Perdeu alguma coisa do julgamento da Activision Blizzard? Sem problemas, venha conferir conosco
O julgamento da Comissão Federal de Comércio sobre a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft foi um dos grandes assuntos da última semana na indústria dos videogames. Segredos foram revelados e até mesmo títulos que não tinham nenhuma novidade sobre, tiveram informações importantes reveladas pelos documentos disponibilizados nos processos.
Leia mais
- Notícias de The Last of Us Part 3, Stray e mais! – o mundo dos Games (03/07)
- Zelda: jogador usa glitch para criar primeira máquina voadora infinita em Tears of the Kingdom
- Left 4 Dead 3: ”vazamentos” provavelmente são arquivos antigos, diz ex-roteirista da Valve
Perdeu alguma coisa que aconteceu durante o julgamento? Bom, colocaremos abaixo as principais notícias que foram importantes durante essa semana conturbada do mundo dos games, além de algumas considerações sobre o assunto e o motivo pelo qual essa informação é tão relevante. Pegue uma café ou uma pipoquinha, e vem se atualizar na maior novela mexicana dos videogames na atualidade.
Microsoft diz que Xbox ”perdeu a guerra dos consoles” em defesa da aquisição da Activision Blizzard
Durante o julgamento, a Microsoft alegou que o Xbox é a ”terceira força” nos consoles, perdendo em espaço para a Nintendo e também para a Sony. “A Xbox perdeu a guerra dos consoles, e os rivais estão posicionados para continuar dominando”, argumentou a empresa, na declaração judicial, acrescentando que o Xbox teve 16% das vendas de consoles em 2021 e, no geral, uma base instalada de 21%.
“Em 2001, a Microsoft entrou na indústria de jogos com o lançamento do primeiro console de videogame Xbox, competindo com as estabelecidas Sony e Nintendo. Naquela ‘geração’, Sony e Nintendo venderam mais do que a Xbox em uma margem significativa. Ao longo dos 20 anos desde então, Sony, Nintendo e Xbox são os três principais produtores de consoles e estão envolvidos no que a indústria se refere como ‘guerra dos consoles’”.
A Microsoft acrescentou que “a Sony é a principal força em consoles” e que a base de consumidores foi consistentemente maior em várias gerações. “O console do Xbox sempre ficou consistentemente em terceiro lugar (de três) em vendas, atrás do PlayStation e Nintendo”, explicou a empresa.
Porque isso é importante: a Microsoft admitir o espaço do mercado que ela ocupa é importante para defender a posição de se manter competitiva contra Sony e Nintendo, empresas com maior tempo de estrada, e conseguir dar ao Xbox opções para competir com o PlayStation e o Switch.
Bethesda confirma jogo de Indiana Jones como exclusivo de Xbox e PC
O jogo foi anunciado pela Bethesda em janeiro de 2021, e, desde então, nenhuma informação foi divulgada sobre o título, além do fato dele estar sendo desenvolvido pela MachineGames. Na época, não havia uma confirmação sobre para qual plataforma o game sairia, uma omissão óbvia, devido à tramitação da fusão entre a ZeniMax e a Microsoft. O chefe de publicações da Bethesda, Pete Hines, confirmou que o jogo baseado em Indiana Jones será exclusivo de PC e dos consoles Xbox.
Porque isso é importante: os jogos da ZeniMax serão exclusivos para PC e Xbox, e, para a CFC, isso pode significar que a Microsoft pode fazer isso com os jogos da Activision Blizzard.
Microsoft acredita que a próxima geração de consoles chega em 2028
A Microsoft afirmou, durante o primeiro dia do julgamento na CFC, que o “período de início esperado” para a próxima geração de consoles é em 2028. Se isso for verdade, significa que a atual geração de consoles, que inclui o PS5, Xbox Series X e Xbox Series S, deverá durar cerca de oito anos.
