Palworld tem caído em número de jogadores ativos na Steam
Palworld lançou como um baita sucesso. Com 2 milhões de jogadores ativos na Steam durante a estreia, o jogo parecia estar prestes a tomar a indústria de assalto com os Pals armados. No entanto, conforme o tempo foi passando, o título tem perdido público e pouco se fala sobre ele na internet.
Segundo informações do site SteamDB, desde o lançamento do jogo, Palworld saltou de 2 milhões de jogadores em janeiro, para 100 mil nos últimos 30 dias. Com uma queda considerável nos números, fica a pergunta: o hype do jogo passou?
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Queda livre, mas esperada
Ao entrar no SteamDB, é possível ver que o jogo não está mais com os números tão expressivos como na estreia. Três meses atrás, Palworld chocava o mundo e colocava o Pal na mesa ao colocar 2 milhões de jogadores ativos na estreia do título.
Para título de comparação, Palworld só está abaixo de PUBG: Battlegrounds nesse quesito, que conta com 3 milhões de usuários ativos com o pico de jogadores online. O jogo de sobrevivência da Pocketpair conseguiu, inclusive, superar Counter-Strike 2, Lost Ark, Dota 2 e Cyberpunk 2077 no pico de usuários.
Contudo, no momento da elaboração dessa matéria, Palworld conta com 20 mil jogadores ativos. E vale destacar, que o pico nas últimas 24 horas, foi de 31 mil jogadores, um número nem um pouco modesto. Em pico de jogadores, Palworld está acima de nomes como Red Dead Redemption 2, Street Fighter 6, Cyberpunk 2077 e ARK: Survival Ascendend, que pode ser considerado um concorrente direto para o jogo da Pocketpair.
Com um lançamento tão poderoso, é provável que muitos esperavam que o jogo fosse se manter com uma base ativa de jogadores nesse nível pelos próximos meses. Contudo, a queda de usuários ativos, não é nenhuma surpresa.
E isso não tem muito a ver com a qualidade do jogo em si, mas sim pelo fato de Palworld ser um produto em acesso antecipado. Quando títulos são lançados com esse formato, o conteúdo não está completo, dificultando muito para a base de jogadores continuarem por muito tempo engajados com o título.
Em casos de jogos como Baldur’s Gate 3 ou Hades, o acesso antecipado tem um fator de replay que está na jogabilidade. No RPG da Larian, bastava começar outra aventura com novas raças ou classes, enquanto no roguelike da Supergiant, nenhuma tentativa de escapar do Submundo, era a mesma. No entanto, por ser um título de sobrevivência misturado com captura de monstros, Palworld não possui esse fator replay.
Por isso, por mais que Palworld esteja entretendo a galera, e tenha feito esse sucesso todo inicial, era de se esperar que o jogo, gradualmente, fosse perdendo a base de jogadores monstruosa que construiu durante o lançamento.
Com a chegada de novos conteúdos, é capaz que esses usuários ativos voltem e quem sabe, até mesmo superem essa quantidade, já que muitas pessoas podem ter adquirido o título depois do sucesso inicial.
Como a comunidade segura as pontas?
Entrei no servidor do Discord de Palworld para dar uma olhada e ver como a comunidade tem se mantido ativa por lá, e alguns jogadores participam de discussões e existe até mesmo uma parte dedicada para divulgar servidores para os usuários entrarem e jogarem entre si.
Dei uma olhada, e existem alguns servidores que funcionam como RP, ou Role Playing, onde os jogadores podem interpretar um personagem enquanto estão na aventura. Um exemplo bem sólido disso, é GTA RP, que é um fenômeno, principalmente no Brasil.
No entanto, não dá para saber quantos jogadores desses participam nos servidores, então fica difícil de cravar se a iniciativa é um sucesso ou não. Pelo menos, existe o movimento de tentar criar servidores de RP para aqueles que curtem o lado da interpretação.
E não só para aqueles que querem participar de um formato de RP, mas servidores mais hardcore, outros mais tranquilos, o prato é cheio para quem gosta de pegar uns Pals. No entanto, como falamos antes, não dá para saber o quanto os jogadores estão engajados com esses servidores.
Audiência baixa
Outra coisa que me chamou a atenção, foi a baixa audiência na Twitch. Fui atrás para ver como o jogo estava desempenhando na plataforma, e a situação não parece das melhores. Durante a elaboração dessa matéria, Palworld tinha, ao todo, 298 espectadores na plataforma.
