Quem acompanha o cenário, sabe que a situação atual da indústria de games está abalada em 2024, sendo marcada por inúmeras demissões e cortes, enquanto executivos recebem altas remunerações. Em meio ao “caos” deste cenário, desenvolvedores como o estúdio independente Summer Eternal, responsável pelo spin-off do aclamado Disco Elysium, buscam alternativas para melhorar as condições de trabalho e desafiar o status quo da indústria.
Aleksandar Gavrilović, membro do Summer Eternal, acredita que as recentes greves com às da Ubisoft representam um passo importante na luta por melhores condições de trabalho.
“As greves e piquetes que estamos vendo atualmente nas instalações da Ubisoft são o primeiro passo em direção a mais poder para os trabalhadores da indústria“, explicou Aleksandar Gavrilović ao site VG247. Segundo o desenvolvedor, tais lutas desempenharam um papel importante na criação da estrutura do Summer Eternal. “Eu mesmo concordo com a visão aceleracionista de que a única maneira de alcançar melhores condições é entrar em crises que ressaltam as contradições da sociedade e nos forçam a refazer o mundo.”
No entanto, Gavrilović também aponta que desafios maiores persistem, como a concentração de poder em plataformas digitais como a Steam.
“Ainda estou esperando ansiosamente uma segunda crise na indústria de games, uma que destacaria o maior problema estrutural no desenvolvimento de jogos – o fato de que um terço de toda a receita de PC dos desenvolvedores (de indies a AAA) é desviada para feudos digitais, dos quais a Valve (Steam) é o exemplo mais flagrante. Posso imaginar um futuro próximo com mais poder de trabalho, mas me falta imaginação para visualizar a substituição da Valve por uma alternativa de propriedade da comunidade. Esse ‘Winter Castle’ não cairá tão facilmente, mas deveríamos pelo menos começar a discutir abertamente as alternativas.“
O pessimismo constante na Indústria de Games
Dora Klindžić, outra integrante do Summer Eternal, expressa um pessimismo ainda maior em relação à indústria de games, afirmando que ela já chegou ao fim.
“É verdade, Summer Eternal não vai consertar a indústria de jogos, embora como um subproduto da nossa operação possamos gerar uma ‘panaceia’ para diversos problemas. Acho que essa indústria acabou. Mas, felizmente para todos, os videogames não acabaram.”
É triste observar tanto pessimismo e visualizar um futuro tão sombrio na indústria de games. Porém, precisamos pelo menos entender e acompanhar a luta por mudanças dos desenvolvedores neste cenário cada vez mais caótico.
A formação de coletivos como o Summer Eternal e a organização de greves são exemplos que devem ser seguidos e não “criminalizados” na indústria de games.
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Com informações de VG247
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