Baldur’s Gate 3 tem como principal trunfo, os excelentes companheiros de jornada
Jogadores acostumados com o gênero CRPG sabem bem como é o impacto de um companheiro de jornada na história. Mass Effect e Dragon Age, por exemplo, exploram muito bem esse lado, e trazem um casting de personagens que conseguem cativar o jogador a saber mais sobre aquele parceiro de combate.
Com algumas horas já gastas na versão final de Baldur’s Gate 3 — e algumas centenas no acesso antecipado —, devo dizer que, depois de muito tempo jogando títulos do gênero, eu me peguei voltando a me importar com as missões envolvendo a trupe que acompanha o protagonista durante a jornada até a cidade de mesmo nome.
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Companheiros improváveis
Os principais companheiros da aventura estão ligados ao protagonista através do girino do Devorador de Mentes, e isso entrega algumas interações interessantes para se explorar. Em diálogos, é possível tentar invadir a mente de Shadowheart, por exemplo, e entender realmente o que ela está pensando, ao invés de somente entregar uma resposta genérica.
E não só isso, mas a forma como a Larian Studios escreve cada um desses personagens realmente te deixa interessado em saber mais. Como todos também podem ser o protagonista da história, a trama escrita em Baldur’s Gate 3 gira em torno de Lae’Zel, Shadowheart, Astarion, Karlach, Gale e Wyll.
É lógico, os problemas que o Absoluto está causando à Costa da Espada são o ponto principal, mas as histórias secundárias que envolvem esses personagens são o complemento perfeito para um cenário tão rico em exploração.
Seja ouvindo um comentário sarcástico de Astarion ou lidando com o fanatismo de Lae’Zel, saber mais sobre os companheiros se torna algo menos penoso do que só conseguir mais um item ou completar as missões em busca das conquistas.
Mais do que só um NPC
Os momentos de interação no acampamento de Baldur’s Gate 3 são algumas das situações mais bacanas, na hora de construir esse vínculo entre o protagonista e esse grupo improvável de aventureiros.
Saber mais sobre como Gale se tornou um mago tão poderoso e entender o passado envolto de ganância pelo conhecimento do Mago tornam os momentos de descanso muito mais do que só guardar os itens no baú, e recuperar vida e feitiços.
A forma como, gradativamente, os personagens vão se afeiçoando pelo protagonista também contribuem nessa caminhada, para querer saber mais sobre determinado companheiro. Uma recente interação com Astarion, um personagem que particularmente não me chama atenção, me fez ficar genuinamente contente.
Não que o personagem seja ruim, pelo contrário. Mas vampiros sarcásticos existem aos montes. Ver como as decisões que fiz jogando Baldur’s Gate 3 moldam a personalidade de Astarion, o aprofundando com o tempo, deixam tudo muito melhor.
Entender o que se passa na mente do vampiro, que sempre tem uma gracinha para falar e diz não se importar com ninguém, ajuda a construir o sentimento de vínculo com o personagem, e isso acaba criando momentos únicos na hora de decidir o que fazer em momentos chave da trama.
E não é só o vampiro metido a malvadão, com personalidade de um adolescente que usa avatar de anime, que me evocou isso. Wyll era considerado — com toda razão — o companheiro com história mais fraca e sem graça. A Larian prometeu reescrever o personagem, e devo dizer que acertaram.
Entregar dilemas maiores do que só “preciso de tal item” transformam os companheiros de Baldur’s Gate 3 em parceiros mesmo. A forma como o diálogo muda e os personagens vão se abrindo para o protagonista, contando segredos mais íntimos e expandindo o universo, se torna o maior trunfo do RPG.
Muitos acabam pensando nessa interação bem mais para o lado do romance do jogo — que é o que chama atenção da galera —, mas o sentimento de companheirismo que passa a compor a relação com esses parceiros improváveis é algo que poucos jogos conseguem acertar precisamente.
Ter essa constante evolução no vínculo emocional com os personagens vai além de só dar umas bitocas virtuais, e é muito mais interessante tomar decisões no jogo, tendo um peso ainda maior devido às interações passadas com os personagens. Escolher algo que vai deixar Karlach triste, por exemplo, vai refletir na forma como ela interage com o protagonista, e isso acaba pesando nas decisões.
Amigo, estou aqui
Um dos principais trunfos do RPG de mesa é a possibilidade de criar vínculos entre os personagens, de forma que não seja raso ou completamente jogado. Principalmente por jogar entre amigos, a situação de interpretar se torna mais leve e bem divertida, rendendo bons momentos.
Devo dizer que a dinâmica entre os companheiros em Baldur’s Gate 3 me deixou com pé atrás quanto à ideia mirabolante de replicar a experiência do RPG de mesa nos jogos. No entanto, a Larian Studios consegue enriquecer a interação do grupo, colocando interações entre os NPCs durante a jornada.
É normal ver Gale fazendo uma piada com Astarion sobre alguma coisa, ou perguntar qual é o prato preferido de cada um dos outros aventureiros. Parece bobo, mas isso ajuda muito a construir esse sentimento de relação real entre os personagens, e isso deixa algumas escolhas mais significativas conforme a trama avança.
Sem muitos spoilers, existe um momento onde tive que ajudar Shadowheart a se decidir sobre alguma coisa. Se não fossem as horas de interação, buscando entender o que se passa com a Clériga, e tentar saber mais sobre o passado, é provável que teria escolhido algo genérico, que iria fornecer um item no final.
No entanto, acabei escolhendo ajudá-la a tomar a melhor decisão possível, pensando no que seria benéfico não só para a gameplay, mas para o desenvolvimento da personagem. Entre fazer uma escolha que poderia ser ruim para Shadowheart em troca de um item, ou decidir algo que fazia sentido para a construção da personalidade dela até aquele momento, não pensei duas vezes.
Optei pelo melhor caminho para a personagem, e não para o grupo em si. Geralmente, teria pegado o item poderoso e estaria nem aí se a personagem ficaria chateada ou não, isso poderia ter zero consequências no final.
Mas, mesmo que aqui também não tenha consequências, Baldur’s Gate 3 faz um trabalho tão bom em dar vida para esses personagens, colocá-los para interagir com o protagonista e compelir o jogador a saber mais sobre aquele improvável aliado, que não me importei em fazer o melhor pela Clériga, ao invés de ir atrás de um item fortão.
Ainda não cheguei no ato final e apenas arranhei a superfície da segunda parte do jogo, mas devo dizer que o maior trunfo da Larian Studios foi ter feito companheiros tão bem escritos. Se a jornada de Baldur’s Gate 3 for os amigos que fizemos pelo caminho, devo dizer que foi uma baita aventura.
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