Após vitória sobre a Nouns, Gabriel “FalleN” analisou evolução do jogo terrorista da equipe, planejou confronto contra paiN e comentou sobre o tweet emocionado e o fim da carreira
“O que aconteceu nesse campeonato foi viver esse momento que está sendo muito mágico, independente se a gente vai ganhar a vaga ou não. Reencontrar pessoas que encontramos lá atrás, kNgV-, nak, bit1, fnx, toda a galera que jogou comigo no 1.6. Tive a chance de ver o TACO e o coldzera conquistarem a vaga deles aqui, o dead. Já passamos tanta coisa no CS e ter a chance de viver uma coisa como essa é muito bom para compartilhar e bom para se viver.” – declarou.
Essa foi uma das inúmeras aspas fortes e emocionadas que Gabriel “FalleN”, jogador da Imperial, declarou em entrevista exclusiva ao nosso portal após a vitória de sua equipe sobre a Nouns, por 2 a 0, que lhe garantiu sobrevivência de sua equipe na competição, sonhando ainda com uma vaga no Major.
O capitão analisou como a equipe começou o torneio e a evolução que teve principalmente o jogo terrorista nas últimas séries, contra a Los + One e a própria Nouns.
No dia da estreia, a equipe havia conquistado uma vitória tranquila sobre a Isurus e depois acumulou duas derrotas duras, para 9z e 00nation, em séries MD1. A Imperial havia pontuado somente duas vezes na Nuke contra os argentinos e uma vez na Inferno contra os brasileiros do lado ofensivo.
Perguntado se prepararam melhor o jogo ofensivo para as séries decisivas melhor de três, ele afirma que no RMR Américas aconteceu algo inusitado que talvez nunca viveu em nenhum momento da carreira, onde o mesmo reconhece que focou mais no seu desenvolvimento individual e deixou de lado o “papel de capitão”, em tom bem-humorado se comparando com “ZywOo”.
“Esse campeonato acabou acontecendo uma coisa inusitada, eu nem sei se já vivi isso em algum momento. A gente começou as partidas muito bem, eu estava jogando muito bem de CT, brinquei com os meninos falando que tava parecendo o “ZywOo” depois da gripe (risos). Mas por algum motivo, uma chave interna, uma maneira de pensar, um foco que estava mais na minha cabeça, eu estava desenvolvendo mais o meu jogo individual e acabei deixando de lado o jogo coletivo. Não costuma acontecer, não aconteceu no passado com frequência, e isso fez com que fosse criado no ambiente não muito bom de TR, na criação das jogadas, maneiras de conduzir, uma certa velocidade em querer ganhar os rounds. Acabei percebendo isso após as duas derrotas e, com o time, percebi que precisava vim para os jogos e exercer meu papel como capitão um pouco melhor. É óbvio que tem diferentes pontos de vista com relação a isso, tivemos milhares de rounds para ter sido vencidos, nunca é uma coisa só. Mas, para mim, o que eu vi que deveria mudar e fazer uma coisa diferente era isso. E eu prometi para os meninos que tentaria trazer, pelo menos, entre seis e sete rounds de TR para nós. Está difícil jogar desse lado, o jogo está muito CT hoje em dia, mas estou feliz que estávamos conseguindo fazer isso.” – confessou.
Ainda segundo o desenvolvimento do jogo terrorista da equipe, “FalleN” elogia “fer” sobre a sua função dentro dos rounds, classificando o jogador como uma espécie de “coringa”, já que ele é responsável por “quebrar as regras e trazer algo diferente” para o jogo da Imperial, que ele mesmo classificou ser um jogo “sistemático”.
“Ontem o “fer” teve algumas jogadas individuais que discutimos antes da partida que eu queria que ele trouxesse, porque ele é o nosso coringa, querendo ou não, é o cara que vai quebrar as regras durante a partida e dar uma cara diferente no round para não ficar aquela coisa sistemática, pois somos muito sistemáticos jogando. Então estou feliz por essa virada de chave, acho que tenho jogado bem ainda, nada parecido com o nível do “ZywOo” depois da gripe, mas o time está jogando melhor e é isso que importa.” – comentou.