O criador de conteúdo com maior audiência, contava com 37 espectadores. Fui atrás dos concorrentes de Palworld, como Sons of the Forest, Ark, todos esses títulos de sobrevivência. E pode ser uma decadência do gênero, mas foi difícil de achar uma transmissão com três dígitos de audiência.
Fui atrás de jogos mais recentes, como Nightingale, que também é de sobrevivência, e realmente parece que a bolha do gênero de sobrevivência, não é mais tão atrativa ao público quanto antigamente. Será que Palworld estaria sofrendo pela saturação do gênero em si?
Devo dizer que, inicialmente, até achei que o título não tivesse emplacado na Twitch por algum motivo, mas vendo sites como Twitch Tracker, que monitora a plataforma, mostra que Palworld teve uma parcela boa de público inicialmente.
Em janeiro de 2024, o pico de audiência do jogo estava na casa dos 432 mil, com 10 mil canais transmitindo o título da Pocketpair. Atualmente, a média de espectadores é de 428, espalhada entre 123 canais que continuam a transmitir suas aventuras em Palworld.
Querendo ou não, ter uma base de transmissões sólida na Twitch, ajuda o jogo a continuar relevante, principalmente para aqueles que deixaram de jogar, ou querem interagir com outros usuários que continuam no título. E nesse caso, a plataforma de streaming faz um papel necessário de aproximar essa comunidade, mas isso parece não vir acontecendo.
A visão de quem continua jogando
Para tentar entender o que está acontecendo com o jogo, conversei com dois jogadores de ambos os lados: um que continua ativo, e outro que desistiu de continuar jogando. Ao conversar com ambos, dá para perceber que o título da Pocketpair sofre o mal do acesso antecipado: falta de conteúdo relevante.
Danilo Schleder, que continua se aventurando no jogo da Pocketpair, comentou que amigos já desistiram de continuar a jogatina pela falta de conteúdo. Ele ainda explicou que gosta de jogar Palworld sozinho, e que ainda não chegou a capturar todos os Pals. “Jogo solo, gosto de progredir no meu tempo”, ele continua. “Eu não rushei o jogo no começo, fui indo devagar e entendendo — ou tentando — a história. Jogo até agora porque ainda não finalizei e quero tentar capturar todos os Pals”.
Danilo também explicou que Palworld acaba sendo um título que ele joga quando os amigos não estão disponíveis para jogar CS ou Fortnite. “Eu jogo mais o Palworld quando meus amigos não estão online ou não quero jogar nada competitivo”. Quanto aos amigos, como já citamos, esses ainda não retornaram ao Palworld.
“Muitos conhecidos pararam de jogar porque o jogo prometeu algumas coisas e ainda não saiu — como o PvP ou Pals diferentes. Além disso, as áreas de minas serem iguais acabam afastando algumas pessoas”, explicou Schleder.
Danilo acredita que as novidades podem ajudar a trazer o público de volta. “Acho que as atualizações são o que podem salvar o jogo. Trazer novidades sempre é algo que ajuda muito. Talvez áreas novas do mapa, Pals diferentes ou até quests diferentes”, e Schleder elaborou ainda mais, explicando o que ele acha que seria bacana ser adicionado ao jogo.
“As dinâmicas das minas, já que é sempre andar até encontrar o caminho certo (e você ainda pode se perder) até derrotar um chefe. Trazer novos Pals ou desafios com humanos, PvP é algo que pode ser legal, apesar de eu ver a galera sendo tryhard por um nível ou ranking”.
A visão de quem desistiu de jogar
Para fazer um balanço da situação, também conversamos com um jogador que acabou desistindo de continuar suas aventuras em Palworld, Lucas Alves, que comentou como o título ficou monótono após chegar no endgame: “Após alcançar o endgame, o jogo começou a parecer monótono. Além disso, a jogabilidade se torna limitada; uma vez que você domina a mecânica, o desafio desaparece e tudo fica fácil demais”.
Apesar de ter parado de jogar, Alves adoraria retornar com as novas atualizações, e salienta que o jogo poderia se beneficiar de momentos narrativos mais importantes. “Estou aguardando para ver as próximas atualizações! Estou curioso sobre as mudanças tanto na narrativa quanto na jogabilidade. A falta de uma história envolvente foi um grande motivo para eu ter diminuído o ritmo com que jogo”, explicou.
Como os jogos de sobrevivência podem ser repetitivos para muitos jogadores, perguntei se a repetição de tarefas como angariar recursos e construir melhorias para a base, ajudaram a afastá-lo do jogo. Lucas acredita que não, mas acha que as recompensas precisam melhorar. “Não me importo com a repetição se a recompensa valer a pena. No entanto, a mecânica atual é repetitiva e os resultados não são suficientemente motivadores para continuar engajado”.
