Por que Mortal Kombat nunca apareceu em Smash Bros, mesmo com o desejo do criador?
Já imaginou o Pikachu sendo congelado pela magia do Sub-Zero? Ou talvez o Kirby usando a máscara do Scorpion e gritando “get over here” do jeito mais fofo possível? Agora sabemos que uma figura muito ilustra já sonhou com essas possibilidades: Ed Boon, o criador de Mortal Kombat.
A revelação do chefão aconteceu em uma entrevista para o site Axios, onde Boon revelou não apenas que gostaria ver o Scorpion no jogo da Nintendo, mas também que nunca chegou a receber um contato da empresa. E isso levanta a questão: por que será que Mortal Kombat foi “ignorado”, quando personagens de Tekken, Street Fighter e Fatal Fury fizeram participações especiais?
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É possível imaginar alguns motivos. O mais evidente está na classificação indicativa dos jogos de Mortal Kombat. A violência explícita da série destoa bastante do clima festivo e colorido que costuma predominar nos jogos da Nintendo. E essa é uma via de mão dupla: o Scorpion também precisaria ser bem descaracterizado para se encaixar ali. É uma transição bem mais brusca do que aquela realizada com Ryu e Terry Bogard, por exemplo.
A relação da Nintendo com a violência de Mortal Kombat já rendeu muito assunto nos anos 90. O primeiro jogo da série recebeu uma versão censurada para o Super Nintendo. Todo o sangue foi substituído por algo que parece suor, e os famosos Fatalities foram suavizados para apresentar algo menos fatal – o que, semanticamente, não faz nenhum sentido, mas enfim. A Nintendo sempre apresentou grande resistência a representações gráficas de violência e inclusão de temas mais adultos, e raramente inclui esse tipo de conteúdo nas produções internas.
Mas essa especulação, embora muito pertinente, talvez não dê conta de explicar por completo a ausência de Mortal Kombat. A questão geográfica talvez represente um fator até mais relevante, dado que é muito improvável que personagens ocidentais participem do elenco principal do jogo. Dos 82 lutadores selecionáveis de Super Smash Bros. Ultimate, apenas 2 são criações de estúdios ocidentais: Banjo-Kazooie, da Rare, antiga parceira próxima da Nintendo, e Steve, de Minecraft, um dos maiores fenômenos infanto-juvenis deste século. Uma série japonesa voltada para públicos adultos, como Resident Evil ou Dark Souls, teria mais chances de participar da farra do que Mortal Kombat.
Não deixa de ser divertido, porém, imaginar as possibilidades. Também é interessante observar como o convite envelopado para participar de Smash se tornou uma das maiores honrarias da indústria, cobiçada por desenvolvedoras do mundo todo. Um sinal do prestígio e aclamação que a série de jogos de luta (sim, de luta!) da Nintendo conquistou nas últimas duas décadas.
No momento, o que nos resta é começar a especular sobre personagens e participações para o próximo título de pancadaria da Nintendo. E orar pela saúde de Masahiro Sakurai, diretor da série, porque o homem merece descansar bem mais.
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