Porque isso é importante: com uma geração durando cerca de oito anos e os jogos demorando cada vez mais no tempo de desenvolvimento, é possível que passemos a viver um período no qual cada título de uma franquia saia somente para uma geração.
Phil Spencer diz que fará o que for preciso para manter Call of Duty no PlayStation
O chefe da Xbox, Phil Spencer, reafirmou, de forma veemente, que a empresa não tem planos de tirar Call of Duty dos consoles PlayStation, caso a aquisição seja concluída. A juíza Jacqueline Scott Corley lembrou Spencer de que ele estava sob juramento e perguntou se a Microsoft continuaria a lançar Call of Duty no PlayStation. “Farei o que for preciso”, afirmou ele em corte. “Não temos planos. Estou fazendo um compromisso aqui de que não vamos retirar Call of Duty – é o meu testemunho – do PlayStation”, disse o chefe da Xbox.
“Como você disse, a Sony obviamente precisa permitir que lancemos o jogo na plataforma”, prosseguiu Spencer. “Mas, sem isso, meu compromisso e meu testemunho são de que continuaremos a lançar futuras versões de Call of Duty no PlayStation 5 da Sony”.
Porque isso é importante: a afirmação de Phil Spencer pode ajudar a terminar a discussão infundada de que a Microsoft iria colocar Call of Duty como exclusivo de Xbox. Convenhamos, nenhuma empresa quer perder dinheiro e a dona da Xbox sabe que CoD fatura bastante no PlayStation, não faria sentido não abocanhar essa fatia grande de receita que viria com as vendas multiplataforma dos jogos.
Activision Blizzard pediu mais dinheiro para colocar Call of Duty no console
A vice-presidente da Xbox, Sarah Bond, afirmou que o CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, exigiu uma maior participação na receita para disponibilizar Call of Duty nas plataformas da Microsoft. De acordo com Bond, Kotick deixou claro que “se não ultrapassássemos a divisão padrão de receita, ele não colocaria Call of Duty no Xbox”. Diante da pressão, a empresa decidiu atender às demandas. “O tempo era limitado. Tínhamos jogadores cujas expectativas queríamos atender, então, no final, tomamos a decisão de que era a melhor coisa para o negócio”, afirmou Bond.
Além da divisão de receita, Bond também mencionou as restrições nos acordos de marketing de Call of Duty, que limitaram o que a empresa poderia dizer sobre a série. “Há um ano, queríamos anunciar que Call of Duty Vanguard seria lançado no Xbox, mas nos disseram que não poderíamos mencionar isso no YouTube ou em qualquer outro lugar onde os clientes que não fossem nossos próprios pudessem ver. Tivemos que aguardar por um determinado período”, revelou Bond.
Porque isso é importante: a situação mostra o quão importante é assegurar um jogo que venda tanto quanto Call of Duty na própria plataforma. Por mais que a Microsoft tenha dinheiro para bancar essa movimentação, pedir mais dinheiro para incluir um título em uma plataforma, é, digamos, forçar a barra. No entanto, isso mostra o nível de dificuldade da empresa em garantir bons negócios na indústria.
Microsoft faz mistério sobre uma versão para o PlayStation de The Outer Worlds 2
A Microsoft e a Bethesda responderam diversas questões sobre a indústria durante o julgamento, inclusive citando o caso de The Outer Worlds 2, jogo anunciado pela Obsidian Entertainment após a aquisição do estúdio pela dona do Xbox. Matt Booty, líder da Xbox Game Studios, disse que ainda não está decidido se o jogo será lançado para as plataformas da Sony e da Nintendo. O primeiro The Outer Worlds ganhou versões para PlayStation 4 e Nintendo Switch, quando o jogo ainda era distribuído pela Private Division.
A Microsoft alegou que continuará apoiando as comunidades dedicadas às propriedades intelectuais da empresa fora dos consoles Xbox. Segundo relatos não oficiais, The Outer Worlds 2 teria começado o desenvolvimento em 2019, antes da aquisição da Bethesda.
