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Esse jogo não devia ser uma DLC

Esse jogo não devia ser uma DLC

Alguns jogos sofrem com o estigma de serem chamados de DLC, quando passam longe disso Uma mania que se tornou recorrente na comunidade de jogos é a de falar que determinada sequência é só uma DLC do título anterior, ou a piada clássica do ''Mesmo jogo 2''. No entanto, algumas vezes essa crítica, disfarçada de brincadeira, não encaixa com o que está na tela.

Igor Pontes •
22/04/2023 às 17h00, atualizado há 2 anos
Tempo de leitura: 9 minutos

Alguns jogos sofrem com o estigma de serem chamados de DLC, quando passam longe disso

Uma mania que se tornou recorrente na comunidade de jogos é a de falar que determinada sequência é só uma DLC do título anterior, ou a piada clássica do ”Mesmo jogo 2”. No entanto, algumas vezes essa crítica, disfarçada de brincadeira, não encaixa com o que está na tela.

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O principal problema dessas críticas é mostrarem que, muitas vezes, a comunidade ”gamer” engaja em batalhas ou argumentos de forma contra-produtiva, e, muitas vezes, apontando o canhão pro lado errado. Em um mundo onde existem empresas que realmente fazem jogos que poderiam ser DLCs, as pessoas se perdem no argumento e acabam não atacando o ponto necessário.

Jogos standalone são, sim, DLCs glorificadas

Esse ponto sobre alguns jogos serem DLC é justo, quando falamos de títulos como Uncharted: The Lost Legacy e Spider-Man: Miles Morales. Esses sim são DLCs com preço de um jogo cheio. O grande problema de entregar o tal título ”standalone” é que, muitas vezes, é uma forma de colocar um conteúdo que deveria ser uma expansão, ou uma DLC, em uma categoria que permite às empresas colocarem o preço cheio de um lançamento.

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Acredite, esses títulos não são ruins, mas realmente poderiam ter sido só uma grande expansão para o jogo base, sem nenhum problema, caso os jogadores quisessem explorar esse conteúdo que se passa depois da história principal. No caso de Spider-Man: Miles Morales, é pior ainda, já que o título se passa logo após o fim de Marvel’s Spider-Man, e é uma história tão contida naquele universo que daria muito bem para ser uma expansão inclusa no game.

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Não dá para negar que esse movimento é feito para pescar o jogador que está sedento por mais conteúdo de um jogo, trazendo uma novidade que é grande o suficiente para justificar um possível título separado, quando sabemos que, na verdade, poderia muito bem ser mais um conteúdo adicional. Dito isso, existe uma diferença grande entre uma continuação, e um conteúdo que deveria ter sido incluído no jogo base.

Sequências vão ser parecidas e isso é normal

Uma coisa que aconteceu recentemente com God of War: Ragnarök e The Legend of Zelda: Tears of The Kingdom, foi a crítica de que esses jogos seriam a mesma coisa de seus antecessores, muito por utilizarem cenários, animações e ambientação do título anterior. O que é perfeitamente cabível no mundo dos games, e não é demérito nenhum para a Santa Monica ou para a Nintendo.

Sequências vão ser parecidas com o material anterior, ainda mais quando são acontecimentos que continuam a história contada no último jogo. Não existira como Ragnarök se passar em outro lugar, ainda mais com o gancho deixado no fim do God of War de 2018. Tears of The Kigndom também, ainda mais que a trama continuará girando em torno da Hyrule apresentada em Breath of the Wild. E está tudo bem que esses jogos aproveitem recursos de seus antecessores para otimizar o desenvolvimento.

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Em tempos onde desenvolver jogos está cada vez mais complicado e demora bastante, é preciso fazer isso. Não adianta querer que um jogo refaça todos os modelos visuais de um lugar que já está pronto, sendo que não mudará muito devido à situação da história. No caso de Tears of The Kingdom, existem algumas mudanças visuais gritantes, e mesmo se não tivesse, estaria tudo bem. Nem toda continuação precisa se passar em locais completamente diferentes e podem continuar no mesmo universo. E, além disso, quanto mais os desenvolvedores puderem focar nas novidades que importam, utilizar modelos repetidos é mais do que justo para lançar um produto bem finalizado.

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Por isso, esse tipo de argumento de que uma sequência, na verdade, parece uma DLC, é bobeira. Isso vem muito da expectativa fora de mão, e das críticas sem cabimento, de uma comunidade que não sabe muito bem o que está querendo, e que reclama se um jogo inovar demais. Por outro lado, também acha ruim se for lançado uma sequência no mesmo universo. Afinal de contas, imagine se o próximo God of War ou Zelda não fossem continuações? Ia ter gente reclamando que a história ficou em aberto, que tinha mais para explorar, que tem muita ponta solta e tudo mais. Viu como esse argumento é muito incoerente? Em casos como Uncharted: The Lost Legacy e Spider-Man: Miles Morales, a crítica é extremamente válida, já que realmente os jogos não justificam o escopo de ser um game completamente diferente.

Achismo não leva a nada

Vamos falar a verdade aqui entre nós? Muito desses argumentos vem das pessoas que querem criticar somente por criticar, e também de uma galera que escuta esse argumento de outra, e vai tomando como verdade. Em uma comunidade onde existem muitas vozes, algumas ecoam mais que as outras e, algumas vezes, as pessoas pegam um achismo como uma verdade. Brincar sobre um assunto, é ótimo. Eu mesmo adoro brincar sobre como CoD e Assassin’s Creed estão saturados, mas isso nunca vai se tornar o meu único argumento sobre essas franquias.

Muito desses comentários vem da falta do que falar efetivamente, e também de uma parcela da comunidade que quer ser “o diferentão”, o disruptivo, mas não consegue sustentar o argumento durante muito tempo, pois ele é mais raso do que o próprio conhecimento sobre a indústria. É claro que existem casos onde jogos parecem não ter nenhuma evolução do título anterior — oi, Overwatch 2 – mas, em alguns casos, existem motivos para manter certas coisas da mesma forma.

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Jogos como FIFA, NBA2K, Madden e etc, não podem fugir muito da própria fórmula que funciona, e devem sempre melhorar as mecânicas para ter algo diferente para mostrar no ano seguinte. Lançamentos anuais são os que mais sofrem com esse tipo de argumento, e até entendo quem diz que deveria ser uma DLC. Mas, ao mesmo tempo, existem tantas mudanças de polimento, melhoramento de mecânicas, coisas que talvez um jogador casual não vá achar tão diferente, mas tem uma mudança enorme para os mais assíduos.

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No caso de jogos que possuem uma linha de história, sequências e tramas para serem desenvolvidas, não tem problema nenhum em manter o seu esforço no universo criado com tanto carinho. Até mesmo títulos que se passam em locais diferentes, como boa parte da franquia Pokémon, utilizam modelos e outros recursos dos títulos anteriores para otimizar o que não deve demandar tanto tempo e focar no que importa. Tudo bem que, no caso de Pokémon, não funcionou, mas esse não é o ponto agora.

Tears of the Kingdom e Ragnarök são duas sequências com propostas diferentes dos jogos anteriores, e com um escopo bem maior do que só ser uma DLC com mais conteúdo. Ter esse pensamento sobre jogos que tentam explorar mais do seu universo e melhorar a experiência de um título para o outro só prejudica a indústria. Se boas ideias são concebidas e podem ser exploradas para além de um jogo só, que seja feito. Nem toda sequência precisa ser o completo oposto do jogo anterior, e muito menos ser uma DLC, por achismo de quem não vai à fundo para entender o que acontece.


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