidos pelo todo. O tempo dirá, mas é um pouco preocupante. Quando você passa de centenas de vozes para dezenas de vozes, perdem-se algumas vozes.”
Layden diz que isso pode salvar estúdios da falência, mas, por outro lado, está resultando em uma indústria restrita a gêneros específicos, o que pode significar o fracasso em atrair novos jogadores e até impedir o surgimento de novas propriedades devido à saturação de jogos semelhantes.
“Se continuarmos a nos concentrar nos mesmos quatro ou cinco gêneros, então não conseguiremos atrair novos jogadores, porque esses consumidores já disseram que não estão interessados nos gêneros. Não se engane, alguém que disse não a Call of Duty nos últimos 15 anos não vai de repente dizer sim.”
Layden já comentou em outra oportunidade sobre marcas não-endêmicas entrando no mundo dos games, e agora, aparenta estar preocupado com as mega aquisições. No entanto, apesar de parecer estar fazendo tempestade em um copo d’água, a preocupação do conselheiro da Tencent pode ser considerada genuína.
Atualmente, a indústria parece estar mais preocupada em tentar emplacar o próximo “Fortnite”, já que o modelo de jogo como serviço funcionou muito bem para o battle royale da Epic. No entanto, algumas decisões aparentam ser focadas somente em “cumprir tabela” com esses requisitos.
Existem várias “modas” que permearam a indústria ao longo dos anos. Primeiro, o mundo aberto tomou conta depois de GTA 3. Recentemente, com a PlayStation Network e a Xbox Live, todos os títulos precisavam ter uma experiência multijogadora online.
Em alguns casos, a situação deu certo, como o modo facções do primeiro The Last of Us. Em outras situações, ficou deixando a desejar. Agora, a nova moda da indústria aparenta ser os jogos como serviço, e os famigerados passes de batalha.
Com cada vez mais empresas não apostando em novidades e focando no que vai dar dinheiro certo, a situação vai ficando insustentável para o consumidor. É claro, uma parcela ainda continuará comprando passes de batalha e gastando com skins, mas cada vez mais, consumidores tem se revoltado com essa situação.
Recentemente, Mortal Kombat 1 recebeu críticas pela NetherRealm Studios adicionar um fatality pago na loja do jogo. Para adquirir o conteúdo sazonal, seria necessário gastar R$ 25 para comprar a moeda premium do título. Por algo que deveria ser gratuito.
Overwatch 2 abandonou o formato de jogo pago para se tornar gratuito, e investiu pesado nas monetizações. O resultado? Péssimo. O título tem sofrido bastante com críticas sobre conteúdos cortados e valores abusivos em pacotes de skins.
Alguns títulos como serviços foram cancelados nos últimos anos, Knockout City, por exemplo, encerrou as atividades em fevereiro desse ano. Back 4 Blood também seguiu o mesmo caminho, muito pelo estúdio não conseguir manter o jogo ativo e focar em novas propriedades intelectuais.
O ponto de Layden pode se desdobrar para várias vertentes, mas se formos ser sinceros, a indústria tem tido medo de apostar em coisas novas já faz bastante tempo. A própria PlayStation tem uma série de títulos como serviço sendo desenvolvidos.
Isso, sem contar a série de remakes e remasterizações lançadas nos últimos anos. Por mais que alguns desses jogos sejam bons — como o excelente Resident Evil 4 Remake —, fica aquele gostinho de que a novidade está se esvaindo.
Cada vez mais, os custos para desenvolver jogos estão mais caros, e as empresas tem optado por focar em projetos mais “certeiros”. Por mais que a parcela que disse não para Call of Duty continue não consumindo a franquia, existe uma legião de compradores sedentos por Modern Warfare 3.
Aquisições gigantes sempre levantarão um alerta vermelho sobre os rumos da indústria, mas dessa vez, o ex-executivo da PlayStation está “chovendo no molhado”, por mais preocupado que esteja. Já existe um bom tempo que títulos inéditos não emplacam, e isso não é resultado de grandes fusões.
É da falta de ousadia de arriscar perder dinheiro em prol da novidade.
Com informações de: Eurogamer
A Game Arena tem muito mais conteúdos como este sobre esportes eletrônicos, além de games, filmes, séries e mais. Para ficar ligado sempre que algo novo sair, nos siga em nossas redes sociais: Twitter, Youtube, Instagram, Tik Tok, Facebook e Kwai.