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13 anos depois, Ghost Trick ganhará os holofotes que merece

O Nintendo Direct de fevereiro guardou uma ótima surpresa para fãs do Nintendo DS. Durante o evento digital, uma remasterização...

Ghost Trick

O Nintendo Direct de fevereiro guardou uma ótima surpresa para fãs do Nintendo DS. Durante o evento digital, uma remasterização de Ghost Trick foi confirmada para PC e consoles. É a chance de muita gente conhecer um jogo que passou longe de ter todo o sucesso e prestígio que merece.

Dizer que Ghost Trick é genial não dá a dimensão de como ele é bom, principalmente porque usamos essa palavra de modo cada vez mais trivial. “Obra-prima” talvez ajude um pouco, mas também parece um conceito meio banalizado. Então vamos dar uma geral nas suas principais qualidades para contextualizar melhor.

Escrito e dirigido por Shu Takumi (da série Ace Attorney) e lançado originalmente para Nintendo DS em 2010, Ghost Trick mistura puzzle e investigação com grande foco em narrativa. A treta toda aborda o estranho caso de Sissel, um fantasma que não consegue se lembrar quem é e nem como morreu. É uma história de mistério, na qual o maior enigma é a própria identidade.

As mecânicas exploram as possibilidades da sua condição de alma penada. Sissel pode possuir objetos e manipulá-los, para se locomover ou para interagir com os vivos. Essa habilidade é crucial para explorar os ambientes, conhecer os personagens e impedir a morte de inocentes, que se tornaram alvo de um misterioso grupo.

É aí que entra uma mecânica chave no sistema do jogo: viajar no tempo. Quando uma pessoa morre, podemos reverter isso, revivendo os últimos 4 minutos da vida dela. Nesse tempo, usamos os poderes de fantasma do Sissel para bagunçar a cena, manipulando objetos, no intuito de mudar o destino final. A oportunidade de pregar peças sendo invisível é o elemento central, que inclusive dá nome ao jogo.

Ghost Trick

É interessantíssimo notar que, na estrutura, Ghost Trick é uma releitura do gênero point’n click, no qual apontamos objetos e personagens no cenário para progredir em enigmas e desenrolar a história. A grande virada é que, em vez de apenas apontar com uma seta de mouse, o meio de interagir é se movimentar de objeto pra objeto usando o movimento de “arrastar” com a caneta Stylus do DS. Como o alcance de Sissel é limitado, não podemos interagir com objetos muito distantes, transformando a locomoção em um puzzle.

Outra inovação é colocar os acontecimentos em tempo real ao longo da cena de 4 minutos que leva à morte de alguém. Nesse desafio, é como se estivéssemos interagindo com uma peça de teatro, sem que o jogo se limite a aguardar nossos cliques e decisões para dar continuidade aos eventos, como seria comum em um jogo point’n click.

Todo o conceito é potencializado por personagens absurdamente carismáticos, uma animação de modelos 3D assombrosa pros padrões do DS e mais uma trilha sonora inspiradíssima de Masakazu Sugimori, que também trabalhou em Ace Attorney.

Por todos esses motivos, é um grande mistério pra mim que o jogo não tenha sido tão popular e aclamado. Virou uma espécie de clássico “cult” entre as pessoas que jogaram, sendo repassado no boca a boca. A impressão que dá é que o marketing da Capcom nunca soube muito bem como vender a ideia do jogo.

O anúncio da remasterização vem como uma surpresa, mas também como um reconhecimento da empresa de que tem, em mãos, um jogo especial, que merece chegar a um público maior. Talvez ele nuca vire um fenômeno de vendas ou uma referência de peso nos padrões da indústria, talvez continue sendo algo de nicho, cultuado por uma comunidade restrita. Mas, se nesse relançamento, ele proporcionar para mais pessoas uma experiência tão incrível quanto a que eu tive, terá valido a pena.

O mundo merece conhecer o melhor lulu da pomerânia da história dos videogames.

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