Jogos como serviço têm chamado muito a atenção nos últimos anos, e não de forma positiva
Nesta última quinta-feira (09), tanto a Warner Bros. quanto a Sony, anunciaram os planos para projetos de jogos como serviço. No caso da dona do PlayStation está adiando metade dos títulos que estavam em planejamento, enquanto a detentora de Mortal Kombat está focada em transformar as principais franquias nesse formato.
Com a possibilidade de alta monetização com os conteúdos adicionais, passes de batalha e também muitas microtransações, parece que a indústria está focando bastante nesse formato. Entretanto, será que ainda é viável ficar investindo em live service?
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Cases de fracasso
Uma série de jogos que começaram como serviço, não tiveram a sorte de se manter de pé como outros. Back 4 Blood, Knockout City, Apex Legends Mobile, Rumbleverse, CrossfireX, a lista é enorme.
Muito pelo fato de depender bastante de uma equipe de desenvolvimento focada somente naquele projeto, ou pelo fato do mercado já estar saturado, boa parte dos títulos que chegaram recentemente, acabaram indo de arrasta para cima depois pouco tempo em atividade.
Gigantes como Warzone e Fortnite, continuam muito bem. Destiny 2 tem uma base de jogadores sólida o suficiente para manter a Bungie focada no RPG online, no entanto, as coisas não parecem estar indo bem por lá também.
Com uma série de demissões na empresa, a criadora da franquia Destiny está patinando para manter a comunidade engajada, e a queda de qualidade nas expansões foi sentida por boa parte dos jogadores.
Em um comunicado recente sobre a situação toda dos desligamentos, a própria Bungie admitiu que a qualidade da expansão Queda da Luz, não foi das melhores. Nessa situação toda, pelo menos, a empresa admitiu o erro e espera conseguir reverter a situação.
Nesse caso, a Bungie tem o tempo, e o dinheiro, para conseguir isso. Em outras situações, isso não acontece. Knockout City teve que encerrar os servidores pela falta de pessoal para continuar desenvolvendo novos jogos enquanto continuam focados em atualizações.
Com Back 4 Blood, foi a mesma situação. Fica difícil acredita que esse é o futuro para a indústria dos games, ainda mais considerando que muitos estúdios não conseguem manter esse modelo de forma sustentável a longo prazo.
Até mesmo os gigantes da indústria
Com a Sony e a Warner Bros. mostrando que estão engajadas em transformar alguns dos títulos em jogos como serviço, fica claro que essa jogada é focada pura e simplesmente em fazer dinheiro com microtransações.
Inclusive, o próprio CEO da Warner Bros., David Zaslav, admitiu isso ao comentar sobre o plano de transformar as principais franquias em live service. Para Zaslav, essa é uma oportunidade significativa de lucro, principalmente após a venda do produto.
É bem provável que o posicionamento da empresa seja vender o título por um determinado valor — provavelmente no preço cheio — e continuar adicionando conteúdo por meio de microtransações.
No caso da Sony, pela empresa ter grandes propriedades intelectuais como Horizon, The Last of Us e God of War, o conceito seria incorporar esses nomes fortes nos projetos. Entretanto, as coisas parecem não ter se encaixado ainda.
Não sabemos muito sobre o MMORPG de Horizon, mas foi dito que o multiplayer no universo de The Last of Us tem passado por problemas e estaria com o desenvolvimento congelado enquanto a Naughty Dog decide o rumo do projeto.
A Activision Blizzard, que teve sucesso com Warzone, tentou replicar a fórmula com Overwatch 2. Nesse caso, o resultado é bem diferente. A sequência do sucesso da desenvolvedora, não conseguiu chegar perto do impacto do original.
Com o fim da Overwatch League, é provável que Overwatch 2 comece a ficar cada vez menos em evidência. E mesmo assim, a Blizzard deve continuar focando na monetização pesada para manter o jogo vivo.
A bolha está estourando?
Em um mar de jogos como serviço, passes de batalhas e microtransações, não dá para negar que o formato dá dinheiro para as empresas. No entanto, nem todo mundo pode abocanhar uma parte desse mercado, principalmente por ele já estar bem saturado.
Para os gigantes do serviço, as coisas continuam indo bem. Warzone continuará se mantendo como um jogo como serviço sólido, assim como Fortnite ou até mesmo Destiny 2, por serem títulos que já possuem a confiança do consumidor e demandam uma quantidade de tempo dos usuários.
Trazer mais jogos para esse mar de opções não fará o usuário ter tempo infinito para investir em mais um título como serviço, mesmo que ele tenha uma jogabilidade maravilhosa. Infelizmente, é um mercado que está ficando cada vez mais fechado.
Investir muito tempo em um jogo, principalmente um lançamento, é comum. Porém, é difícil demais continuar mantendo o usuário engajado depois de um certo tempo, já que é comum ele retornar para o que já está acostumado e gastou boa parte do próprio tempo.
Jogos como serviço parecem atraentes para investidores, que ficam assistindo às ações subirem por cinco ou seis meses e garantem o lucro que vem com o hype. No entanto, passada a novidade, o título passa a ter pouco retorno, e começam as demissões e reformulações de estúdio.
Com todo mundo querendo entrar na onda dos jogos como serviço, não vai demorar para que o consumidor não aguente mais e rechace o gênero. Até lá, ficaremos vendo essas tentativas sem sucesso de emplacar um novo fenômeno como Fortnite ou Warzone.