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É hipocrisia criticar os gráficos de Zelda

É hipocrisia criticar os gráficos de Zelda

Da má vontade ao mau-caratismo, muitos criticam os gráficos de Zelda no Switch, por criticar Existe um argumento que usam quando se fala sobre Zelda, que já está mais batido que aquela camisa desbotada que você insiste em usar, e está na hora desse papo ir para o lixo. Toda vez que sai um bendito trailer, imagem, uma vírgula sobre The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, chega uma corja de papagaios repetindo o mesmo: ''que gráfico feio!''

Igor Pontes •
05/04/2023 às 23h00, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 10 minutos

Da má vontade ao mau-caratismo, muitos criticam os gráficos de Zelda no Switch, por criticar

Existe um argumento que usam quando se fala sobre Zelda, que já está mais batido que aquela camisa desbotada que você insiste em usar, e está na hora desse papo ir para o lixo. Toda vez que sai um bendito trailer, imagem, uma vírgula sobre The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, chega uma corja de papagaios repetindo o mesmo: ”que gráfico feio!”

Tudo bem que o Nintendo Switch é um console de 2017, e mesmo assim ele consiga realizar milagres com a sua engenharia para conseguir rodar os jogos. No entanto, com a franquia do menino Link, as pessoas tem ficado cada vez mais ácidas ao falar do jogo. Talvez seja a falta de perspectiva.

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As comparações de Zelda com Genshin Impact

Essa daqui, ah, essa daqui me deixa completamente revoltado da cabeça. Posso começar falando que, bem, Genshin Impact custou cerca de US$ 100 milhões — aproximadamente R$ 505 milhões na cotação atual. E não só isso, o Genshin Impact também custa isso para manter seus servidores ao redor do mundo, e também suas novidades frequentes. Todo o argumento de ”ah, olha só, Genshin Impact, esse jogo gratuito, tem para celular, com gráfico mais bonito” é balela. Genshin Impact é talvez um dos jogos mais lucrativos da atualidade. E ainda assim, ele é bem baseado em Zelda.

Zelda e Genshin

E não só isso, Genshin Impact bebe da fonte de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, a ponto de entornar o copinho e sujar a camisa. O planador, visuais da natureza, sons, personagens, tudo é bem parecido com os Zelda de Nintendo Switch. Aliás, caso você não se lembre, o jogo foi vendido inicialmente como: ”alá, o gacha inspirado em Zelda”. Existem muitas coisas iguais em questões de visual. Alguns monstros chegam a soltar uma névoa negra bem parecida com a malícia.

 

Tried to launch Genshin on a potato phone. Welcome all to Monstadt 64!
by u/Crepack in Genshin_Impact

Não existe problema nenhum em se inspirar, muito pelo contrário, é até bom. E isso prova como a direção de arte de Zelda, sempre foi o foco na hora de criar os jogos. É óbvio que um gráfico bonito pode encher os olhos de quem só se importa com isso, mas prefiro mil vezes um jogo cheio de coisa para fazer e mecânicas mirabolantes. O que faz um jogo ser bom, sabe? E eu não vou nem falar sobre a galera pegando capturas de tela de Genshin Impact no computador, quando o jogo em um celular mais fraco, roda como na imagem acima. Sério, gente, vocês não são geniais por isso.

Genshin Impact é uma máquina de dinheiro, e todo mérito dele por ser, então é difícil você comparar a equipe que trabalha em Zelda com um estúdio que tem US$ 100 milhões para gastar em manutenção de um jogo. Dá esse dinheiro todo na mão do Eiji Aonuma para ver o estrago que ele faz, ainda mais levando em consideração que a produção inteira de Breath of the Wild tem estimativa de rodar ao redor desses US$ 100 milhões. TODO O CUSTO do jogo da Nintendo é o que Genshin Impact tem como orçamento de manutenção.

”Os gráficos do Nintendo Switch são feios”

Meu irmão em Cristo, 2023, está mais do que na hora da gente soltar a mão de achar que um jogo com gráficos impressionantes é, intrinsecamente, bom. Não é isso que faz um jogo ser competente, se fosse assim, os Crysis seria a maior trilogia da história. Gráfico bonito é o que menos importa ao ter um bom jogo, e acho que está mais do que na hora do pessoal parar de se apegar na quantidade de píxel tem na tela de um videogame híbrido feito em 2017.