Porque isso é importante: caso o jogo tenha realmente começado o desenvolvimento antes da aquisição da Bethesda, seria complicado para a imagem da Microsoft manter Outer Worlds 2 de fora dos consoles da Nintendo e da Sony. Apesar de afirmar que manteria tudo da Bethesda como exclusivo, algumas concessões precisarão ser feitas para ”manter a paz” com os órgãos reguladores.
Microsoft considerou comprar SEGA, Bungie e outros estúdios
A Microsoft considerou adquirir a SEGA, Bungie, IO Interactive e outras empresas, de acordo com um e-mail enviado pelo CEO de Jogos, Phil Spencer, para o CEO, Satya Nadella, e a CFO, Amy Hood, em novembro de 2020. “Acreditamos que a SEGA construiu um portfólio equilibrado de jogos em diferentes segmentos, com apelo geográfico global, e nos ajudará a acelerar o Xbox Game Pass tanto no console quanto fora dele”, diz o e-mail de Spencer.
O documento de análise de fusão de 2021 lista oito estúdios, incluindo Bungie, IO Interactive, Zynga, Thunderful, Supergiant Games, Scopely e Playrix. Atualmente, a Bungie é de propriedade da Sony e a Zynga é de propriedade da Take-Two Interactive.
Porque isso é importante: entre as opções que a Microsoft levantou para aquisição, estão nomes muito interessantes, principalmente a SEGA. Isso mostra o quão longe a empresa está indo para tentar se colocar como uma força importante na indústria dos jogos e trazer mais qualidade para a biblioteca do Xbox.
CEO da Microsoft diz, que se pudesse, acabaria com os exclusivos de consoles
Durante o depoimento, Nadella afirmou: “Se dependesse de mim, eu adoraria eliminar os jogos exclusivos de console, mas essa não é uma decisão que cabe a mim. No mercado de consoles, o player dominante definiu a competição usando exclusivos, e é assim que as coisas funcionam… Não tenho apreço por esse modelo.”
Caso a CFC acredite que a dona do Xbox irá flexibilizar o controle sobre os jogos da Activision após a aquisição, é provável que a transação seja autorizada. Essa postura estratégica da Microsoft também pode ser observada nos recentes acordos de longo prazo assinados pela empresa.
Porque isso é importante: essa declaração foi uma belíssima cutucada na Sony e nos exclusivos de PlayStation. Assumindo uma posição na qual a Microsoft teria o sonho de conseguir pluralizar os jogos, fica mais fácil de convencer os órgãos reguladores de que CoD continuará multiplataforma.
Diretora financeira da Microsoft diz que exclusividade de Call of Duty nunca foi discutida
A Diretora financeira da Microsoft, Amy Hood, alegou que o tópico da exclusividade de Call of Duty nunca foi discutido durante as conversas sobre a aquisição da Activision Blizzard. A diretora financeira ainda afirma que em nenhuma das apresentações ou discussões com o conselho administrativo houve menção sobre o assunto.
A declaração de Hood ainda revela que a apresentação final para o conselho administrativo da Microsoft revelava a intenção de continuar produzindo as franquias e os jogos adquiridos para todas as plataformas relevantes, como o PC, Android, iOS, Steam, Switch, Windows, Xbox e PlayStation, além de outras não discriminadas.
Porque isso é importante: esse tipo declaração ajuda a acalmar os órgãos reguladores sobre a possibilidade da exclusividade de Call of Duty no Xbox caso a compra seja concluída. A Microsoft demonstrar que não está interessada nesse modelo ajuda bastante a diminuir a desconfiança sobre as intenções da empresa.
Sony revela acidentalmente que faturou US$ 800 milhões com Call of Duty
Uma falha na censura de um dos documentos do julgamento trouxe mais informações sobre os números da Sony. A informação revelada é que o PlayStation faturou quase US$ 1 bilhão com Call of Duty. Em 2021, segundo o documento, Call of Duty gerou cerca de US$ 800 milhões para a Sony Interactive Entertainment somente nos Estados Unidos. Infelizmente, não é possível discernir o valor global.
