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Imagem: The Pokémon Company / Reprodução / Montagem

Pokémon TCG: o que é buyout e por que as cartas estão tão caras?

Existe uma alta nos preços do Pokémon TCG e o motivo está no buyout

Octavio Ferreira •
04/09/2024 às 17h08, atualizado há 3 meses
Tempo de leitura: 10 minutos

Semana passada, falamos sobre a valorização do Pokémon TCG e os motivos para sua popularidade global. De uma maneira geral, abordamos os movimentos e cenários que funcionam tanto no Brasil quanto globalmente.

Com milhões de jogadores e colecionadores ao redor do mundo, o mercado de cartas Pokémon é intenso e em constante ebulição. Ou seja, tem seus altos e baixos e flutuações de valores nas cartas mais cobiçadas. 

Porém, existem momentos com um aumento significativo nos preços de certas cartas, algo não tão incomum para card games. Um dos grandes motivos dessa inflação nos preços dos cards no fenômeno chamado “Buyout”.

Agora, vamos explorar o que é o buyout e de que forma ele afeta o mercado de cartas Pokémon TCG. 

O que é Buyout?

“Buyout” é um movimento de negociadores, colecionadores e lojas de TCG quando  um ou mais indivíduos compram grandes quantidades de cartas específicas, esgotando o estoque disponível no mercado.

Com isso, é criada uma escassez artificial e manipulação, fazendo com que o preço de uma ou mais cartas, até de coleções inteiras aumente significativamente. Com isso, “especuladores” (termo normalmente atribuído para quem pratica buyout) vendem as cartas a preços inflacionados, obtendo lucros substanciais.

Como já falamos, não é algo exclusivo do Pokémon TCG; ele também ocorre em outros card games colecionáveis, como Magic: The Gathering e Yu-Gi-Oh.

Pokemon TCG Lucro
Imagem: Pokémon Company / Montagem

Por que os Buyouts acontecem?

O primeiro motivo é a especulação financeira. Muitos enxergam card games como investimentos, semelhante ao que acontece com ações ou produtos geek de valor como quadrinhos e action figures. Ou seja, elas se valorizam com o tempo.

Porém, com a facilidade de compra através de plataformas online, grandes quantidades de cartas são adquiridas na esperança de que seus valores aumentem, permitindo-lhes vender com lucro.

A Liga Pokémon é uma das maiores plataformas de negociação de cartas do Brasil
imagem: Liga Pokémon / Reprodução

Para isso, os especuladores exploram a nostalgia e popularidade do Pokémon TCG e outros cards. Por vezes, muitos buscam eventos e coleções especiais que caem no gosto dos espectadores, antecipando o interesse do público e comprando grandes quantidades de cartas antes que os preços subam.

Os influenciadores digitais e sua parte no fenômeno do Buyout

Algo que tornou-se bastante comum no meio do Pokémon TCG é a influência de diferentes personalidades, seja de Youtubers ou influenciadores de diferentes redes sociais na popularização do game.

Um exemplo disso é Logan Paul, famoso streamer estadunidense que comprou uma carta Pokémon extremamente rara do Pikachu pelo valor recorde de US$ 5,275,000 (aproximadamente R$ 24 milhões). Realizada em 22 de julho de 2021,  a transação quebrou o recorde de carta Pokémon mais cara vendida em uma venda privada, entrando para o Guinness Book.

Paul Logan bate recorde de negociação mais cara no Pokémon TCG
Imagem: Globo Esporte / Reprodução

Após este movimento, ocorreu uma supervalorização do Pokémon TCG que fez cartas de monstros da primeira geração (da região de Kanto) inflacionarem não apenas nos Estados Unidos, mas em demais mercados.

Recentemente, este fenômeno aconteceu no Brasil, com youtubers famosos do meio Geek abrindo caixas e pacotes de coleções mais famosas do card gamecom o apoio de lojas especializadas.

Estes lojistas, considerados especuladores por membros da comunidade Pokémon TCG,  estariam com lotes cheios de cartas específicas e de coleções especiais, que se tornam raras quando eles mesmo esgotaram lotes de distribuidores oficiais ou compraram unidades de cards quando estavam em valores muito abaixo do normal.

