Jogos de luta tem sofrido muito ao longo dos anos, tanto no Brasil quanto no circuito internacional
Em uma matéria do site PC Gamer, o atleta de Tekken 7 Joshua “Ghirlanda” Bianchi comentou sobre os problemas do cenário americano de jogos de luta, que parecem um espelho do próprio cenário nacional, já que jogos de luta são historicamente marginalizados no mundo dos esports. E, como apreciadores da cena brasileira, entendemos bem o sentimento.
Leia mais
- Rumor: Quake II Remastered aparece em portal de classificação indicativa na Coreia
- Hideo Kojima diz que humanos devem estar acima da IA
- PlayStation: empresa teria que ”esconder” PS6 da Activision caso compra seja aprovada
Durante a entrevista, o atleta explicou que os jogos de luta foram um dos primeiros esports a realmente ter uma estrutura, mas que não evoluiram desde então. Segundo Ghirlanda, alguns membros da comunidade acham que aumentar os patrocínios e criar torneios que paguem mais aos jogadores tira a característica principal dos campeonatos, a acessibilidade para os jogadores desconhecidos.
“Existem pessoas que também têm medo de que investir muito dinheiro [no cenário] possa fazer com que as origens de base desapareçam”, diz Ghirlanda. “Eu sou totalmente contra essa visão. Mesmo que alguém esteja organizando um torneio milionário, em qualquer lugar do mundo, eu ainda posso fazer um evento com 20 pessoas da minha cidade, como eu fazia antes. Na verdade, mais pessoas podem conhecer o jogo por causa desse grande evento. Então, posso ter até mais pessoas vindo para o meu evento de base para se familiarizarem com o jogo.”
Ghirlanda, também comentou que, durante o tempo que a entrevista com a jornalista Mollie Taylor, ele estava trabalhando em dois empregos diferentes para conseguir manter a família e também a carreira em Tekken 7.
A página da Liquipedia do jogador mostra que ele ganhou cerca de US$ 8,325 ao longo de 2022, com a temporada do Tekken World Tour, e isso, ainda segundo a reportagem, foi um ano bom do atleta. Mas, não precisamos falar dos Estados Unidos, quando a realidade brasileira chega a ser pior.
A realidade do cenário brasileiro não é muito diferente nos jogos de luta
Em nosso bate-papo com Thomas ”Brolynho” Proença, o atleta comentou sobre as dificuldades que passou com a Capcom, não só como jogador, mas como organizador também de campeonatos de jogos de luta. “O trabalho da Capcom Brasil na época que eu competia era bem ruim. Eu era organizador e jogador, e não era ajudado nem como jogador, nem como organizador. Eu, basicamente, nunca obtive uma ajuda da Capcom Brasil”, apontou o jogador.
Segundo Brolynho, falta a popularização do jogo, já que muitas pessoas conhecem os personagens, mas falta uma profissionalização dos torneios, que, segundo o atleta, a Capcom está seguindo por esse caminho para o Street Fighter 6.
Keoma Pacheco, outro grande nome dos jogos de luta no país, também comentou sobre a falta de divulgação dos campeonatos, e como é difícil de saber que um torneio está acontecendo se você está fora do nicho da comunidade, muito pela falta de marketing. Inclusive, é bastante comum vermos atletas da FGC do Brasil pedindo ajuda financeira para tentar competir em campeonatos internacionais, mostrando a grande disparidade em comparação com outros esports.
Campeonatos como a Capcom Cup de Street Fighter V receberam a premiação total de US$ 300 mil, o que, em comparação com gigantes como o Worlds, de League of Legends, ou o International de Dota 2. Dá para entender o abismo entre os jogos de luta para outros títulos no cenário dos esports. E isso, tratando-se do cenário internacional.
No entanto, a Capcom Pro Tour de 2023 contará com uma premiação de US$ 2 milhões totais para os jogadores de Street Fighter 6, com o vencedor levando metade do prêmio, o que, para os padrões do cenário, é algo surreal.
Com pouco investimento vindo das empresas criadoras dos jogos, é incrível ver a disposição da Capcom, muito também para a divulgação de Street Fighter 6, em colocar um prêmio atrativo, que ajude a incentivar os jogadores a continuarem engajados no cenário, apesar de certas dificuldades que outras empresas estão passando, como, por exemplo, a Riot Games ponderando cancelar a temporada da LCS devido aos protestos dos jogadores. É incrível ver que uma comunidade que, durante muito tempo, viveu à margem dos outros cenários, ganhar um momento de respiro.
Com grandes jogos de luta em 2023, como Street Fighter 6, Mortal Kombat 1 e Tekken 8, que está por vir, é mais um ano de esperança de que, finalmente, os excelentes atletas brasileiros da comunidade de jogos de luta, sejam notados pelas organizações.
Com informações de: PC Gamer
A Game Arena tem muito mais conteúdos como este sobre esportes eletrônicos, além de games, filmes, séries e mais. Para ficar ligado sempre que algo novo sair, nos siga em nossas redes sociais: Twitter, Youtube, Instagram, Tik Tok, Facebook e Kwai.