Na noite desta segunda-feira (07), algum tempo depois do anúncio de saída da The Union do competitivo. O dono da organização, Caio “CF” Almeida, publicou nas redes sociais uma thread contando alguns detalhes sobre como a Riot Games tem lidado com o Tier II brasileiro do cenário de VALORANT.
Dentre as críticas, o CEO levantou diversos pontos criticando as atitudes da desenvolvedora com o competitivo, tais como, a falta de custear transporte para jogadores profissionais, o sistema de franquias, utilização de imagens dos atletas, reuniões com pedido de melhorias, calendário disfuncional e até mesmo retorno de investimento.
No tuíte, o empresário começa a thread falando sobre a situação “surreal” que o time tem vivido mesmo ao apresentar um bom rendimento nas competições de 2023. Invicta, a The Union garantiu ou dois splits do VALORANT Challengers Brasil do ano, mas não foi o suficiente para se manter no cenário por conta da Riot Games.
“É simplesmente surreal imaginar que após toda nossa jornada, saindo de um open qualify, vencendo o primeiro split e depois o segundo de forma invicta, sejamos obrigados a deixar tudo isso por conta do abandono da publisher e do descaso com o nosso cenário nacional”.
“A Riot Games sucateou o Tier II a ponto de afastar todas as organizações profissionais que querem crescer”, concluiu o profissional sobre a atuação da desenvolvedora na criação e organização de torneios. Além disso, citou que a publisher garantiu seu “objetivo de criar um celeiro para os times da franquia”.
O celeiro dos franqueados, por sua vez, será um lugar de “negociações muito fáceis”, segundo o CEO, visto que, atualmente, nenhum dos pro players estarão sob contrato com organizações por conta da queda do cenário do Tier II, possibilitando que os times das franquias escolham mais mais liberdade quais contratações farão.
Foi com muita dor e tristeza que fizemos o comunicado de saída do cenário competitivo de Valorant. https://t.co/9D3V3Jne1E
— CF (@ez4cf) August 7, 2023
“Muito trabalho duro e investimento”
O empresário ainda comentou que os talentos não aparecem do nada. Para que um pro player seja revelado e desenvolvido, “é necessário muito trabalho duro e investimento”. Para o CEO, as próprias equipes participantes do sistema de franquias sentirão o impacto da ausência do Tier II, tornando a competitividade fraca.
O ponto levantado por CF já é uma realidade dentro do competitivo, visto que, o próprio público não tem se interessado tanto pelo cenário em comparação com 2020. A audiência do primeiro dia do mundial da modalidade, o Champions, teve queda de 22% de expectadores em comparação com o evento de 2022.
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Citando o trabalho realizado ao longo de mais de uma década no CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), o dono ainda disse estar indignado por conta da Riot Games ser “renomada, extremamente competente e reconhecida pela sua capacidade de organizar competições e fomentar cenários dentro dos esports”.
“A mesma publisher que faz o CBLOL, faz o VCB, que não tem patrocínio, que não tem investimento e que não tem nem uma van sequer para levar os atletas para o estúdio em dia de jogo”, disse.
Várias reuniões e muitas promessas
O empresário criticou a desenvolvedora, que, segundo ele, se nutriu de “todos nossos esforços para fomentar o cenário e usava a imagem dos nossos atletas”, e finalizou o assunto falando que o “retorno [financeiro] nunca chegou” e “nem nunca vai chegar para a organização”; visto que, o cenário brasileiro é inexistente neste ponto.
“Não preciso nem bater na tecla do calendário que desenvolveram”, disse. Inclusive, em entrevista à Game Arena, Rafael “Raafa” Lima, atualmente no banco da The Union, chegou a falar sobre como o calendário proposto pela Riot não era bom para os jogadores.
Ainda de acordo com o profissional, a desenvolvedora fez diversas reuniões com representantes do Brasil que nunca chegaram a ter um resultado efetivo para o competitivo:
“Foram várias as reuniões com os representantes da Riot BR propondo soluções, sugerindo mudanças e apontando as falhas críticas que vinham sendo cada vez mais evidenciadas em nosso cenário, mas a resposta foi sempre de que as ordens vinham de cima pra baixo”.
“As promessas de mudanças no calendário foram só promessas mesmo”, comentou, lamentando ter montado um elenco “extremamente competente, profissional e dedicado” para posteriormente ser “sufocado pela publisher”. O CEO finalizou a conversa falando que é um cenário triste não apenas para os atletas, mas também pela decisão de sair do competitivo.
A Riot Games ainda não se pronunciou sobre nenhuma das saídas de times do competitivo brasileiro do Tier II de VALORANT. Vale lembrar que a desenvolvedora prometeu ainda no fim de julho que irá apresentar o novo calendário com mudanças no término de agosto deste ano.
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