Tudo bem que o Xbox está demorando para emplacar um sucesso nessa geração, mas Starfield não é a última esperança
Desde o lançamento desastroso de Redfall, um sinal vermelho de alerta começou a tocar por aí, e algumas pessoas já começaram a alegar que Starfield pode ser a última esperança da Xbox em salvar a geração do Xbox Series X/S. Mas, olhando para o parâmetro geral das coisas, o jogo nem é tão importante assim.
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Isso vem de um pensamento alarmista, no qual tudo poderia acabar, em meio a uma indústria bilionária. Por mais que, é claro, um fracasso não pegaria bem para a empresa, ainda assim, não estamos em um caso apocalíptico, no qual a Microsoft pode acabar com os consoles ou sacramentar a ”derrota” nessa geração.
Starfield não vai salvar o universo
Quem acredita que o jogo da Bethesda vai ser a pedra fundamental para o fracasso ou não da Xbox nessa geração atual de consoles, está sendo alarmista demais. O próprio Phil Spencer disse que não importa se o jogo for o melhor título de todos os tempos, as pessoas com um PlayStation 5 não vão vender o console para comprar um Series X.
No entanto, tratar o jogo como ele deveria ser tratado — um grande jogo, sobre o qual o público tem expectativas, parece estar fora de cogitação, em um mundo onde a Xbox tem errado bastante nos lançamentos. Mas, dado o histórico do quanto a empresa sofreu nas últimas gerações, não vai ser Starfield que vai salvar a pátria.
Phil Spencer já disse que o propósito da empresa, no momento, é entregar a melhor experiência possível para a base instalada de fãs do console. E, bem, se o jogo da Bethesda for competente, algo que sabemos que a empresa consegue ser, vai agradar o público alvo, e o objetivo terá sido cumprido.
Muitas vezes, na ânsia de criar uma discussão, ou trazer um ponto de vista diferente, algumas situações hiperbólicas são criadas para tentar fomentar um diálogo que, algumas vezes, não existe a necessidade de criar esse tipo de debate.
É lógico que ter um grande jogo AAA no Xbox Series seria excelente, e, bem, Starfield pode suprir essa demanda. Mas, se não conseguir, existem outros títulos que estão por vir. Jogo é o que não falta para ser lançado.
Excesso de expectativa leva ao desapontamento
Acredite, eu espero, e quero muito, que Starfield seja bom. Fallout e The Elder Scrolls estão entre as minhas franquias preferidas, mas, mesmo assim, prefiro manter minhas expectativas baixas. Não adianta nada, ainda mais com o momento atual da indústria, esperar um título perfeito, ou sem problemas no lançamento.
Pandemia, problemas de um novo hardware, existem vários aspectos que podem fazer com que o próximo jogo da Bethesda não desempenhe tão bem como esperamos no lançamento, ou até mesmo no primeiro ano de vida. O jogo já sofreu alguns adiamentos, e pode ser que ele não chegue como o esperado, além do histórico do estúdio em entregar títulos recheados de bugs, algo que virou meme e parte da mística de Fallout e Elder Scrolls.
No entanto, esse tipo de coisa pode se tornar um tormento para quem espera que o jogo seja um divisor de águas no Xbox. Acredite, Starfield vai ser mais um lançamento padrão da Bethesda. Excelente ideia, conceito, universo bem elaborado, mas cheio de problemas técnicos que vão fazer com que muitos acreditem que o barco dessa geração de consoles já partiu para o Xbox. Mas não é o caso ainda.
A reconstrução
Existe um termo no esporte da bola laranja, o querido basquetebol, chamado reconstrução, ou rebuild. Como o próprio nome diz, trata-se de remontar alguma coisa, e bem, digamos que a Xbox esteja nesse processo depois do fiasco que foi a geração do Xbox One.
Não tem como negar, ali a Microsoft não pisou na bola, a empresa deu uma bicuda mesmo e ainda pegou uma faca para furar ela na frente do dono. No entanto, o Xbox Series tem feito um trabalho extremamente importante para a marca e para o console: reconstruir a base de jogadores.
O Game Pass, um console mais acessível que roda todos os jogos da nova geração, tudo isso é um planejamento muito certeiro da Microsoft em tentar assegurar uma base sólida de usuários para os consoles, oferecendo um excelente serviço de assinatura e a opção de gastar um pouco mais, ou ir para o custo-benefício.
Não tem como colocar um time vencedor no meio de uma reconstrução, o que pode ser feito é tentar acertar a base para o futuro. E bem, a Microsoft tem tentado bastante. Seja por aquisições, apoio para empresas indies, o Xbox tem tentado buscar alternativas para driblar a força que são os exclusivos da Sony.
Na entrevista para o Kinda Funny Games, Phil Spencer focou bastante no fato de que o Xbox One deu uma prejudicada nos planos da Microsoft, já que os fãs estariam construindo a própria biblioteca digital naquela geração, e migrar para um console completamente diferente seria perder todos os jogos comprados anteriormente.
Nesse caso, fica difícil um jogador do PlayStation 4, do nada, comprar um Xbox Series X. A possibilidade da retrocompatibilidade, podendo revisitar alguns dos títulos que comprou, se perderia em uma mudança da plataforma. Por isso, não podemos negar que o principal desafio da linha Series não é lançar grandes jogos, e sim reconstruir a base do Xbox para o futuro.
Para além do Xbox Series
Acredite, o plano da Microsoft parece ser muito maior do que tentar virar a maré para o próprio lado. Seja comprando a Activision Blizzard ou não, a empresa parece não querer bater de frente com a correnteza, e sim navegar de forma segura. Starfield é só mais um jogo que será lançado ao longo dos próximos 10 anos, e, acredite, pode ser que, em 2033, ninguém nem se lembre que o título da Bethesda existiu.
Por mais que Starfield tenha uma grande expectativa em torno, ele não é, nem de longe, a prioridade ou a grande preocupação da Microsoft. A Bethesda, obviamente, quer entregar um jogo revolucionário, que mostre que o estúdio ainda consegue desenvolver uma excelente experiência de mundo aberto. Mas, no grande escopo das coisas, Starfield parece uma vírgula no horizonte verde.
E acho que devemos, tanto fãs quanto imprensa, entender que, talvez, o projeto da Microsoft para o Xbox Series não seja vencer uma guerra de consoles, passar o PlayStation 5 e cravar o nome como a maior da indústria dos games.
Por mais que os fãs — e a imprensa, quando batem as visualizações – gostem de pregar a competição entre as duas empresas, pode ser que, ao invés de se equiparar com a Sony, o Xbox esteja querendo seguir a filosofia da Nintendo. Entregar os jogos para o público já apaixonado e construir uma base duradoura e longevidade de marca ao longo dos anos.
E, olhando para uma lista ampla de coisas que a Microsoft tem feito, seja no âmbito de aquisições, projetos com empresas indie, programas focados na acessibilidade, a biblioteca recheada do Game Pass, onde Starfield se encaixa? No lugar que ele sempre esteve: de ser só mais um jogo lançado para Xbox Series e PC.
No fim, a importância que deram para Starfield vai além da própria competência do jogo, e é extremamente negativo para as expectativas da comunidade e da indústria. Nenhum jogo vai salvar a pátria.
Ser uma pedra que vai ajudar a construir o futuro? Talvez. Mas nem todo tijolo é bonito, e a casa continua de pé. Acredite, Starfield, no final, pode ser um jogo péssimo, excelente, não importa. O que importa é continuar lançando jogos até acertar.
Na eterna dança para cativar o consumidor a comprar um produto, Starfield faz parte da coreografia, e não é de longe o evento principal.
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