O que dizem os colecionadores brasileiros de Pokemon TCG?

Para entender melhor a atual questão do buyout de Pokemon TCG no Brasil, conversamos com dois colecionadores ativos em diversas comunidades do card game: Paulo Santana e Vinicius Pain. Ambos compartilharam suas experiências e visões sobre o buyout e a supervalorização das cartas Pokémon.

Pain começou a mais tempo no mercado de cartas colecionáveis, com algo em torno de dez anos. Já Paulo Santana é mais novo no hobby, com 10 meses de atividade, mas investiu tempo e dinheiro, sendo considerado um dos maiores negociadores de cards da Região Nordeste do Brasil ao lado de Pain.

Negociações de cartas entre membros de comunidades online é algo comum no Pokémon TCG
Negociações de cartas entre membros de comunidades online é algo comum no Pokémon TCG – Imagem: Whatsapp / Reprodução

Sobre o buyout atual de coleções Pokémon, Paulo acredita que a supervalorização é uma fase bem passageira “O Pokémon TCG ‘furou’ a bolha, então é natural que quanto mais pessoas estejam procurando, mais escasso o produto fique”, comenta.”Isso leva a um aumento considerável da popularidade do jogo, o que leva a uma maior demanda e à escassez de produtos.”

Já Vinicius Pain vê a popularização do Pokémon TCG como um fenômeno positivo, mas critica a manipulação de mercado recente. “Eu vejo como uma forma não natural de manipulação de mercado, uma vez que cartas Pokémon no Brasil têm um número muito limitado de exemplares em circulação, e um grupo pequeno de pessoas consegue tranquilamente mexer nesses valores”, explica. Ele acredita que essa manipulação afasta novos jogadores e cria uma percepção errada de que o card game é caro

Quanto ao atual momento de valorização, ambos concordam que deve durar um tempo maior que o normal, em especial pelo foco nos especuladores na coleção “151”, lançada em 2023 e focada nos primeiros 151 monstrinhos da região de Kanto, do Pokémon Red e Blue.

A coleção 151 nunca mais será o’que era a uma ou duas semanas atrás, imagino que em questão de 2 meses teremos preços menores e mais reais, mas jamais os que tínhamos antes. Infelizmente é uma coleção que quem pegou teve uma ótima oportunidade de embelezar o fichário e quem não conseguiu, terá dificuldades a partir de agora” expõe Vinicius Pain.

Dica para quem deseja começar no hobby

Sobre conselhos para iniciantes no colecionismo, o novato Paulo é mais pessimista. “Se for em busca de retorno financeiro fácil, não comece. Isso é possível, mas com muito trabalho árduo, investimento e negociações. A melhor opção para começar é investir em produtos selados. Busque lojas autorizadas, abra caixas e, assim que a coleção estiver mais perto de estar completa, troque as repetidas, igual as figurinhas colecionáveis. Afinal, são isso que essas cartas são”, aconselha.

Já Vinicius encoraja os novos colecionadores a não desistirem. “Colecione, comece. Pokémon é apaixonante, é viciante, fez parte da minha infância, adolescência e agora da vida adulta”, diz. Ele sugere começar com cartas mais baratas e coleções que agradam, evitando a coleção 151 por enquanto. “Pule essa coleção, mas não pule o colecionismo, ele muda vidas, pra melhor!”, conclui.

Pokémon TCG
Atualmente, a coleção 151 é uma das mais valorizadas do Brasil – Imagem: Copag / Reprodução

Pokémon TCG é apaixonante e gratificante

O fenômeno do buyout e a supervalorização das cartas Pokémon TCG são reflexos de um mercado em constante evolução. Enquanto alguns veem a situação como uma fase natural de crescimento, outros criticam a manipulação de mercado que afasta novos jogadores e colecionadores. Porém, é quase unânime a opinião de que colecionar cartas de Pokémon TCG é uma atividade apaixonante e gratificante.

Para aqueles que estão começando agora, a dica é pesquisar bem, investir com cautela e, acima de tudo, aproveitar o processo de colecionar. Afinal, o mundo do Pokémon TCG é vasto e cheio de possibilidades, e cada carta é uma peça de um universo fascinante.

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