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Pérolas da 10ª Arte – Street Chaves: O Lutador da Vila

Pérolas da 10ª Arte - Street Chaves: O Lutador da Vila

Street Chaves: uma lenda do desenvolvimento indie brasileiro A história dos videogames no Brasil não é a de tapetes vermelhos com grandes empresas, estandes colossais e brindes de espumante. Escrevemos nossa relação com jogos eletrônicos em galerias mal iluminadas, gastando pulsos de internet discada e virando copos de guaraná Convenção com pipoca. Mais do que tudo, aprendemos a respeitar a tradição oral dos relatos da mesa de bar, do fliperama da esquina e dos fóruns que antecederam as redes sociais. Alguns jogos e relatos que fazem parte dessa história viram lendas urbanas que, para quem não viveu a época, mais parecem um delírio coletivo.

Marcellus Vinicius •
30/05/2023 às 23h00, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 7 minutos

Street Chaves: uma lenda do desenvolvimento indie brasileiro

A história dos videogames no Brasil não é a de tapetes vermelhos com grandes empresas, estandes colossais e brindes de espumante. Escrevemos nossa relação com jogos eletrônicos em galerias mal iluminadas, gastando pulsos de internet discada e virando copos de guaraná Convenção com pipoca. Mais do que tudo, aprendemos a respeitar a tradição oral dos relatos da mesa de bar, do fliperama da esquina e dos fóruns que antecederam as redes sociais. Alguns jogos e relatos que fazem parte dessa história viram lendas urbanas que, para quem não viveu a época, mais parecem um delírio coletivo.

As lendas falam, por exemplo, de uma versão alternativa de Street Fighter com uma roupagem totalmente diferente. Ao abrir o jogo, vemos o logo do FBI, o departamento federal de investigação dos Estados Unidos, acompanhado da frase “vencedores não usam drogas”, em um contundente tom de amarelo, sobre a fonte Comic Sans. Surge, a seguir, a animação de um menino de suspensório e chapéu quadriculado, desferindo um soco em um senhor de bigode, que traz no rosto o olhar de aflição de quem deve ao menos 10 meses de aluguel

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Street Chaves

Eis que surge, com imponência, o nome do jogo, mas não se trata exatamente de Street Fighter. No lugar do Ryu, temos o saudoso personagem Chaves, menino órfão, que mora em um barril na vila do Senhor Barriga. E no lugar do logo da Capcom, a assinatura de CyberGamba, um misterioso mensageiro dos primórdios do desenvolvimento de jogos independentes no país.

Nossa curadoria de pérolas já resgatou aqui o caso do Sonic 4 de Super Nintendo, parte do folclore de cartuchos modificados do mercado cinza nacional. Agora, avançamos para o começo do novo milênio para trazer uma entidade jogável dos primórdios da internet brasileira.

Street Chaves

Do que se trata

Street Chaves é, como o nome entrega bem, uma fusão de Street Fighter com o seriado Chaves. Ou seja, um jogo de luta com personagens do programa de TV. Foi desenvolvido por CyberGamba, como o criador preferia ser chamado online, e disponibilizado gratuitamente em sites famosos que difundiam jogos e programas no começo dos anos 2000, como o Super Downloads.

Street Chaves tem um nível de atenção aos detalhes que vai muito além do que costumávamos ver em mods e fangames da época. Os cenários e personagens foram construídos com base em capturas de tela dos episódios da TV. Os recortes do elenco do programa substituem as posições e golpes de lutadores já existentes, não apenas de Street Fighter, mas também de Fatal Fury, The King of Fighters e até Darkstalkers – o professor Girafales, por exemplo, é o Sagat. Isso deixou todo mundo com uma aparência de boneco de papelão, que acaba trazendo um charme característico da obra.

O único porém nessa estilização toda está na escolha da trilha sonora. CyberGamba optou pelas músicas cantadas do disco que foi gravado por aqui, em vez da trilha instrumental dos próprios episódios. Por mais icônicas que as músicas sejam (“Quico, Quico! Rá, Rá, Rá!”), elas acabam enjoando rapidamente quando repetidas várias vezes durante o confronto. Um pequeno deslize que certamente será corrigido na sequência. Teremos uma sequência, certo?

O que você faz no jogo

O objetivo principal do jogo, como não poderia ser diferente, é descer sopapos nas pessoas da vila, revivendo algumas histórias clássicas dos episódios. Cada personagem tem um rival final que conclui essa missão, com direito até a diálogos personalizados. A jornada do Seu Madruga, por exemplo, consiste em recuperar seu violão na casa da Dona Florinda para ensinar o Chaves a tocar serenatas.

Como já mencionado, os personagens são versões de lutadores de outros jogos, com os mesmos golpes e comandos. Isso faz com que o resultado geral na parte prática da coisa não seja muito diferente de um jogo de luta com crossovers malucos, típicos das versões feitas com a engine MUGEN. Uma luta entre o Chaves e o Nhonho, por exemplo, é na verdade o duelo entre Terry Bogard e E. Honda, respectivamente.

O impacto estético

A tela final de uma campanha de Street Chaves traz um agradecimento do criador, o misterioso CyberGamba, e os créditos da tradução do jogo para o espanhol. CyberGamba sempre frisou, nos avisos do próprio jogo e nas poucas entrevistas posteriores, que o jogo deveria ser gratuito e que não autorizava a comercialização. Essa abordagem mais pessoal e comunitária de distribuição começou a difundir na internet brasileira, desde cedo, a cultura da publicação de jogos próprios, muitos deles com grande foco em humor e paródia.

Podemos encontrar aí, ao lado das romhacks e mods, um dos berços da cena de desenvolvimento de jogos do país. Não que Street Chaves tenha carregado essa vanguarda sozinho, mas certamente o jogo, ao unir um gênero muito popular com um dos maiores sucessos da televisão brasileira da época, serviu como uma das grandes vitrines para a possibilidade da criação e publicação de jogos cada vez mais autorais.

A história dos videogames no Brasil é também a história do improviso, do humor, do empenho em torno de algo que dificilmente trará retorno financeiro, como a homenagem a um seriado que amávamos na infância. O que chamam de “jeitinho brasileiro” está longe de ser apenas malandragem ou indolência. É muitas vezes apenas a forma que encontramos de fazer algo acontecer quando tudo à nossa volta parece conspirar contra. E esse esforço tem muito valor, especialmente quando o resultado dele é um jogo com senhor Furtado, o ladrão da vila, dando um hadouken na Bruxa do 71.

Nos vemos na semana que vem com mais uma pérola da décima arte!

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