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Pérolas da 10ª Arte – Alex Kidd In The Enchanted Castle

Pérolas da 10ª Arte - Alex Kidd In The Enchanted Castle

O triste fim do que deveria ter sido o começo de Alex Kidd Você conhece o Alex Kidd? Para as gerações mais novas, o nome deve soar apenas como uma dessas relíquias arqueológicas citadas em documentários dublados do History Channel. Mas, para quem cresceu jogando videogame nos anos 80 e 90, falar de Alex é como falar do centroavante histórico do clube do coração, que só não ganhou a Copa do Mundo porque teve a carreira abreviada por lesões.

Marcellus Vinicius •
25/04/2023 às 23h06, atualizado há um ano
Tempo de leitura: 7 minutos

O triste fim do que deveria ter sido o começo de Alex Kidd

Você conhece o Alex Kidd? Para as gerações mais novas, o nome deve soar apenas como uma dessas relíquias arqueológicas citadas em documentários dublados do History Channel. Mas, para quem cresceu jogando videogame nos anos 80 e 90, falar de Alex é como falar do centroavante histórico do clube do coração, que só não ganhou a Copa do Mundo porque teve a carreira abreviada por lesões.

Bardos entoam canções em bares mal iluminados sobre o passado de grandes feitos de Alex Kidd, o herói injustiçado. O mascote que não foi. Em seus versos, mencionam a época em que o menino Alex tinha tudo para ser o personagem principal da Sega, até ser superado e jogado ao ostracismo por um ouriço velocista que atende pelo nome de Sonic.

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Faz parte do papel das canções romantizar a crueldade arbitrária dos fatos. Mas, o que de fato aconteceu antes do nosso cabeçudo herói cair no esquecimento e começar a estudar para concurso público? Bem, é como disse o Batman:

Foi o Batman mesmo que falou isso?

A pérola da 10ª arte dessa semana não apenas foi a estreia do menino Alex no Mega Drive, como também a última pá de cal jogada sobre a sua curta e caótica carreira. Hoje vamos falar de Alex Kidd in the Enchanted Castle.

Do que se trata

Lançado originalmente em fevereiro de 1989, Alex Kidd in the Enchanted Castle era, na teoria, bastante promissor. O jogo levava o personagem ao Mega Drive, poucos meses após a chegada do console no mercado. Ele era o primeiro jogo do Alex Kidd que tentava seguir a fórmula de sucesso do clássico Alex Kidd in Miracle World, mesmo sendo o quinto (QUINTO) game do personagem.

Sim, é isso mesmo que você leu. Após o sucesso de Miracle World, Alex Kidd teve três jogos totalmente malucos que não tinham praticamente nada a ver com o original. São eles:

  • Alex Kidd: The Lost Stars, um jogo de plataforma onde cartas de baralho fazem Alex soltar um grito de dor e desespero;
  • Alex Kidd BMX Trial, um jogo de corrida de obstáculos com bicicletas;
  • Alex Kidd: High-Tech World, uma versão modificada de um jogo que foi inspirado em um mangá e tem nada a ver com Alex Kidd.
Olhando assim parece que tá tudo certo.

Não é difícil ficar otimista quando, depois desse combo, descobrimos que Alex chegou em um console totalmente novo, com a pegada do primeiro jogo. E é aí que Enchanted Castle se revela uma das maiores ciladas que a infância dos anos 80/90 poderia presenciar.

O que você faz no jogo

Esse é um jogo de plataforma dividido em fases, onde o personagem principal desce a porrada em vários animaizinhos pelo caminho, coleciona itens, quebra pedras. Parece exatamente o que vimos em Miracle World, então, o que há de errado? Bem, o primeiro jogo era impressionante em 1986, em um console 8-bits, mas esse aqui não melhora em nada as ideias do original. Pelo contrário, Tudo parece mais travado, genérico e completamente jogado. E as ideias novas que ele traz, bem…

Parte o charme do primeiro Alex Kidd estava no fato dele derrotar chefes em partidas de jankenpô, famoso joguinho de pedra, papel e tesoura. Enchanted Castle pega essa ideia e transforma em duelos em um palco, com plateia e apostas em dinheiro. E, por algum motivo extremamente misterioso, na versão japonesa, quando um personagem perde a disputa, perde também as roupas.

Temos várias sequências de Alex disputando jankenpô em um palco de teatro. A disputa é mediada por uma dupla de macacos. Vemos pandas, raposas e coelhos torcendo na plateia. E quem perder deve ficar completamente nu para apreciação (?) do público. Na versão americana, isso foi censurado e trocado por uma bigorna caindo na cabeça do perdedor.

Ou seja, é uma escolha entre jogar pedra, papel e tesoura apostando as roupas ou a vida. Só isso já valeria a inclusão do jogo na seleta lista dessa coluna

O impacto estético

Pouco ouvimos falar de Alex Kidd após o fiasco de Enchanted Castle. Ele ainda apareceu em 1990 com um spin-off baseado em Shinobi no Master System (Alex Kidd in Shinobi World), mas depois, geladeira e silêncio. Um ano depois, em 1991, Sonic the Hedgehog chegava ao Mega Drive e, bem, o que rola com a Sega daí em diante nós sabemos bem.

Mas a verdade que os bardos omitem em seus versos é que o ouriço azul pouco tem a ver com a ruína de Alex Kidd. Muito antes de Sonic apontar seu dedinho na tela título do seu primeiro jogo, Alex já tinha sido vítima de decisões estéticas alopradas em todos os trabalhos que vieram depois de Miracle World.

Alex Kidd em Segagaga (2001)

Em 2001, no excêntrico RPG de Dreamcast Segagaga, Alex Kidd é visto trabalhando em uma loja de conveniência. Enquanto passa o leitor de códigos de barras nos produtos, nosso menino, o mascote que não foi, deve remoer não apenas o sucesso de Sonic, mas as humilhantes partidas de jankenpô nos palcos do Mega Drive. Só nos resta torcer para que ele ao menos fique com o troco.

Nos vemos na semana que vem com mais uma pérola da décima arte!

 

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