Diante de mais um lançamento desastroso da indústria dos jogos, fica claro que a pressa não ajuda em nada
Star Wars Jedi: Survivor entrou para a longa lista de jogos que estrearam de forma desastrosa. Péssimo desempenho no PC, problemas recorrentes nos consoles, a sequência de Jedi: Fallen Order é só mais um, em uma série de lançamentos falhos que poderiam ter sido evitados.
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Em março de 2023, o diretor do jogo, Stig Asmussen, revelou ao IGN que recusou adiar Jedi: Survivor para 17 de maio. Com a possibilidade ter mais tempo para trabalhar no título, e dado o histórico de games problemáticos da indústria, de onde vem essa pressa para lançar os jogos?
O medo de adiar o jogo
Falar que um jogo será adiado é sinônimo de desastre para parte da comunidade. Muitos associam a situação com problemas internos no estúdio, e isso acaba trazendo um ar de desconfiança acerca do algum título. Desde o desastre retumbante que foi o lançamento de Cyberpunk 2077, as coisas tem ficado cada vez mais complexas. Atualmente, vários títulos já chegam com uma atualização no primeiro dia e isso mostra que, se talvez existisse mais tempo para polimento, as coisas poderiam ser diferentes.
Pokémon Scarlet e Violet, Jedi: Survivor, os jogos da Sony no PC, vários títulos chegam aos computadores e consoles com problemas. Não dá para saber se existe uma afobação dos estúdios de lançar o quanto antes, ou se isso pode ser medo dos investidores. Nesse caso, opto pela segunda opção e acredito que seja a mais sensata. Na ideia de cumprir prazos que muitas vezes podem ser considerados arriscados, os estúdios perdem a mão e lançam o jogo de qualquer jeito.
A grande máquina do dinheiro
Não podemos negar, os acionistas, produtores, donos de estúdio e aqueles que injetam o dinheiro para fazer os jogos, possuem expectativas que, muitas vezes, podem não ser atendidas. Diferente dos filmes, onde existe uma janela para regravações ou outros ajustes, é difícil você ver um jogo que não precise de mais acertos, até mesmo quando é adiado. No caso mais recente, Jedi: Survivor, o jogo teve a oportunidade de ser adiado para ser lançado em 17 de maio. Tudo bem que concorreria com Zelda, mas, ainda assim, a equipe se esforçou para tentar entregar Survivor quanto antes, e o lançamento foi um desastre.
Em uma indústria onde tecnologias mudam, o tempo de produção é maior, e, muitas vezes, é um processo bem mais complicado de desenvolvimento do que outras mídias. É chato pensar que investidores e empresas não conseguem ser mais lenientes quanto ao adiamento de jogos. Cyberpunk 2077 e No Man’s Sky foram títulos que foram melhorando a reputação conforme as atualizações e correções foram acontecendo. Tudo precisa de tempo, e parece que a indústria tem medo de prolongar o projeto, como se não fosse beneficiar o produto final.
Tirando que muitos jogos passam pela prática de crunch – o excesso de horas extras compulsórias dos trabalhadores para finalizar o jogo -, que demanda muito dos desenvolvedores, tanto mentalmente quanto fisicamente, é de se esperar que existam problemas na produção de alguns títulos. O dinheiro continua movendo a indústria, como qualquer outra, mas, aqui, ele acaba sendo priorizado em comparação à qualidade, preferindo lançar em uma data já estipulada do que cancelar até conseguir corrigir os problemas.
Entendo que, para as vendas, é complicado lançar o jogo perto de outro grande lançamento, mas, no caso de Jedi: Survivor, trata-se de uma franquia gigante. Tears of the Kingdom pode, com certeza, tomar a atenção, mas seria uma briga parelha nas vendas. O que fica evidente é o medo de perder dinheiro em prol da qualidade.
A cultura precisa mudar
Não adianta prometer jogos incríveis e histórias mirabolantes se existem problemas gritantes que impedem os jogadores de conseguir desfrutar de tudo isso. E o pior dessa situação é que é algo completamente aleatório. Alguns jogadores sofrem com os problemas, outros não. No meu caso, minha experiência com Cyberpunk 2077 foi tenebrosa. Jedi: Survivor, pelo menos, tem rodado de forma consistente no PlayStation 5. No entanto, esse tipo de situação incabível, ainda mais pelo preço que pagamos em cada um desses jogos. Isso só vai mudar quando essa cultura de cumprir prazos pelo dinheiro acabar.
Isso não é novidade, com Cyberpunk 2077, a própria CD Projekt Red disse que as versões de Xbox One e PS4 não tiveram tanta atenção no desenvolvimento. E mesmo assim, as versões de PS5, Xbox Series S e PC também sofreram bastante. Como o jogo tinha muitas expectativas, fica difícil não se decepcionar com o que aconteceu. O título teve um dos lançamentos mais desastrosos da história, recheado de bugs, erros e problemas que abalaram a confiança da comunidade no estúdio responsável por um dos melhores jogos da história, The Witcher 3: Wild Hunt.
Se até mesmo jogos da Nintendo são adiados, não existe o menor problema em bater no peito e admitir que se precisa de mais tempo. É lógico que, nesse cenário, estamos falando de uma situação que precisa passar por acionistas, dirigentes e toda uma série de pessoas, antes de existir o tal anúncio. No entanto, esse tipo de situação só vai mudar se os próprios estúdios passarem a lidar com a situação de forma mais cadenciada, e dar tempo aos desenvolvedores trabalharem e conseguirem entregar a visão que planejaram para o projeto.
É lógico que, para a comunidade, isso é frustrante, mas entre jogar algo inacabado e esperar mais dois, três meses por um bom lançamento, eu espero com toda a calma do mundo, se isso eliminar a quantidade de problemas que esses jogos acabam tendo.
Com informações de: Insider Gaming, Jovem Nerd e IGN
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