Contratado em 5 de outubro de 2020, Abel Ferreira ultrapassou Osvaldo Brandão ao chegar aos 3 anos, 7 meses e 21 dias à frente do Palmeiras
Em novembro de 2020, o Palmeiras contratava um técnico português quase desconhecido e cercado de desconfiança. Com mais de 1.300 dias depois, Abel Ferreira conseguiu edificar uma bela história no Alviverde, marcada por títulos e recordes, como o de ser o mais longevo no comando do clube, ultrapassando a lenda Oswaldo Brandão.
O trabalho de longo prazo de Abel Ferreira no Palmeiras logo deu resultado, uma vez que o treinador foi campeão da Libertadores da América e da Copa do Brasil ainda em 2020. Este foi apenas o primeiro dos 10 títulos conquistados pelo português à frente do Alviverde.
Ao todo, Abel ajudou o clube a conquistar duas Libertadores (2020 e 2021), dois Brasileirões (2022 e 2023), três Campeonatos Paulistas (2022, 2023 e 2024), além de uma Copa do Brasil, uma Supercopa do Brasil (2023) e uma Recopa Sul-Americana (2022).
Por isso, o Game Arena preparou um conteúdo para contar a história de técnicos longevos do futebol brasileiro e quem somam passagens importantes por seus clubes. Veja abaixo.
Amadeu Teixeira – América de Manaus (1955-2008)
Primeiro lugar desta lista, Amadeu Teixeira é hors concours entre os treinadores mais longevos do futebol mundial. Entre os fundadores do América-AM, tradicional clube amazonense, que hoje se encontra sem atividades profissionais, o treinador passou longos 53 anos à frente dos Diabos, oito a mais do que Abel Ferreira tem de idade.
Ao longo de sua vida dentro do clube, acumulou os cargos de massagista, fisioterapeuta e até mesmo presidente com a função de técnico, que exerceu até 2008, dois anos anos de se licenciar do clube.
Amadeu assumiu a equipe após a sua fase mais áurea, quando foi tetracampeão estadual (1951-1954) sob o comando do técnico Cláudio Coelho. Sob sua batuta, o América-AM venceu duas vezes a Segunda Divisão (1961 e 1962), além de ganhar mais um estadual, em 1994.
Em 2010, deixou sua última função no clube, a de presidente, nomeando sua neta, Bruna Parente, para comandar o Rubros pelo triênio seguinte. O ano, inclusive, marcou a primeira – e única – participação do clube na Copa do Brasil. No mesmo ano, o clube ainda conquistaria o seu maior glória: o título da Série D do Campeonato Brasileiro.
Entretanto, o time amazonense acabou condenado por escalar um jogador irregular contra Joinville, nas quartas de final do torneio, e acabou perdendo seis pontos, o que lhe tirou o título e o sonho de disputar a Série C.
Endividado, o América-AM interrompeu suas atividades profissionais em 2015, por não conseguir mais arcar com as as suas despesas. Assim, afastado do futebol e vendo seu clube inativo, Amadeu Teixeira faleceu em 2017, aos 91 anos.
Lula – Santos (1954-1966)
Comandante de um dos maiores times da história do futebol, o Santos de Pelé, Lula é o segundo técnico mais longevo da história do futebol brasileiro. Ao todo, foram 12 anos à frente do time da Vila Belmiro e incontáveis títulos conquistados.
Com o esquadrão liderado por Pelé, Pepe, Coutinho e Zito, a lenda santista conquistou oito Campeonatos Paulistas (1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964 e 1965), foi pentacampeão brasileiro (1961 a 1965), quatro torneios Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964 e 1966), duas Libertadores da América (1962 e 1963), além de duas Taças Intercontinentais (1962 e 1963).
Depois de sua saída do Santos, ainda treinou Corinthians, Portuguesa e Santo André, em ficou por apenas três partidas. Assim, faleceu em 1972, aos 50 anos, em decorrência de complicações por um transplante de rim.