Com vários concorrentes para garantir o interesse do público, Palworld tem que concorrer com nomes já consolidados da indústria para conseguir se manter no topo de relevância. Alves acredita que o título precisa encontrar uma identidade primeiro. “Na minha visão, ou eles inovam criando algo que mantenha o interesse dos jogadores no alto, como acontece no Fortnite, ou deveriam se posicionar como um jogo mais relaxante. Ficar no meio-termo pode acabar afastando ambos os tipos de público.”
Como Palworld é uma amálgama de ideias, dá para entender o ponto de Alves. Sendo um jogo de sobrevivência, colecionar monstros, enfrentar chefes em incursões, explorar vários locais diferentes, é muita coisa misturada em um lugar só.
Passou o carro do hype? Depende do empenho da Pocketpair, mas o histórico não é animador
Ainda é cedo para dizer se Palworld será um “flop” ou não, e o principal peso nessa eterna balança entre continuar relevante ou não, depende da Pocketpair. Contudo, existem alguns sinais preocupantes que não podemos deixar de citar por aqui.
Antes de lançar Palworld, a desenvolvedora havia lançado Craftopia, um jogo de aventura, sobrevivência, capturar monstros…parece que já vimos isso em outro lugar, não? Até mesmo algumas animações, mecânicas, visuais, todos lembram muito o novo título.
O problema, é que bem, Craftopia ainda não saiu do acesso antecipado e continua em desenvolvimento. Algumas atualizações foram lançadas recentemente, mas que parecem ter problemas de desempenho para alguns usuários, segundo os fóruns na Steam.
Recentemente, a empresa havia aberto vagas para novos desenvolvedores para conseguir entregar atualizações mais rápido para o público, enquanto ainda conta com outros dois jogos em acesso antecipado: AI: Art Impostor e Craftopia.
Fica parecendo que a Pocketpair, que é um estúdio independente, lançou vários projetos com uma janela de tempo próxima, e foi migrando para o que estava dando mais resultado e não esperava o sucesso que fez com Palworld. O único jogo finalizado da desenvolvedora, Overdungeon, teve como última atualização substancial, a versão 1.3.0 em agosto de 2023.
E olhando a base instalada desses títulos, a situação realmente parece ir por esse caminho. Overdungeon teve um pico máximo de somente 2 mil jogadores, enquanto Craftopia ficou na casa dos 27 mil. No momento da elaboração dessa matéria, Overdungeon conta com 10 jogadores ativos.
Olhando a página de desenvolvedores da Pocketpair, a equipe já tem mais um título que entrará em acesso antecipado em breve: Never Grave. O jogo, busca muitas inspirações em Hollow Knight, com visuais muito semelhantes ao do título da Team Cherry.
Talvez com a influência da Microsoft, já que Palworld é um baita sucesso no Xbox, o jogo consiga ter tração o suficiente para ser lançado em uma versão definitiva, sem entrar em algum tipo de limbo de desenvolvimento. Contudo, é difícil de entender as motivações da Pocketpair.
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Em Palworld, ainda temos muito o que fazer, mas estamos com uma enorme falta de colegas!
Estamos recrutando para todos os cargos, mas estamos procurando especialmente por planejamento e engenheiros!
Estamos procurando pessoas com experiência em qualquer engine, portanto, se você estiver interessado em criar um jogo completamente novo, candidate-se!
A própria desenvolvedora, após o sucesso inesperado do jogo, admitiu em fevereiro que precisavam de mais funcionários e que a desenvolvedora estava com pouco pessoal para continuar o desenvolvimento.
Contudo, o CEO da empresa chegou a comentar que gostaria de manter a Pocketpair como um estúdio pequeno, e que todo esse sucesso não é para eles. Em entrevista para a Bloomberg, Takeru Mizobe disse que quer continuar assim. “Somos e vamos continuar como um estúdio pequeno”, explicou Mizobe. “Quero fazer vários jogos pequenos. Jogos de grande orçamento não são para a gente”.
Até lá, ficamos na torcida para que Palworld saia como um jogo completo. E que, bem, até lá a Pocketpair não invente mais um acesso antecipado…
Procuramos a Pocketpair para comentar sobre Palworld e não obtivemos resposta. Caso a empresa retorne as nossas perguntas, adicionaremos na matéria.
Com informações de: SteamDB, Twitch Tracker e PC Gamer
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