Thatazinha, streamer e criadora de conteúdo, levantou o tema nas redes sociais: “Não me vejo nas pessoas que disputam o campeonato”
A streamer e criadora de conteúdo Thatazinha levantou um debate nas redes sociais recentemente sobre a falta de jogadoras negras no cenário inclusivo de Esports, em especial no Counter-Strike 2 e no VALORANT.
Thatazinha fez um vídeo afirmando que “não me vejo nas pessoas que disputam os campeonatos” no TikTok, em resposta a um comentário sobre a ausência de jogadoras negras para representar a comunidade.
Depois, a streamer publicou o mesmo vídeo no Twitter, com a legenda: “Simplesmente não existe uma mina preta sequer nos maiores times de E-esportes que atuam no Brasil. Infelizmente a maioria não tem condições para se dedicar a uma carreira como pró, acho que para amenizar isso, a gente precisa dar visibilidade para as poucas que estão no corre.”
Simplesmente não existe uma mina preta sequer nos maiores times de E-sports que atuam no Brasil.
Infelizmente a maioria não tem condições pra se dedicar à uma carreira como pró, acho que pra amenizar isso, a gente precisa dar visibilidade para as poucas que estão no corre! pic.twitter.com/iby2wrB4Gd— Thata (@mrctythata) November 15, 2023
A publicação viralizou e ganhou mais de 460 mil visualizações, com algumas personalidades dos Esports reagindo à postagem. Jaime Padua, CEO da FURIA, afirmou concordar com o ponto de vista da streamer e disse que irá debater o tema com o departamento de diversidade e inclusão da maior organização do país.
A jogadora Amanda ‘AMD’ Abreu também reagiu, onde a atual criadora de conteúdo afirmou que o vídeo de Thatazinha foi muito necessário e que “espero que esse vídeo repercuta tanto quanto a importância dele”.
Outra reação impactante veio do streamer ‘BRNWOWZK1’, que também é negro. Em retuíte do vídeo de Thatazinha, o streamer disse que perdeu as esperanças após ver que pessoas que cometeram atos racistas tinham mais oportunidades do que negros.
“Eu perdi a esperança no dia que percebi que era mais fácil uma pessoa que já cometeu um ato racista ser contratada por uma organização do que um preto. (Isso já aconteceu no CS e no Valorant, só pesquisar).
O branco quando quer ser líder é escutado e consegue convencer que é uma pessoa disciplinada e “genial” com pouco esforço, se possui defeitos são relevados com facilidade.
Já o preto dificilmente vai receber a confiança necessária para comandar uma equipe, em muitos casos é considerado como difícil de lidar e qualquer erro é motivo para invalidar todas as suas qualidades.” – desabafou o streamer.
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Levantamento de jogadores negros
No Counter-Strike 2, é, de fato, muito raro de vermos jogadores negros atuando na elite do FPS da Valve. Em um levantamento feito pela própria Game Arena, dos 30 times que compõe ranking mundial, nenhum dos 150 players são, de fato, negros.
Um jogador negro que se destacou no cenário internacional foi Refrezh, ex-Heroic e Sprout. Filho de descendentes da Somália, o jogador dinamarquês atualmente atua pela Preasy, atual 41ª do ranking mundial.
No cenário sul-americano, o panorama não é diferente. Dos 30 melhores times do ranking da região, apenas dois jogadores são negros, sendo eles os brasileiros Alisson, da Meta e Hardzão, da RED Canids.
Vale lembrar que esse número pode aumentar, conforme como os jogadores se identificam. Alguns exemplos como zevy, do Fluxo, Leomonster, da Meta, Venomzera, da RED Canids, Brendinha, ex-Divina, podem se considerar pessoas afro, entre outros.
No VALORANT, temos apenas dgzin, ex-jogador da FURIA, como membro da comunidade negra na elite do FPS da Riot Games. Em relação ao cenário inclusivo, nenhuma jogadora negra atua nas grandes equipes do cenário mundial atualmente.
O que os jogadores negros dizem
A Game Arena entrou em contato com os jogadores brasileiros de Counter-Strike 2. Alisson, da META Gaming, deu sua opinião sobre o tema e afirmou que esse problema vai além dos jogos eletrônicos, sendo um reflexo da desigualdade social do nosso país e a falta de ações sociais para proporcionar a conectividade das pessoas que moram em periferias ao mundo dos games.
“Na minha percepção, ainda persiste uma significativa desigualdade social no Brasil. É notável que as pessoas negras, que compõem a maioria dos bairros periféricos, enfrentam dificuldades financeiras para adquirir um computador ou mesmo ter acesso à internet. Além disso, é evidente a escassez de projetos de ação social no país que visem proporcionar a conectividade com o mundo dos games.” – afirmou.
Sobre os desafios de ser um dos poucos jogadores profissionais negros de Esports, Alisson relembrou a dificuldade de adquirir um computador no começo da carreira e de sua infância em um bairro humilde de Feira de Santana, na Bahia.
“No início da minha carreira, enfrentei grandes desafios, especialmente para adquirir um computador. Cresci em um bairro humilde, marcado pela violência, e testemunhei amigos se perdendo no caminho. Felizmente, meus pais me tiraram dessa realidade ao me apresentarem um computador. No entanto, mesmo com essa oportunidade, ainda não era o suficiente para começar a jogar. Foi então que meus amigos e meu irmão se mobilizaram e me presentearam com diversos materiais, pelos quais sou eternamente grato. Sinto que, sem o apoio deles, não estaria aqui hoje.” – concluiu o jogador.
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