Prestes a se aposentar, Jim Ryan nunca foi unanimidade entre a comunidade de jogadores
A indústria dos videogames foi surpreendida na noite desta quarta-feira (29) com o anúncio da aposentadoria de Jim Ryan, atual presidente e CEO da Sony Interactive Entertainment (SIE). Após dedicar quase três décadas ao universo PlayStation, Ryan deixará oficialmente a posição em março de 2024.
No pronunciamento para funcionários, Jim Ryan compartilhou as dificuldades de equilibrar a vida pessoal na Europa com as responsabilidades de trabalho na América do Norte. Ele expressou profunda gratidão pela oportunidade de trabalhar na Sony e mostrou-se otimista quanto ao futuro da empresa.
Leia mais:
- Jim Ryan deixará o cargo de CEO da PlayStation Studios
- PlayStation Plus: jogos de outubro são revelados
- Baldur’s Gate 3 recebe nova atualização
Kenichiro Yoshida, CEO do grupo Sony, prestou homenagem a Ryan, destacando o papel crucial dele no lançamento bem-sucedido do PlayStation 5 durante a pandemia global de COVID-19. Ele ressaltou que o PS5 está a caminho de se tornar o console de maior sucesso da Sony – uma aposta bastante ousada, considerando os números estrondosos do PS2.
A grande realidade, porém, é que a gestão de Jim Ryan dificilmente deixará saudades nas pessoas que acompanharam as declarações e a postura intransigente e até agressiva do presidente ao longo dos últimos anos. Ao longo da trajetória na Sony, não faltaram declarações polêmicas e controversas, quase sempre na contramão das reais expectativas do público.
Talvez o momento mais infame de Ryan tenha ocorrido ainda em 2017, dois anos antes de assumir a presidência da SIE. Comentando sobre retrocompatibilidade em uma entrevista à revista TIME, ele questionou o valor dos jogos antigos, desmerecendo a história da própria Sony.
“Posso dizer que [a retrocompatiblidade] é uma daquelas funcionalidades muito solicitadas, mas, na realidade, não é muito usada”, disse Ryan. “Os jogos do PS1 e PS2 parecem tão arcaicos que eu me pergunto: por que alguém jogaria isso?”, completou ele, revoltando fãs no mundo inteiro. Na mesma época, ele também se posicionou contra a funcionalidade crossplay com consoles da Nintendo e Microsoft, nadando contra uma tendência do mercado e um desejo evidente dos jogadores.
A administração de Jim Ryan foi palco para outras medidas controversas, como o aumento do preço dos exclusivos de PlayStation 5 para 70 dólares e o fechamento da renomada Japan Studio, de séries como Patapon e Gravity Rush. Mais recentemente, o executivo proferiu palavras duras contra o Game Pass, chamando o serviço da Microsoft de “destrutivo” para publishers.
Fica para especulação se a renúncia repentina de Jim Ryan tem alguma relação com as aquisições de peso de empresas renomadas da indústria por parte da Microsoft ao longo dos últimos anos. As compras da Bethesda e da Activision Blizzard em especial são bastante prejudiciais para os futuros negócios da Sony.
A imagem que fica da era Jim Ryan no comando do PlayStation é agridoce, no mínimo. O sucesso do PlayStation 5 é incontestável, mas inúmeros posicionamentos e decisões do futuro ex-presidente certamente arranharam a imagem da marca durante este período.