Após as análises, “FalleN” desenhou um confronto brasileiro amanhã contra a paiN Gaming, equipe que a Imperial acabou sendo derrotada na decisão da ESL Challenger Melbourne 2022, mês passado. Ele afirma que o foco sempre será no jogo da sua equipe, independente de qual adversário for. E se mostrou confiante para chegar na “missão” que é garantir a vaga para o Major do Rio.
“O foco de jogar contra a paiN vai ser o mesmo foco de jogar contra outras equipes, vamos tentar entender quais serão os mapas, entender o que precisamos fazer, como eles jogam e focar em torno do nosso jogo, que é o mais importante. Ficar tentando teorizar ou tentando jogar uma partida que você não joga simplesmente por ser um adversário diferente, vai te causar problemas durante o game. Então a gente vai vir para jogar o nosso game, já foi metade do trabalho, se tivermos qualidade e em um bom dia, vamos vencer mais dois mapas e chegar na grande final valendo a vaga para o Major, esse é o foco independente do adversário. Desculpe a paiN Gaming, mas independente de quem seja, nós temos uma missão e vamos fazer o máximo para pegar ela.” – declarou.
Em um certo momento da entrevista, questionei sobre como foi trabalhado o psicológico da equipe após ficar na berlinda sem poder mais ser derrotada na competição, acumulando duas derrotas já no segundo dia de disputas. Ele disse que já passou inúmeras vezes a possibilidade de ficar do Major, mas que vem trabalhando esse lado com seu irmão, Felipe Sguario, que está dando suporte emocional a equipe aqui na Suécia.
“Já passou bastante e passa desde lá atrás. Todo Major é especial e o Major do Brasil é mais especial ainda. Infelizmente as derrotas que tivemos no começo do RMR foram muito duras, porque a gente jogou fora uma oportunidade de traçar um caminho mais fácil para as vagas. Óbvio que veio na cabeça, mas você precisa desapegar, foi bastante importante as conversas que tivemos com o meu irmão, que acaba sendo a pessoa que está nos ajudando na parte psicológica do time, algumas maneiras de lidar com essa situação ajudou a gente também e precisamos focar nas coisas que pode te dar a chance de chegar lá e não focar no que já passou.” – disse.
“FalleN” utilizou os exemplos da G2 e Astralis, duas equipes do top 10 da HLTV, que acabaram sendo eliminadas no RMR Europeu e não estarão no mundial brasileiro. Para ele, isso é fruto de um CS cada vez mais difícil e competitivo.
“A chance de ficar fora do Major está aí para todo mundo, vimos a G2 e Astralis ficar de fora, não é fácil. Está cada vez mais difícil e o CS está cada vez mais competitivo. Então você precisa fazer por onde, a gente tem feito o melhor que podemos, trabalhando muito duro, mas não depende só da gente, tem também os adversários que estão trabalhando muito, jogando bem. Tem também as missões de vida, a gente vai tentar fazer o máximo que da e ver o que acontece.” – afirmou.
Finalizando a entrevista em tom emocionado, Gabriel “FalleN” comentou sobre o tweet bastante sentimental que fez nesta semana e também sobre a possível aposentadoria, deixando em aberto a possibilidade de acontecer a qualquer momento. Segundo ele, o planejamento é encerrar a carreira no fim de 2023, mas não garantiu se honrará isso e que “tudo pode acontecer”, deixando a possibilidade em aberto.
“Acordei chorando no dia da postagem, pensando muitas coisas, acabei fazendo o tweet, estava bastante emocionado e acabou saindo do coração. Se é meu último Major eu não sei, eu tenho o plano de jogar até o fim do próximo ano desde que eu montei o time The Last Dance, essa era a minha intenção. Tem horas que eu sinto que está suficiente (a carreira), principalmente quando está perdendo, tem horas que analiso e vejo que não preciso mais passar por isso, porque é duro. Mas quando está vencendo e no dia a dia, eu tenho muita vontade de continuar. Eu coloquei esse deadline para encerrar minha carreira no fim do próximo ano, terei mais alguns Majors para jogar, mas tudo pode acontecer. Vou deixar em aberto, vamos ver o que acontece.” – concluiu.
Gabriel “FalleN” e a Imperial Esports precisam de mais duas vitórias para carimbar a sua vaga no IEM Rio Major 2022. A equipe fará o provável encontro contra a paiN Gaming amanhã em confronto de vida ou morte, sendo talvez uma das últimas oportunidade de vermos o professor competindo profissionalmente.