Shawn Layden, ex-chefe da PlayStation, acredita que empresas de tecnologia não conhecem sobre a indústria
Em uma entrevista para o site GamesIndustry.biz, o ex-chefe da filial americana da PlayStation, Shawn Layden, teceu alguns comentários sobre a entrada de gigantes da tecnologia no mercado de games, citando nomes como Amazon, Apple, Google e Netflix.
Segundo Layden, as aquisições em grande escala e o encerramento de estúdios fazem parte de uma movimentação perigosa para a indústria. Além das aquisições, o aumento nos custos dos jogos é uma ameaça “existencial”, além da entrada de não-endêmicos no setor.
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O ex-executivo da PlayStation acredita que a entrada de empresas não-endêmicas pode prejudicar a indústria, explicando que, no momento, as big techs encaram o mercado como algo que vai render “milhões de dólares no ano” e “quer um pedaço disso”.
Layden acredita que a movimentação dessas empresas tenta desestabilizar a indústria, dando o exemplo da Apple, que mexeu com o mercado fonográfico ao “convencer todo mundo que 99 cents por música era uma boa ideia”.
Para o ex-executivo, a indústria dos games precisa, internamente, mudar os rumos do ecossistema, sem precisar que a Google ou a Amazon “virem a mesa”. Outro ponto importante levantado por Shawn Layden foi que, apesar dessas empresas possuírem tecnologias, não significa que saibam fazer jogos.
Apesar de não citar nominalmente, Layden parece utilizar, como exemplo, o caso do Google Stadia, encerrado após três anos, com uma série de usuários prejudicados. E apesar de PlayStation e Xbox virem de empresas não-endêmicas, o ex-executivo salienta que, pelo menos, a Microsoft e a Sony entendiam as próprias limitações ao ingressar no mercado.
A argumentação de Shawn Layden faz sentido. O Stadia, desde a concepção, parecia algo que era “bom demais para ser verdade”. Apesar de ser uma excelente jogada para os usuários que não querem gastar muito com um baita PC, o serviço acabou não engatando.
Problemas com lag na hora de usar os comandos, entre outros pequenos problemas, dificultaram a popularização do serviço da Google, e, agora, a Amazon também entra na indústria, mas sem saber muito como proceder.
A empresa entregou New World, um MMORPG que chegou cheio de problemas de otimização, com um estilo de jogabilidade que deixa qualquer jogador exausto. Melhorar os atributos do personagem ao realizar ações relacionadas a sobrevivência, no papel, é divertido. O problema é passar 40 horas colhendo arroz e subir dois níveis na habilidade.
Depois da recepção morna do jogo, a empresa tentou emplacar Lost Ark, publicando o MMORPG no ocidente, e, no começo, até que deu certo. O título chegou a ter 1 milhão de usuários simultâneos na Steam e quebrou recordes. No entanto, hoje não passa de 47 mil usuários ativos.
O jogo até conseguiu manter uma base sólida em 2022, mas foi decaindo com o decorrer do tempo. E apesar de dinheiro não ser um problema para uma empresa como a Amazon, quem sofre, no final, são os usuários e estúdios envolvidos na situação.
Não deu certo? Tudo bem, a Amazon perde uma quantia de dinheiro, demite os funcionários e parte para outra. Para o lado “mais fraco” dessa aventura das big techs nos jogos, demissões e a necessidade de se realocar na indústria.
É claro que empresas como PlayStation, Xbox e Nintendo não são perfeitas, nem de longe. Isso sem citar outros estúdios como Rockstar, Naughty Dog, CD Projekt Red, e por aí vai. Mas, ao menos, elas sabem o que estão fazendo e entendem o mercado.
Amazon, Google e Apple podem ter os melhores servidores de nuvem possíveis, mas só isso, não é atrativo para os jogadores. Isso é só uma cereja em um bolo já muito bem servido de coberturas, e, ainda assim, com uma parcela pequena de usuários que desfrutam do serviço.
Isso sem citar a Netflix, que, dentre todas as big techs se envolvendo no mercado, ao menos se compromete em só colocar o serviço disponível na plataforma, e tem contratado nomes já carimbados na indústria para comandar o projeto.
Para boa parte dessas grandes empresas, entrar no mercado de jogos é só expandir o portfólio para outra vertente lucrativa. E fazer isso indiscriminadamente, como tem sido feito pela Amazon e pela Google, mostra como é necessário entender como funciona o ecossistema antes de ingressar nele.
Com informações de: EuroGamer e SteamDB
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