Henry “Harry” Welfare – Vasco (1927-1937)
Além de Abel Ferreira, há outro estrangeiro na lista dos técnicos mais longevos do futebol brasileiro. É o caso do inglês Henry Welfare. Histórico atacante do Fluminense na década de 1910, o tanque britânico ficou conhecido como Harry e, após iniciar sua carreira como treinador, passou 10 anos no comando do Vasco da Gama, onde conquistou três títulos do Campeonato Carioca (1929, 1934 e 1936).
Durante seu período à frente do Cruzmaltino, o Vasco teve um dos maiores esquadrões já vistos na Colina, com nomes como Jaguaré, Domingos da Guia, Fausto dos Santos, Russinho e Leônidas da Silva.
Após deixar o cargo de treinador, em 1937, seguiu como auxiliar tático do histórico Ondino Vieira, uruguaio responsável por comandar o “Expresso da Vitória”. Harry ainda voltaria ao comando do Vasco em 1940, mas sem o brilho da passagem anterior.
Flávio Costa – Flamengo (1938-1945)
Lateral direito, como era Abel Ferreira no Sporting, Flávio Costa fez toda a sua carreira profissional no Flamengo, clube do qual seria técnico ainda como atleta. Em sua primeira passagem, entre 1934 e 1937, o Alicate, como ficou conhecido, atuou em dupla-função até 1936.
Contudo, a passagem que coloca Flávio Costa nesta lista é a segunda. Após comandar rapidamente a Portuguesa-RJ, o comandante foi recontratado pelo Mengão e lá ficou por sete anos. Durante este período, o treinador conquistou quatro Campeonatos Cariocas (1939, 1942, 1943 e 1944) e acabou alçado à Seleção Brasileira.
No comando da Canarinha a partir de 1945, o profissional foi responsável por montar o time que disputou a Copa do Mundo de 1950 e acabou derrotado na final por 2 x 1, pelo Uruguai, no Maracanã.
Flávio ainda voltaria ao Flamengo em 1951, após passagem pelo Vasco da Gama, mas sem conseguir repetir o mesmo sucesso de outrora. O Alicate faleceu aos 93 anos, em em 23 de novembro de 1999, por conta de um aneurisma abdominal.
Telê Santana – São Paulo (1990-1996)
Entre os mais reverenciados técnicos da história do futebol brasileiro, Telê Santana constuiu uma relação de amor e idolatria com um clube poucas vezes vista no país.
O Mestre, como ficou conhecido, somou passagens importantes por diversos times como Atlético-MG – onde começou a carreira -, Botafogo, Grêmio, Fluminense e Palmeiras, mas foi no São Paulo que Mestre Telê encontrou seu maior esplendor.
Apesar de uma passagem enquanto jovem treinador em 1973, Telê Santana voltou ao Tricolor em 1990 para escrever sua história no panteão do Soberano.
Comandando um time recheado de craques como Raí, Antônio Carlos, Cafu, Leonardo e Müller, Telê iniciou sua saga vencendo o Campeonato Brasileiro de 1991, mas com muito mais a conquistar.
Nos dois anos seguintes, venceu a Copa Libertadores da América e o Mundial de Clubes, em finais históricas contra o Milan de Maldini (1992) e o Barcelona de Hristo Stoichkov (1993).
Seu trabalho no São Paulo só foi interrompido em 1996 por conta de problemas de saúde. Após sofrer uma isquemia cerebral, ficou acabou ficando com sequelas na fala e limitações na locomoção. Assim, precisou encerrar a carreira para cuidar da saúde.
Comandante da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, Telê Santana faleceu em 2006 por conta de uma infecção generealizada em Belo Horizonte aos 74 anos.
Hoje se completam 13 anos de saudades do Mestre! Falecido no dia 21 de abril de 2006, Telê Santana tem um lugar cativo no coração dos torcedores tricolores de todas as gerações. pic.twitter.com/JJ8Zl9tugx
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) April 21, 2019
Além de Abel Ferreira, quem são os técnicos mais longevos do Palmeiras?
Abel Ferreira – 1.329 dias (de 05/11/2020 a 26/06/2024)
Oswaldo Brandão – 1.327 dias (de 24/11/1971 a 13/07/1975)
Luiz Felipe Scolari – 1.101 dias (de 22/06/1997 a 27/06/2000)
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