Análise

Review | Morbid The Lords of Ire: não basta ser soulslike para ser bom

Game da Still Running não consegue entrar no hall dos melhores jogos do gênero

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire

Imagem: Still Running

Fãs de soulslikes não vão se empolgar com Morbid The Lords of Ire

Desde que a FromSoftware lançou Demon’s Souls em fevereiro de 2009 para PlayStation 3, o mundo dos games mudou para sempre, e os jogos do “estilo soulslike” passaram a ser um objetivo para grande parte dos desenvolvedores por aí.

No entanto, existe um enorme desfiladeiro entre fazer um jogo soulslike e fazer um jogo soulslike bom, uma vez que o patamar estabelecido por absolutamente todos os games da FromSoftware é extremamente alto.

Com pouco mais de seis horas de gameplay, hoje eu trago uma opinião sobre o sucesso (ou a falha) de Morbid The Lords of Ire em atingir esse patamar.

Gameplay nada satisfatório ou desafiador

Morbid: The Lords of Ire é uma continuação direta do primeiro e único game da franquia, The Seven Acolytes, que fez um salto ousado do estilo isométrico para o 3D, na busca de se aproximar ainda mais das claras referências que possui aos soulslikes tradicionais.

Entretanto, o resultado dessa ambiciosa transição deixa bastante a desejar em todos os principais aspectos que tornam um soulslike em um game de sucesso.

Quem conhece e gosta de Dark Souls, Bloodborne, Elden Ring e companhia, espera de um jogo desse estilo um combate afiado, desafiador e com recompensas satisfatórias, mas Morbid The Lords of Ire não marca a caixinha de nenhum desses aspectos.

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire
Imagem: Still Running

As batalhas no game são estranhamente “sem peso”, com golpes que são aplicados tanto nos inimigos quanto na própria protagonista, que não passam a sensação de serem realmente pancadas. Quase como se todo o jogo fosse feito de plástico.

Outro ponto que decepciona no combate do game é a total falta do senso de desafio, uma vez que os inimigos são extremamente simples, com padrões de movimento limitados e que, inclusive, em boa parte dos encontros, podem ser evitados com uma simples fuga para o próximo ponto do cenário.

Além disso, um dos elementos que mais definem a experiência soulslike, a necessidade de voltar ao ponto em que você morreu para recuperar suas “almas” adquiridas, não existe em Morbid The Lords of Ire, removendo qualquer urgência e tensão das batalhas.

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire
Imagem: Still Running

Outro ponto que me incomodou bastante no gameplay de Morbid é a presença de botões distintos para uma simples esquiva e outro para o rolamento. Foi uma decisão que criou um nível desnecessário de complexidade no controle da personagem, e que poderia muito bem ser feito com apenas um comando realizado de maneiras distintas.

Já os chefões, que tanto ajudam na criação de lendas dentro dos jogos da FromSoftware, como Malenia de Elden Ring, Órfão de Kos de Bloodborne, e Ornstein e Smough de Dark Souls, são extremamente genéricos em Morbid The Lords of Ire, enterrando de vez a experiência que os adeptos do gênero esperam.

Aqueles que gostam tanto dos principais soulslikes também esperam que os games desse subgênero entreguem uma boa variedade de armaduras e acessórios, e, mais uma vez, Morbid falha nesse quesito, pois não possui sequer uma alternativa para o visual padrão da protagonista.

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire
Imagem: Still Running

A evolução de Striver, inclusive, também não é feita da maneira ideal. Ao invés do investimento de pontos de experiência na subida de níveis, a personagem vai ficando mais forte com o uso de “cartas especiais”, que não dão as caras de maneira constante até o fim do jogo, o que não gera a sensação de jornada de evolução da protagonista de maneira fluida.

Por fim, o game ainda sofre com diversos problemas de performance, entregando quedas constantes de FPS, que derrubam as taxas de 60 quadros por segundo para valores bem menores, afetando até mesmo, o tempo de reação dos comandos que damos à Striver.

Isso fica mais evidente durante a execução de um sistema de insanidade que Morbid implementa, criando trechos dos cenários “manchados” por escuridão por onde surgem inimigos especiais, que se aproveitam da performance afetada para criar uma dificuldade a mais.

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire
Imagem: Still Running

No fim das contas, fica a sensação de que o estúdio Still Running tinha uma clara inspiração em mente, mas não possuía os recursos e talentos necessários para criar um soulslike de alto nível. Se servir de consolo, o primeiro Lords of the Fallen também foi bem fraco, mas o reboot da franquia entregou um game muito mais próximo do nível da FromSoftware.

História interessante até certo ponto

Em Morbid The Lords of Ire, novamente calçamos os sapatos de Striver, protagonista do primeiro game, que é uma guerreira imbuída da missão de eliminar os Gahars, criaturas malignas que buscam dominar o mundo.

No segundo game, Striver precisa viajar por diferentes universos, derrotando os Gahars para conseguir, enfim, acabar com a ameaça e instaurar um período de paz.

Imagem oficial de Morbid The Lords of Ire
Imagem: Still Running

É uma história que não chega a ser inovadora, mas que consegue manter o jogador interessado até um certo ponto, pois sofre com a falta de gráficos que seguram a imersão em um nível mais profundo.

Visuais sem muita inspiração e trilha sonora básica

A inspiração da Still Running para Morbid The Lords of Ire parece ter sido no Demon’s Souls original, pois os gráficos do game, lançado para os consoles das gerações atual e passada, parecem pertencer aos tempos de PlayStation 3 e Xbox 360.

Os cenários são simples, sem muitos detalhes, apesar de variados para refletirem os ambientes distintos de cada universo em que viajamos com Striver.

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Os próprios personagens, incluindo a protagonista e os chefões, não parecem ter recebido muito carinho do time de arte, pois não entregam visuais muito destacados e, assim como os cenários, sofrem com elementos muito simples.

No âmbito da trilha sonora, Morbid faz o bom e velho feijão com arroz, com músicas que não se destacam, mas que também não estragam a experiência por não se casarem com o game em si.

Conclusão de nota de Morbid The Lords of Ire

Morbid: The Lords of Ire não atinge praticamente nenhum de seus objetivos enquanto um novo soulslike, e decepciona qualquer fã do gênero que esteja na busca por uma nova aventura deste subgênero. Vale mais a pena jogar o primeiro game da franquia.

Morbid The Lords of Ire

Este review foi produzido com uma cópia para PlayStation 5 fornecida pela Merge Games. O jogo está disponível para PC (via Steam e Epic Games Store), Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X/S e PlayStation 5.


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