Acho que isso vem muito da geração que nasceu com a Guerra dos Consoles, sites gringos fazendo comparação entre qual gráfico era melhor, com imagens que não tinham diferença nenhuma entre si. Sinto que muito do novo público, que foi expandindo e mudando com o tempo, perdeu o conceito de aproveitar um bom jogo independente dos seus gráficos. A gente brinca com Cyberpunk 2077, tendo problemas gráficos e bugs, mas ali o problema maior é a jogabilidade e o mundo vazio. Não é sobre isso que estamos falando, né? Quem sabe outro dia.

Zelda Tears of the Kingdom

Jogos NÃO precisam de gráficos absurdos para contar uma boa história, não precisam disso para ser bons, para ter uma jogabilidade refinada, conceitos interessantes ou um universo rico. Precisamos parar com essa mania tosca de querer comparar graficamente um console com o outro. Lógico que o aspecto gráfico tem que ser considerado, mas no momento onde isso importa. Pokémon Scarlet e Violet é feio. Feio que dói, pior que comer chuchu no almoço, porém consegue compensar com sua jogabilidade. Zelda? Os gráficos não são feios, só não tem o mesmo polimento que outros jogos, e isso é escolha artística. Não é possível que isso seja difícil de entender.

”Existem jogos mais baratos que tem gráficos melhores!!”

Sim, lógico que tem. Assim como existem jogos mais caros com gráficos piores que Breath of the Wild. No momento em que a galera desapegar de comparação gráfica e ficar focado na história, jogabilidade e mecânicas de um jogo, talvez seja mais fácil de apreciar videogame pelo que ele é. Arte e entretenimento são coisas que vão do gosto de cada um. Você pode não achar os gráficos de Zelda polidos, e está tudo bem até certo ponto. Mas falar que o jogo é feio? É difícil de engolir essa.

Zelda Tears of the Kingdom

Outros jogos também não são feitos focados em uma engenharia desenvolvida para servir um console híbrido. Ainda assim, muitos desses jogos também saem no Switch, e caso você não queira jogar por lá, está tudo bem. Tem quem vá jogar e se divertir da mesma forma.

Outra coisa que tenho que falar aqui, já que hoje em dia todos precisam ser óbvios, se não fica difícil a compreensão: os gráficos de Zelda são assim por escolha artística.

Existem outras formas de fazer os jogos, só ver Kirby and the Forgotten Land e Super Mario Odyssey. No caso de Zelda, existe um motivo pelo estilo de arte, que é mais parecida com um cell shading, com um toque de arte aquarelada. É só parar para ver por uma perspectiva completamente cabível que você consegue enxergar algo que é óbvio desde o lançamento de Breath of the Wild.

Deixem as pessoas se divertirem

Eu entendo, a Nintendo merece todas as críticas possíveis quanto aos mais variados assuntos. Sei bem disso. Mas nesse caso? É só uma tentativa boba de querer ser o grande crítico e antagonista da onda de pessoas empolgadas com um lançamento. Sempre tem alguém com uma mentalidade de ”hehe, vou criticar Zelda no Twitter e depois falar que é bait”, e sei lá, sabe. Não tem motivo mais para ser assim. Temos três consoles indo bem em vendas, com seus públicos engajados, e todos podem muito bem coexistir. Quer criticar algo cabível? Critique a falta de promoções nos jogos exclusivos da Nintendo, critique o apagamento das eShops dos seus consoles, e sua história completamente apagada sem remorso.

Zelda Tears of the Kingdom
Esse é você falando de bait.

Agora, querer criticar um jogo com altas expectativas, só porque o gráfico não te salta aos olhos? Existem mil argumentos que você pode elaborar na hora de tecer uma crítica, e fica feio ir pelo mais fácil, ainda mais quando é um assunto batido desses. Não é algo legal, e, no fim, você não terá mais amigos por criticar um jogo pelos gráficos. Saber apreciar um jogo, um filme, um quadrinho, pela mensagem que ele tem a oferecer, e não só se está bonito ou não, é muito mais divertido e interessante do que ficar nesse ”ah mas o jogo não tá bonito olha ali a grama toda pixelada”, como se você tivesse tocado em alguma nos últimos 5 anos.


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