Antes de existir God of War e Bayonetta, Devil May Cry construia a história
Devil May Cry é uma franquia que, apesar de ser extremamente popular e querida, devido à qualidade dos jogos, estilo de jogabilidade e também pelo carisma do protagonista Dante, poderia muito bem não ter existido.
Assim como DmC não poderia ter visto a luz do dia, uma série de outros jogos estariam no limbo até hoje. Antes de God of War, Bayonetta e Dante’s Inferno, existia um emo de cabelo branco balançando um espadão por aí.
Em comemoração aos 22 anos da primeira aventura de Dante, falaremos sobre a origem e como ele impactou o gênero hack’n slash.
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Resident Evil 4 featuring Dante from the Devil May Cry series
Como havia mencionado, a saga de Dante, na realidade, foi um acidente. Em 1999, Hideki Kamiya estava trabalhando em uma versão de Resident Evil 4, realizando um pedido do produtor Shinji Mikami. Na época, Kamiya e o roteirista principal da franquia da Capcom, Noboru Sugimura, surgiram com um conceito completamente diferente da história de Leon na Espanha.
O protagonista, Tony, seria um homem invencível, com habilidades e intelecto que seriam maiores do que um ser humano comum, cheio de poderes biotecnológicos. Kamiya achava que o personagem não parecia tão heroico e estiloso com a câmera clássica de Resident Evil, e optou por um sistema dinâmico.
A equipe passou 10 dias na Europa estudando o estilo de construção gótica para utilizar nas texturas do jogo. No entanto, Mikami surgiu para salvar o dia, ao comentar que tentar dar esse ar “descolado” para o projeto o colocaria completamente fora de sincronia com a franquia Resident Evil.
Mikami convenceu a equipe a criar um título completamente independente, e Hideki Kamiya resolveu reescrever a história, passando-se em um mundo cheio de demônios, baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Outra particularidade da personalidade de Dante, conforme Kamiya, é que ele seria um personagem que “o jogador gostaria de sair e beber com ele”. Devil May Cry foi desenvolvido pelo Team Little Devils, um grupo de funcionários do Capcom Production Studio 4.
Boa parte dos elementos da jogabilidade foram baseados em um bug encontrado em Onimusha: Warlords. Kamiya estava testando o jogo, e alguns inimigos poderiam ficar no ar caso os golpeasse repetidamente.
Juntando com o sistema de estilos e o carisma de Dante, um clássico instantâneo estava nas mãos da Capcom, que transformou aquele projeto desconexo de revolucionar Resident Evil em um dos maiores jogos da história.
Em um universo paralelo, Resident Evil 4 e Devil May Cry talvez não tivessem existido, e sim um jogo, que soa muito ruim, da franquia de horror da Capcom. Mais uma vez, precisamos ser gratos à visão de Shinji Mikami.
O impacto de Devil May Cry
Antes de falar sobre o real impacto do título, e como ele se tornou a pedra fundamental para jogos já citados lá no começo do texto, preciso falar da minha própria experiência com o título. Devo admitir que conheci a franquia através do terceiro jogo.
Fui alugar algo para jogar na locadora da esquina de casa, e tinha um amigo mais velho jogando Devil May Cry 3. Para o jovem Igor de 12 anos, aquele havia se tornado o game da vida dele. Um personagem estiloso, que parecia ter saído de um anime, com um espadão matando demônios? Aluguei a segunda cópia na mesma hora.
Passei o final de semana zerando DmC 3, entendendo quase nada da história, pelo pouco de inglês que falava, mas zerei. Passado o final de semana, voltando da escola, fui entregar o fatídico CD para o dono da locadora, e perguntei, como quem não queria nada: “Poxa, não tem os outros jogos? Esse aqui é o terceiro” foi aí que recebi a excelente notícia de que a locadora tinha os outros dois jogos.
Entrei em contato pela primeira vez com Devil May Cry de forma aleatória, bem próxima da forma como o jogo foi concebido, no completo acaso. Agora, falando do impacto no mundo dos games, DmC revolucionou o gênero de Hack’n Slash, inspirando a trilogia original de God of War.
Além da primeira aventura do Bom de Guerra, Bayonetta pode ser considerada a “irmã mais nova” de Dante, dirigido também por Hideki Kamiya, com estilos de combate bem similares. A franquia da bruxa inspirou outros títulos da PlatinumGames, montando a “árvore genealógica” do hack and slash.
Até hoje, é difícil de superar
A Ninja Theory bem que tentou rebootar a série, reescrevendo a história do primeiro Devil May Cry, mas não tem como. A personalidade, as piadas, o estilo, tudo o que faz da franquia ser o que ela é, está presente nos jogos principais.
Não que a versão da Ninja Theory seja ruim, mas é difícil de superar um clássico instantâneo, ou ao menos se equiparar a experiência entregue por Hideki Kamiya. Se foi a visão de Shinji Mikami jogar para escanteio o péssimo protótipo de Resident Evil 4, ou a genialidade de Kamiya na direção do jogo, não dá para saber a fórmula do sucesso.
Mas o que conseguimos cravar, com certeza, é que Devil May Cry é um dos jogos mais importantes dos anos 2000, e com certeza, da história. Seja pelo carisma de Dante, o combate frenético e desafiador, ou pela genialidade da equipe envolvida.
Com 22 anos, Devil May Cry continua como um dos bastiões dos jogos de ação modernos, e o principal percursor do hack’n slash contemporâneo. Nada mal para um título que surgiu por acaso.
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