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Jóias Perdidas: Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu é mais fiel que Budokai Tenkaichi

O mundo dos games não começou na geração PS2. Há muita coisa para trás, clássicos reeditados, refeitos e relançados, lembranças...

Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu

Confira nossa coluna sobre essa pérola perdida do SNES! (Imagem: Divulgação)

O mundo dos games não começou na geração PS2. Há muita coisa para trás, clássicos reeditados, refeitos e relançados, lembranças nostálgicas com cheiro de comida de vó e Kisuco geladinho. Para os nascidos nos anos 80, as ditas “gerações iniciais” dos videogames construíram uma base sólida para o que veio se tornar a tal da décima arte. Hoje, o Game Arena lança a coluna Jóias Perdidas, na qual o leitor vai conhecer mais a fundo alguns dos jogos que deveriam ter esse cheiro de lavanda e pano de crochê, mas que, por algum motivo, ninguém conhece.

A ideia é, semanalmente, apresentar um jogo excelente do passado dos games, mas que não vieram para o ocidente, ou que foram vendidos de forma errada (valeu, Earthbound), e acabaram não fazendo sucesso. Abrir o leque de opções, em meio ao crescimento de um colecionismo retrô, e dar aos novos jogadores uma noção simples de onde veio tudo isso que cresceu onde, um dia, já foi tudo mato.

Falando em geração PS2, remakes e todo o furor causado pelo anúncio do novo jogo da série Budokai Tenkaichi, de Dragon Ball, veio o estalo. Por que não lembrar de um dos melhores e mais fiéis jogos da série de Akira Toriyama, que só os nerdolas mais viciados no anime de Goku aqui pelo ocidente chegaram a jogar? Ou nunca se perguntou porque céus não existe um game realmente fiel ao enredo? O pior é que existe. E o jogo nem é de luta. Conheçam Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu (Dragon Ball Z: A Lenda do Super Saiyajin), o jogo de cartinhas de Dragon Ball, que é muito melhor que muita superprodução milionária, com animações estapafúrdias e gameplay travada.

Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu

Sim, Dragon Ball Z tem um jogo de cartinhas. Não é bem um Magic: The Gathering, Hearthstone nem nada nesse sentido. O jogo funciona somente através de uma mecânica de escolha de cartas, que ditam as ações do personagem de acordo com o que cada uma delas significa. E aí está o grande problema, e a resposta do porque este jogo não fez sucesso. 

Lançado em 1992, apenas no Japão, como sucessor espiritual de Dragon Ball Gokuden 3 e Dragon Ball: Daimao Fukkatsu, que provavelmente poucos também jogaram, o jogo foi desenvolvido pela TOSE Software e publicado pela BANDAI, como praticamente todos os jogos do anime no Nintendinho e no Super Nintendo. 

E se nenhum desses nomes está traduzido, como um jogo de cartas, baseado em texto, pode dar certo no ocidente, se tudo está explicado entre os Kanjis, Katakanas e Hiraganas? E, pasmem, não existia Internet – bem, existia, mas não internet em computadores pessoais, que também mal existiam – pro jogador mais ávido buscar uma tradução feita por fãs. Explica bastante sobre a falta de sucesso do jogo no Brasil.

Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu

O tempo passou, a internet, de fato, chegou às casas dos populares, e o mundo conheceu o milagre da emulação (O Game Arena não apoia a pirataria, ouviram?). Os jogos então exclusivos do oriente chegaram do lado oeste, e passaram a ser traduzidos, geralmente para um inglês bastante quebrado, muitas vezes um francês, daí vinha um brasileiro malandro e traduzia a tradução, e assim por diante. Numa dessas levas, Super Saiya Densetsu arrumou uma tradução para o inglês. Completamente bugada, cheia de caracteres inconsistentes gerando crashes no jogo e grande elenco. Mas dava pra jogar. Quem realmente sentisse curiosidade, conseguiria entender a diferença entre cada carta, o que elas representavam e como usá-las para vivenciar a história de Goku nas sagas dos Saiyajins e de Freeza.

Os insistentes foram recompensados. Um excelente RPG de uma das séries mais famosas da cultura pop se abriu, e o jogador pôde incorporar Goku em uma jornada que envolvia lutar contra Saibaimen para ganhar experiência (cuidado, Yamcha!), usar a tal carta do Gohan para fazer com que ele ataque Raditz e dê tempo ao agora Kakarotto para agarrar a cauda do irmão mais velho, enquanto espera pela morte certa nas mãos – na verdade… NA PONTA DOS DEDOS, AMIGO, como diria o lendário Galvão – de Piccolo, ou sentir a dificuldade enorme em causar danos a Nappa, esperando, a cada turno, que Goku retorne do treinamento com o Sr. Kaio. 

Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu

E diferente dos muitos RPGs de turno da época, o jogo gera uma sensação de ação, de movimento, com as possíveis esquivas, a exploração das dungeons, o pequeno “mundo aberto” da Terra e de Namekusei, aparições repentinas de Vegeta, Dodoria, Zarbon. O jogo segue a série do começo ao fim, e surpreende com a dificuldade, bem equilibrada, permitindo que o jogador opte por subir de nível com encontros aleatórios antes de uma grande luta, ou indo encarar os chefes com menos níveis.

O jogo termina com a luta contra Freeza, na qual Goku, inclusive, pode se transformar em Super Saiyajin. E, de acordo com a equipe ainda viva ao fim da jornada, os finais são diferentes, abrindo a opção inclusive de uma batalha extra contra Vegeta Super Saiyajin. Em um jogo de 1992, a série Dragon Ball foi respeitada e teve, discutivelmente, o jogo mais fiel já feito, com relação ao enredo. Um jogo extremamente criativo, usando uma mecânica quase que inimaginável para uma franquia de ação, para criar uma obra de arte do Super Nintendo. Bem, na verdade, Super Famicom, já que, né, Japão…

Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu

Portanto, aos que colecionam, estudam japonês ou têm acesso a uma máquina de reprogramação de chips de Super Nintendo… ah, emula, a gente finge que não vê. Mas, para estes, Dragon Ball Z: Super Saiya Densetsu é uma obra de arte. Uma jóia perdida dentro de uma das franquias mais populares do mundo. Experimenta aí. Só não estranha o cheiro de bolinho de chuva passando pela sala.

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