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Que falta faz a E3

Que falta faz a E3

Após assistir a última leva de eventos e transmissões, fica claro que é difícil superar a mística da E3 Assistindo o Ubisoft Forward com a galera da redação, e também falando groselha no Twitter, deu para perceber o quanto faz falta o formato de evento da E3. O Ubisoft Forward foi a constatação desse sentimento, vendo produtores em situação desconfortável — e algumas vezes cringe, falando sobre jogos, para um público que vai vibrar a cada vírgula.

Igor Pontes •
13/06/2023 às 21h00, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 7 minutos

Após assistir a última leva de eventos e transmissões, fica claro que é difícil superar a mística da E3

Assistindo o Ubisoft Forward com a galera da redação, e também falando groselha no Twitter, deu para perceber o quanto faz falta o formato de evento da E3. O Ubisoft Forward foi a constatação desse sentimento, vendo produtores em situação desconfortável — e algumas vezes cringe, falando sobre jogos, para um público que vai vibrar a cada vírgula.

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A cada transmissão digital, a cada Showcase de empresas, fica aquele sentimento amargo e saudosista de que a Electronic Entertainment Expo faz muita falta nesse período de anúncios da indústria.

O efeito dominó da pandemia

Se tem uma coisa que prejudicou a feira foi a pandemia. Cancelamentos, empresas descobrindo que é mais barato fazer uma transmissão própria do que montar estandes enormes em Los Angeles, tudo colaborou para o cenário atual. Sem os grandes nomes da indústria para participar da feira, o evento não acontece de forma presencial desde 2019.

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Isso afastou as empresas do formato de eventos presenciais, com a PlayStation já revelando que não vai participar da Gamescom 2023, enquanto a Nintendo não deu as caras durante o período da Summer Game Fest. Com o passar dos anos, o formato de evento presencial tem perdido a força, o que é uma pena.

A Nintendo já tinha o Direct separado, mas ao menos, acontecia durante o período da feira. Agora, a gigante japonesa sequer deu sinal de vida, enquanto o PlayStation Showcase aconteceu bem antes, com somente o Xbox Games Showcase acontecendo durante o Summer Game Fest.

Falta aquele sentimento de bizarrice

Durante o Ubisoft Forward, Adi Shankar apareceu no palco para anunciar Captain Laserhawk, um anime baseado no universo de Blood Dragon, a versão reimaginada de Far Cry 3, com visual oitentista e retrofuturista.

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Vestido como se tivesse saído de um evento de anime de cidade pequena, Shankar tentou parecer descolado e ficou somente tosco. E caras, como eu sentia falta disso. Dar risada de momentos que não fazem o menor sentido, mas que, na cabeça de produtores e executivos, seria sensacional, é o puro suco de evento de games. Sabe aquela sensação de que você tem que rir da piada do comediante, já que pagou pelo evento? Pois é, é bem por aí.

Alguns dos momentos memoráveis da E3, não vem só dos grandes anúncios que fazem os olhos brilharem, mas também dos momentos de vergonha alheia onde os olhos se fecham na esperança de que tudo passe mais rápido. É algo só existe quando um apresentador está na frente de uma plateia tentando cativar o público com piadas ruins ou com informações que não despertam a curiosidade.

Não tem como não falar dos eventos sem lembrar o desastre que foi a conferência da Konami na E3 de 2010, no qual temos 1h40 do puro suco de vergonha alheia, caos e trapalhadas. Ou até mesmo do baterista do Wii Music tocando de forma completamente descoordenada e performando como se estivesse conduzindo o maior solo de bateria de todos os tempos.

Tudo isso faz parte de um evento de games, muito por ser ao vivo e diante de uma plateia que vai reagir — ou não, aos momentos marcantes, surpreendentes ou simplesmente tão bizarros que não dá para entender como aquilo foi aprovado.

Apresentações seguidas do Big 3 fazem falta

Se existe algo que faz muita falta nessa semana de anúncios e transmissões são as três principais empresas fazendo conferências no mesmo período. Quando Xbox, Nintendo e Sony se juntam na E3 para entregar tudo o que está por vir, sempre existe um sentimento incrível de antecipação, surpresas, ou até mesmo decepções.

O fracasso do lançamento do Xbox One não teria sido tão impactante se não tivesse tido uma conferência em seguida da Sony para mostrar tudo o que o PlayStation 4 tinha, colocando uma pá de cal nos sonhos da Microsoft de ter um console 100% online, multimídia e com o Kinect incluso.

E nisso, a reconstrução da empresa aconteceu, e hoje temos o Game Pass como o carro forte da empresa e como um dos melhores serviços de assinatura da indústria. Imagina se o baque não tivesse sido tão grande ao ponto de mudar completamente o foco da Microsoft? É um tipo de coisa que só acontece no calor do momento, e após uma conferência arrasadora do concorrente durante a E3.

Falta o grande palco

Tudo acontecia no Los Angeles Convention Center, e o local tornou-se um grande ponto de encontro para a indústria. A E3 não era só a transmissão das conferências, mas dias de evento onde era possível testar jogos, ler impressões sobre algum jogo que despertou atenção durante o evento e tudo mais.

A falta de um espaço físico transforma os eventos das principais indústrias em algo extremamente frio, com um compilado de trailers que a pessoa pode assistir de forma separada ou não, caso ela queira. No fim, fica tudo bem automatizado, onde é só preciso dar play no vídeo e torcer pelo melhor.

Em casos como o da Summer Game Fest, a galera ainda é presente, mas é somente por um curto período de tempo. Em tempos onde tudo está se tornando cada vez mais distante, digital e impessoal, é bizarro não querer o retorno da E3, justamente pela falta de ver reações de pessoas no palco, gritos empolgantes de funcionários de uma empresa quando elas empurram uma DLC meia boca na transmissão.

A E3 sempre foi a Copa do Mundo dos games, e cada vez mais, as transmissões separadas acabam parecendo um XV de Piracicaba contra o Botafogo de Ribeirão Preto.


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