As origens de Pikmin, série que terá no Nintendo Switch o maior dos palcos
No dia 6 de julho de 2023, a Nintendo publicou um vídeo intitulado “Tua primeira expedição com Pikmin”. É uma breve introdução voltada para pessoas que não tiveram muito contato com a série de estratégia em tempo real. E, acredite, essa demografia é enorme. Com Pikmin 4, a gigante japonesa não está medindo esforços para alavancar, de vez, a popularidade da série.
Neste ano, Pikmin está completando 22 anos de existência. A estreia aconteceu em outubro de 2001, no Nintendo GameCube. De lá para cá, foram três jogos da série principal, uma versão sidescroller para o 3DS e um aplicativo para celular. Se incluirmos relançamentos, os operários coloridos apareceram em todos os consoles de mesa da Nintendo nas últimas duas décadas. Mesmo assim, a franquia nunca realmente decolou, com números bem mais tímidos que os de séries como Splatoon, Fire Emblem e até Nintendogs.
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Pikmin não é, porém, um fracasso. Os jogos possuem uma base dedicada de fãs, entregam um padrão de qualidade bastante alto e recebem uma atenção cada vez mais frequente da Nintendo, como o quarto jogo evidencia bem. Para avaliar o alcance, é importante entender o contexto da trajetória da série. Isso nos ajudará também a perceber por que ela ficou nichada, e o que torna o momento atual tão decisivo.
As origens de Pikmin
Durante um – hoje histórico – evento chamado Space World 2000, a Nintendo apresentou ao mundo o GameCube, mais novo console da empresa, junto com alguns vídeos demonstrativos do que o hardware era capaz de fazer. Um dos trechos era uma brincadeira com uma suposta sequência de Super Mario 64, intitulada Mario 128, que trazia exatos 128 Marios simultaneamente na tela. A ideia era ilustrar que o GameCube era capaz de processar essa quantidade de personagens, distribuídos em diferentes atividades.
Foi dessa tech demo que o conceito de Pikmin surgiu, adaptando o conceito para novos personagens em um jardim gigante – os Pikmin que são minúsculos na verdade, mas é tudo questão de perspectiva. É bem difundida a história de como o tema de ambientação de Pikmin vieram do crescente interesse de Shigeru Miyamoto, criador de Mario, por jardinagem. Observando insetos trabalhando no jardim, o lendário designer imaginou que seria interessante trabalhar em um jogo onde pudéssemos assistir pequenos seres realizando tarefas em equipe.
Assim surgiu o primeiro Pikmin, lançado em 2001 para o Nintendo GameCube, unindo a nova paixão de Miyamoto com o potencial da demonstração da Space World 2000. Com personagens carismáticos e mecânicas únicas de exploração e estratégia, o jogo teve um desempenho bem positivo para uma nova franquia.
É possível listar dois principais motivos para o jogo não ter explodido em vendas. Primeiramente, a plataforma. É sabido que o GameCube nunca foi um grande sucesso mundial, ficando muito ofuscado pela popularidade meteórica do PlayStation 2. O segundo motivo, e aqui me permito especular, seria o limite de tempo da aventura. No jogo, o capitão Olimar precisa recuperar todas as peças da própria nave em 30 dias, sendo que cada dia dura algo em torno de 15 minutos. A pressão pode ter pesado contra o clima relaxante de exploração que o jogo parecia incentivar, atrapalhando a adaptação às mecânicas propostas.
As sequências
O potencial da franquia estava evidente, e a Nintendo não hesitou em trabalhar em uma sequência. Pikmin 2 foi lançado em abril de 2004, ainda no GameCube, tendo, como principais novidades, um modo multiplayer cooperativo e um limite de tempo muito mais permissivo. Mais uma vez, o alcance do jogo foi prejudicado pelo mau momento da plataforma.
Apesar dos dois primeiros jogos terem sido relançados no Wii entre 2008 e 2009, o terceiro jogo veio apenas no Wii U, em 2013. Em Pikmin 3, pela primeira vez, a série apresentava gráficos em alta resolução. O título é um dos melhores jogos do console, e usava, de modo muito inteligente também, a tela do Gamepad. O problema? Bem, assim como o GameCube, o Wii U passou longe de ser um grande fenômeno.
O maior palco que Olimar já viu
Consegue perceber o padrão? Os novos jogos da série principal foram lançados justamente em dois dos consoles mais impopulares da Nintendo. Eles eventualmente foram relançados no Wii e Switch, mas sem grandes esforços de marketing. Pareceu muito mais uma questão de conveniência, dado que os jogos já estavam prontos e mereciam chegar até mais pessoas.
Agora, em 2023, tudo é diferente com Pikmin 4. O Nintendo Switch é um dos maiores sucessos da história dos videogames, com mais de 122 milhões de unidades vendidas. Só para dar uma dimensão da coisa, o GameCube (21,7 milhões) e o Wii U (13,5 milhões) somados não batem nem um terço desse número. É, com muita margem, o maior palco que o lançamento de um jogo principal de Pikmin já recebeu. E, como falei ali no começo, é notável o esforço da Nintendo em fazer a série acontecer, com uma campanha de publicidade massiva, com um claro foco nas pessoas que darão a primeira chance para as florzinhas bípedes pela primeira vez.
Pikmin é uma joia que que ficou escondida de forma involuntária. Agora, com o quarto jogo chegando e toda a série disponível no Switch, tudo está montado para a série mudar totalmente de patamar. Descobriremos, a partir de 21 de julho, se tudo isso dará mesmo algum resultado diferente.
Na pior das hipóteses, a comunidade de fãs que, contra tudo e todos, acompanhou o exército de Pikmins pelas últimas duas décadas, ficará tão feliz e envolvida quanto o capitão Olimar escrevendo diários de bordo.
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