Dordogne: a recomendação da biblioteca do Game Pass da semana
É curioso pensar como houve um tempo no qual videogames não eram considerados arte e nem cultura. Dependendo da pessoa para quem você perguntar, essa época pode muito bem ter sido na semana passada, inclusive.
Quando eu era mais novo, pensava em jogos “legais” como aqueles com ação, velocidade, lutas, enquanto os “chatos” seriam aqueles com muito falatório e trechos que história impossíveis de pular. Não passava pela minha cabeça que essas histórias poderiam abordar temas mais profundos e introspectivos. Videogame era basicamente uma diversão frenética.
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Hoje, evidentemente, minha percepção e gosto mudaram bastante. O catálogo do Game Pass é uma oportunidade de variar de proposta de acordo com o dia sem gastar mais do que a mensalidade fixa. E foi assim que descobri Dordogne, a recomendação da semana dentro dos jogos do serviço da Microsoft.
Dordogne foi desenvolvido pela Un Je Ne Sais Quoi em parceria com a Umaanimation, e publicado pela distribuidora francesa Focus Entertainment. O nome do jogo, aliás, refere-se a Dordonha, região rural que fica no sul da França e serve de cenário para a história do jogo.
Assumimos o papel de uma moça chamada Mimi, que recebeu recentemente a notícia da morte da avó paterna. Ela então viaja sozinha para a bucólica casa que ficou vazia após o falecimento, desbloqueando, durante a exploração, memórias soterradas da própria infância.
Os cenários, pinturas aquareladas feitas à mão, remetem mesmo a esse clima quase onírico das lembranças dos tempos de criança. A arte, além de lindíssima, é muito fofa, com uma estética, no traço dos personagens, que lembra as produções do estúdio Ghibli. Essa fofura, porém, acaba te pegando desprevenido, porque Dordogne aborda temas bem mais densos, envolvendo brigas familiares e traumas pessoais.
Apesar desse lado mais profundo, é um jogo excelente para relaxar sem se preocupar muito com a habilidade nos controles. A progressão consiste basicamente em exploração de elementos do cenário, diálogos desenrolando a história e alguns puzzles simples.
Dordogne é um jogo que certamente eu acharia muito monótono quando criança, mas que, hoje, dialoga muito com várias situações que vivi e estou vivendo. É muito pertinente que a história envolva uma personagem resgatando memórias da infância, porque é exatamente o sentimento que a experiência consegue evocar.
Altamente recomendado para quem procura um jogo gostosinho para cochilar com o controle na mão e acordar 15 minutos depois sem lembrar dos últimos diálogos.