Estreando em 2014 nas páginas da Weekly Shonen Jump, My Hero Academia (Boku no Hero Academia) conquistou fãs ao redor do mundo. Além de trazer à tona o talento do mangaká Kohei Horikoshi, a série seguiu com um formato de publicações digitais, já dando pontapé inicial em uma nova fase na editora Shueisha, responsável pela obra.
À medida que nos aproximamos dos últimos cinco capítulos do mangá, além de chegarmos na 7ª temporada, este é um bom momento para conversarmos sobre a jornada de Izuku Midoriya e seus colegas da UA.
Além disso, precisamos conversar sobre como a série evoluiu para o sucesso que é hoje como um anime. Porém, precisamos discutir sobre a ideia de “flop” defendida por muitos fãs, alguns que chegaram a abandonar a série.
Recapitulando brevemente
A história segue Izuku Midoriya, um jovem sem poderes no planeta Terra com 80% da população nascendo com habilidades especiais chamadas “Quirks” (Individualidades em português).
Com o seu sonho de se tornar um herói quase impossível, Midoriya recebe uma chance única ao encontrar All Might, seu ídolo e herói número um do mundo. Reconhecendo a coragem de Izuku, All Might o torna seu sucessor, transferindo-lhe o poder do “One For All“.
Após isso, vemos nosso protagonista ingressar na Academia U.A., a escola de elite para heróis em formação. Lá, Izuku torna-se amigo inseparável de outros estudantes, como Shoto Todoroki, Ochaco Uraraka e Tenya Iida e vários outros.
É lá também que ele reencontra seu amigo de infância e agora rival, Katsuki Bakugo. Além de Midoriya, a série traz o drama e histórias individuais de diversos personagens, trazendo motivações diversas, conflitos e resoluções interessantes (às vezes).
Os vilões memoráveis e debates
A história de “My Hero Academia” é marcada por lutas intensas contra vilões poderosos, em especial o líder da Liga dos Vilões Tomura Shigaraki e o terrível All For One, rival direto de All Might. Mas a série aborda muitas outras ameaças, além de trazer debates como princípios, esforço, ética, coragem para seguir em frente e muito mais.
Apesar da presença constante dos vilões, temos diversos arcos narrativos de My Hero Academia focados na vida escolar dos estudantes. Afinal, eles são adolescentes e precisam viver suas próprias vidas. Mas aos poucos, novas atribuições são dadas aos jovens heróis.
Contando sua história ao longo destes 10 anos, o mangaká Kohei-sensei traz arcos planejados para expandir o universo dos super-heróis e poderes, contextualizando o leitor sobre os conceitos, origens e históricos de figuras memoráveis, tanto de heróis quanto de vilões. Ao longo da série, o criador tentou amarrar todas as pontas soltas.
My Hero Academia sempre buscou apresentar novos personagens e discutir temas complexos ligados a escolhas de cada um e os destinos que a vida nos leva (só olhar o caso da história de origem de Shigaraki).
É esta expansão do universo onde a série acaba se perdendo (para alguns), fazendo a popularidade do mangá cair bastante.
Muita gente, muito poder, muito drama e pouco desenvolvimento
Apesar de ser um dos poucos que defendo o mangá de My Hero Academia até o fim, devo concordar que houve uma ligeira queda na qualidade da história. Aqui deixo uma grande ênfase na “história”.
Afinal, durante anos e diversos volumes, Kouhei-sensei desenvolveu os membros da Academia UA, sejam os alunos da Turma 1-A quanto os estudantes e professores. A súbita mudança de enredo para uma ameaça à escala global como All for One e a ascensão da Liga dos Vilões foi bastante apressada e mudou bastante o clima.
Isso não é algo tão incomum assim. Vimos o mesmo em séries como Naruto, Katekyo Hitman Reborn, Bleach e tantas outras. E o pior, adicionando uma tonelada de personagens sem o devido desenvolvimento dos mesmos.
Temos poucas páginas de narrativa para heróis que, aparentemente, são grandes destaques na trama. O mesmo vale para os vilões. Então nos perguntamos, que fim teve “fulano” ou “beltrano”?
A resposta de Kohei-sensei e dos editores da Jump é enfiar novos e antigos personagens em diversos capítulos, dando uma possível ênfase que não dura nada. Enquanto isso, seguimos interessados na trama principal e na jornada de Midoriya, quando o “pau tá comendo” no Japão e tem muita coisa acontecendo, com muita gente indo e vindo e não gerando qualquer interesse do leitor com seus destinos.
Infelizmente, são muitas narrativas acontecendo em paralelo, deixando tudo muito confuso e fazendo o leitor nem se importar com o destino de personagem A ou B.
Porém, para a sorte dos fãs, os diretores e roteiristas do anime conseguiram dar uma “sobrevida” à trama. Foram acrescentadas algumas novidades e amarrados conteúdos vistos em guias de personagens e textos extras para dar uma maior importância para figuras que passaram batidas na versão em mangá.
Saindo do clímax e chegando ao epílogo de My Hero Academia
Bem, quem acompanha o mangá já sabe que tudo se encerrou. Vimos o desfecho da trama principal trabalhada por Kouhei-sensei por anos. Mas, tanto ele quanto os editores da Jump sabem que muitas pontas ficaram soltas, com várias possibilidades e finalizações em aberto.
É chegada a hora de amarrar finalmente estas pontas, dando um final digno a saga do mundo dos super-heróis japoneses, mas com cara de HQ dos Estados Unidos.
Vida longa a My Hero Academia. E que não inventem de fazer um “Boruto” para esta série!