O documento ainda alega que, caso os jogadores deixassem o PlayStation pelo Xbox, devido a uma possível exclusividade, os valores gastos em hardware, serviços de assinatura e outros jogos poderiam ser perdidos.
Porque isso é importante: aqui, temos o real motivo pelo qual a Sony é contra a aquisição da Activision Blizzard. A quantidade de receita que o jogo gera para a empresa é impressionante, e ajuda bastante no orçamento do PlayStation para investir nos exclusivos, além de solidificar a marca como sinônimo de Call of Duty.
Activision Blizzard se arrepende de não ter levado Call of Duty para o Switch
Bobby Kotick, CEO da Activision Blizzard, revelou arrependimento por não ter lançado os jogos da série Call of Duty no Nintendo Switch. Durante o depoimento, ele admitiu ter subestimado o sucesso do Switch, chamando-o de “provavelmente o segundo maior sistema de videogame de todos os tempos”.
A hesitação da Activision Blizzard em apostar no Nintendo Switch, quando foi lançado, em 2017, tem relação com o mau desempenho do console antecessor da Nintendo, o Wii U. Caso a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft seja aprovada, os fãs da franquia poderão contar com jogos de Call of Duty nas próximas plataformas da Nintendo. Em fevereiro, a Microsoft assinou um “acordo legal vinculativo de 10 anos” para trazer a popular série de jogos de tiro para os consoles da criadora do Mario.
Porque isso é importante: com a movimentação da Microsoft para garantir que Call of Duty chegue nos próximos consoles da Nintendo, o depoimento de Bobby Kotick reforça a estratégia da empresa para caso a aquisição da Activision Blizzard seja completada.
Documentos do julgamento da Activision Blizzard revelam valores importantes da indústria dos games
Mais um erro na censura dos documentos apresentou o custo de desenvolvimento de títulos como Horizon Forbidden West e The Last of Us Part II. Segundo a Sony, cerca de 300 funcionários da Guerrilla trabalharam na sequência de Horizon Zero Dawn por cerca de 5 anos, começando em 2017 e finalizando em 2022. Além do valor de US$ 212 milhões, o jogo pode ter perto de 9 milhões de jogadores no console.
Já The Last of Us Part II começou a ser desenvolvido em 2014 e só findou a produção em 2020, custando cerca de US$ 220 milhões, com aproximadamente 200 funcionários da Naughty Dog trabalhando no projeto. Outra revelação foi a de que Arma 4 e DayZ 2 estariam em desenvolvimento na Bohemia Interactive. O documento interno da Microsoft, entregue como evidência para a corte, mostrava notas adicionais, contando que a empresa está trabalhando na sequência de DayZ.
Porque isso é importante: o julgamento da aquisição da Activision Blizzard fez algo que poucas situações na indústria conseguiram fazer – abrir a cortina e mostrar mais dos bastidores dos desenvolvimento dos jogos. Saber os valores por trás de jogos como The Last of Us Part II e Horizon Forbidden West é uma situação extremamente rara, que merece ser destacada quando temos a oportunidade.
Quando isso acaba
Infelizmente, ainda não existe uma previsão para a conclusão do embate entre a Microsoft e a Comissão Federal de Comércio sobre a compra da Activision Blizzard. Um parecer deve acontecer ao longo dos próximos meses, mas, até lá, ainda existe uma batalha a ser travada no tribunal contra a Competition and Markets Authority (CMA), no Reino Unido, para garantir que a compra seja aprovada.
Nós, da Game Arena, continuaremos com nossa cobertura sobre o caso, mesmo que isso demore bastante para acontecer.
A Game Arena tem muito mais conteúdos como este sobre esportes eletrônicos, além de games, filmes, séries e mais. Para ficar ligado sempre que algo novo sair, nos siga em nossas redes sociais: Twitter, Youtube, Instagram, Tik Tok, Facebooke Kwai.