The Finals não utiliza atores em dublagem do jogo
The Finals, jogo que está em alta na Steam após entrar em beta aberto, tem enfrentado críticas por usar vozes geradas por meio de inteligência artificial ao invés de utilizar atores para o projeto. Em uma entrevista para o podcast “Meet The Makers”, os desenvolvedores responsáveis pela mixagem de som comentaram sobre o assunto.
“Usamos IA com algumas exceções”, disse Andreas, um dos devs. “Portanto, todas as vozes dos competidores, e ambos os nossos comentaristas são conversão de texto em fala por IA. Para coisas que chamamos de vocalizações, como respiração do jogador, saltos, isso é algo que nós nos gravamos no estúdio. Ainda não podemos fazer com que a IA execute esse tipo de tarefa”. Tanto desenvolvedores como dubladores foram a público criticar a decisão abertamente.
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Kit Harrison, dublador americano que trabalhou em Genshin Impact, comentou sobre o assunto no Twitter. “O que me impressiona é que eles precisaram trazer atores reais para captar os grunhidos, o esforço e sons de respiração, porque a IA não consegue fazer isso. Ele não consegue replicar o barulho que faço quando me levanto da cadeira, mas quer tirar o meu emprego?! Não me faça rir”.
So I guess The Finals is going with AI voices…? pic.twitter.com/PIAbR43ZrT
— Gianni Matragrano (@GetGianni) October 28, 2023
O diretor narrativo da Gearbox Software, Sam Winkler, também criticou a decisão da Embark Studios de utilizar a IA em The Finals. “Lançar um conteúdo com dublagem feita por IA é ruim, sem mais. Especialmente para um jogo que está tão bem polido em todos os outros aspectos apresentados, isso acaba se destacando como um polegar infectado”, finalizou Winkler.
Shipping content with AI VO is bad, flat out. Especially for a game that has so clearly polished every other aspect of its presentation to a gleaming finish, this sticks out like an infected thumb. https://t.co/2OW3yhxzZG
— Sam Winkler (@ThatSamWinkler) October 29, 2023
No entanto, Andreas, do Embark Studios, defendeu o uso da voz de IA em The Finals no podcast. “A razão pela qual seguimos esse caminho é que a conversão de texto em fala por IA é finalmente extremamente poderosa”, disse ele. “Isso nos leva longe o suficiente em termos de qualidade e nos permite ser extremamente reativos a novas ideias e manter as coisas realmente novas”.
“Então, por exemplo, se um designer tiver uma nova ideia para um modo de jogo, podemos ter uma narração representando isso em questão de horas, em vez de meses. Não precisamos fazer gravações [temporárias] que precisam ser substituídas. Acho que estamos realmente entrando em um novo amanhecer quando se trata de vozes em videogames. E se parece um pouco estranho, ainda combina muito bem com a fantasia do game show virtual”.
No entanto, ao ver pelos vídeos mostrando a dublagem, ela não é boa. Muito pelo contrário, a voz masculina, principalmente, mostra que ela é completamente artificial, além de não ter sequer uma entonação correta ou pausa nos diálogos.
De princípio, parece que é só uma voz mal-editada, mas por ter o uso de inteligência artificial, dá para perceber que os comentaristas em The Finals não tem emoção nenhuma por uma razão simples: são geradas por meio de um computador.
Em meio a uma situação que a indústria está a uma curva errada de uma greve, é bizarro olhar para um jogo tão bem polido e que parece divertido na jogabilidade, e ouvir as vozes que narram a experiência, soando fora de tom com tudo o que está acontecendo.
O pior de tudo, é saber que a equipe de mixagem de som defende isso como forma de “agilizar o processo”, quando é possível gravar sessões de forma remota, e muitos atores que trabalham com dublagem, possuem equipamento para isso.
No ano que temos atuações incríveis como a do casting de Baldur’s Gate 3, é complicado olhar para um projeto como The Finals que investiu tanto tempo em polir a jogabilidade, jogar tudo para o alto e não contratar atores para as principais vozes do título.
Além de soar completamente genérico, é triste ver desenvolvedores, que sabem como está a indústria, falarem de boca cheia sobre como usaram a inteligência artificial para criar um trabalho sem alma. Não é como se o mercado não estivesse com problemas atualmente.
Com tanta discussão sobre o uso de inteligência artificial nos games, ver esse tipo de situação, e como os desenvolvedores ainda tentam tirar vantagem disso, mostra que quem trabalha com voz e imagem no mundo do entretenimento, realmente precisa se precaver quanto ao uso dessas tecnologias.
A inteligência artificial pode ser uma ferramenta que lá na frente, possa ajudar no desenvolvimento de jogos, mas até agora, como The Finals mostra, tudo fica parecendo uma piada de mal gosto feita para lucrar ainda mais em cima de um mercado tão desvalorizado como a dublagem.
Com informações de: IGN
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