Parceria da Microsoft com a empresa Inworld AI criará ferramentas como um “co-piloto de design”
A Microsoft revelou nesta segunda-feira (06), uma parceria com a empresa Inworld AI, para criar ferramentas de criação de diálogo e narrativa. No comunicado, a gerente geral de IA nos jogos, Haiyan Zhang, comentou sobre a parceria e como ela impactará os estúdios Xbox.
“Juntos, pretendemos fornecer um conjunto de ferramentas de IA multiplataforma acessível e projetado de forma responsável para ajudar e capacitar os criadores no design de diálogos, histórias e missões”, o conjunto de ferramentas inclui um “co-piloto de design”, que irá tornar prompts em roteiros detalhados, ramificações de diálogo, missões e mais.
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Já a outra ferramenta, será um criador de histórias dinâmico para personagens, podendo criar novas narrativas, missões e diálogos. Zhang explica no comunicado que com todas as ferramentas que criam na Xbox, o objetivo da Microsoft é entregar ferramentas de IA de última geração para desenvolvedores de todos os escopos.
Em agosto, a Inworld AI chegou a publicar sobre um mod de GTA V, que utilizava a ferramenta da empresa, mostrando um pouco das funcionalidades presentes. A modificação foi derrubada pela Rockstar, e vendo o vídeo que mostra as “vantagens” do conteúdo, dá para entender o motivo.
With Inworld’s intelligent #AI NPCs and @elevenlabsio voice technology, experience #GTAV as never before in the Sentient Streets mod by Bloctheworker.
Read more about the ElevenLabs x Inworld integration: https://t.co/WuNz53ZRbq#gamesdev #gamemod #chatgpt #aicharacters pic.twitter.com/HD94rw2Iql
— Inworld AI (@inworld_ai) August 8, 2023
Diálogos sem nenhum tipo de alma, vozes robóticas e ao ouvir os personagens, parece que foi algo escrito por um adolescente. Sem o humor e acidez do toque humano da Rockstar, o mod fica parecendo algo completamente fora de tom em Los Santos.
O conceito de utilizar inteligência artificial para criar histórias, é complicado. Não dá para negar que isso soa como uma forma de cortar custos para as empresas, principalmente as de maior escopo, que vão passar a terceirizar ainda mais as missões escritas por roteiristas reais, utilizando essas ferramentas.
Um dos principais trunfos de The Witcher 3: Wild Hunt, são as missões secundárias do jogo. Com um mundo tão bem escrito e um universo rico e cheio de coisas para se explorar, é bizarro pensar que em menos de uma década, a indústria está trabalhando para diminuir esse tipo de cuidado.
Além disso, a ferramenta soa como uma forma das desenvolvedoras manterem os jogos em produção em caso de greve ou falta de pessoal. Se fosse o caso de um estúdio indie com falta de recursos, tudo bem, até poderíamos ter concessões.
No entanto, tratando-se da Microsoft, que acabou de gastar US$ 69 bilhões na compra da Activision Blizzard, não tem como não levantar todos os alarmes de dúvidas e problemas que isso pode acarretar.
Apesar da Microsoft alegar que existirá um cuidado com a forma que a empresa irá utilizar as ferramentas, não dá para saber se outros estúdios terão o mesmo cuidado. Recentemente, The Finals, jogo que fez sucesso no beta aberto da Steam, comentou abertamente sobre usar vozes feitas com IA.
Ainda não se sabe até onde irá o uso de IA nos jogos, e com a Microsoft apostando pesado nessa vertente, pode ser que cada vez mais vejamos empresas optando por utilizar essas ferramentas para escrever missões secundárias ou diálogos, e colocar um número reduzido de roteiristas focados na missão principal.
Sem o cuidado e toque humano na hora de criar essas ramificações de diálogo, não dá para saber o quão preocupante será a qualidade dos produtos que devem vir utilizando esse tipo de ferramenta.
Imagine um mundo em que The Witcher 3: Wild Hunt, The Elder Scrolls V: Skyrim e Baldur’s Gate 3 tivesse utilizado IA para escrever missões secundárias. Pode não ser a realidade atual, no entanto, o futuro parece cada vez mais preocupante.
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